UMA
CARTA DE TALWER MENDES DE CARVALHO
Noturno
de Oeiras e outras evocações e A Casa no Tempo projetaram-me aos
anos quarenta, na Teresina da época. O elenco de intelectuais citado
no discurso de posse na Academia Piauiense de Letras, a começar com
meus primos João Gabriel Baptista, casado com a também prima Maria
de Jesus de Carvalho, irmã de O. G. Rêgo de Carvalho (para nós da
família apenas Geraldo); Nerina Castelo Branco (esta com seus pais e
irmãos, Dr. Dídimo, d. Ester, Afrânio e Rubens), minha vizinha na
Rua Eliseu Martins; seu antecessor na Academia Hindemburgo Dobal
(muito ligado a O. G. Rêgo de Carvalho), todos pessoas a quem
recordo com profunda saudade. Ressalto que Rubens, irmão de Nerina,
tornou-se meu primo ao se casar com Dulcila, filha de tia Elizabeth,
irmã de minha mãe.
Não
poderia deixar de reconhecer, profundamente grato, o destaque que me
foi dado nos textos do livro, dos quais, seguramente, não sou
merecedor. Minhas eventuais incursões no mundo literário foram
provocadas pelo valor artístico das obras de outrem: Elmar Carvalho,
Ferrer Freitas e José Expedito Rêgo. Circunscrevi-me a trabalhos de
assessoria no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás e no Tribunal
Regional Eleitoral, aos desembargadores Gonçalo Teixeira e Silva,
amarantino radicado em Goiânia desde 1949, Marília Jungmann Santana
e Alan Sebastião de Sena Conceição, de abril de 1994 a janeiro de
2007. Foram trabalhos que, apesar de algum valor, são de pouca
importância. Não sou escritor nem aspiro a sê-lo.
Noturno
de Oeiras integra, com todas as honras, o patrimônio histórico e
cultural da cidade. E aqui, não há como esquecer, aparecem alguns
expoentes da produção intelectual da querida Vila do Mocha:
Possidônio Nunes de Queiroz, admirável autodidata; Gerson Campos,
inteligência brilhante, desaparecido precocemente; Dagoberto de
Carvalho Jr., especialista em Eça de Queiroz, incansável
pesquisador da história; e quem mais? Não teria condições de
enumerar todos. Acima de tudo, no entanto, paira o seu amor e
dedicação de filho de Campo Maior, sem discriminação, aos
acontecimentos e à constituição geográfica do Piauí.
Volto
a cumprimentá-lo e a lhe desejar prossiga em sua produção poética.
(*)
Não obstante tenha o notável jurista, signatário da missiva, dito
que suas "eventuais incursões no mundo literário foram
provocadas pelo valor artístico das obras de outrem” e de que não
é escritor e nem aspira a sê-lo, é fácil de se perceber, pela
clareza e elegância de sua escrita, pela sua correção gramatical,
pelo seu alto poder de síntese, que seria um escritor de mérito, e
sobretudo um mestre do estilo castiço (todavia despido de
desnecessários atavios e retorcidos torcicolos do rococó).
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