sábado, 22 de março de 2014

CONVERSANDO COM AS ROSAS


CONVERSANDO COM AS ROSAS

Anchieta Mendes

Creio haver aprendido a conversar com as minhas rosas,
Porque não é fácil saber o que elas dizem.
Converso com elas, todos os dias,
E pergunto: como vão vocês?
Tão belas, alegres, balançando ao vento,
Como se bailassem somente para mim?
Estão no canteiro próximo ao meu quarto
De onde sinto o perfume que elas me mandam,
Todas as noites, com fidelidade imensa.
Rosas vermelhas, brancas, róseas, matizadas,
Não sei quem é mais bonita e mais amiga.
Outras, tantas outras, também queridas,
Embelezam o canteiro suspenso, no portão,
E que ali estão como se fossem sentinelas
Da paz, do amor e da benquerença.
Lindas, banhadas de sol e ao vento solto,
À noite, distribuem perfumes aos que chegam
E as que caminham pela rua deserta.
X - x - X
Estou conversando com as minhas rosas,
E eu sei que elas me escutam e me entendem,
Porque depois de conversar com elas,
O silêncio que nos une e nos irmana,
Deixa-me perdido em doces pensamentos,
Faz-me sentir a mais sacrossanta paz,
Paz divinal que invade o meu coração e a minha alma.
X - x - X
Conversar com as rosas, será possível?
É possível, sim, quando se tem amor a elas,
Porquanto, ao levar-lhes o generoso adubo,
E a abençoada água que promove a vida,
Há uma permuta de amor e de ternura,
Uma misteriosa e agradável convivência,
E a natureza aí é tudo, é o próprio Deus,
Que fez as rosas para nos encantar.

NOTA - A Revista Veja, Edição 2364, de 12 de maço de 2014, publicou a seguinte noticia na página 8:

AS PLANTAS TAMBÉM PENSAM?

O naturalista britânico Charles Darwin foi o primeiro a afirmar , em 1880, que as extremidades das raízes vegetais “ agem como o cérebro de animais inferiores” . O autor de “A origem das Espécies” estava certo. Acumulam-se pesquisas recentes indicando que as plantas têm inteligência – definida como a capacidade de solucionar problemas – e ainda formas próprias de linguagem e memória. Em entrevista a VEJA.COM, o biólogo eslovaco Frantisek Baluska diz que, a despeito das evidências, há resistência às descobertas: “ Parte da Comunidade científica não aceita que as plantas possam ser descritas como dotadas de inteligência. Temos um bloqueio psicológico em reconhecer a existência de seres tão ou mais espertos do que nós”
O meu poema acima, intitulado “Conversando com as Rosas”, escrito há mais de dez anos, reflete a minha intuição, a minha dedicação às rosas, às plantas de modo geral. Será mesmo que converso com elas? (O Poema está na página 45 do meu livro CIPOAL, editado em 2005.)

Teresina, 10 de Março de 2014


Anchieta Mendes

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