CONVERSANDO
COM AS ROSAS
Anchieta
Mendes
Creio
haver aprendido a conversar com as minhas rosas,
Porque
não é fácil saber o que elas dizem.
Converso
com elas, todos os dias,
E
pergunto: como vão vocês?
Tão
belas, alegres, balançando ao vento,
Como se
bailassem somente para mim?
Estão
no canteiro próximo ao meu quarto
De onde
sinto o perfume que elas me mandam,
Todas as
noites, com fidelidade imensa.
Rosas
vermelhas, brancas, róseas, matizadas,
Não sei
quem é mais bonita e mais amiga.
Outras,
tantas outras, também queridas,
Embelezam
o canteiro suspenso, no portão,
E que
ali estão como se fossem sentinelas
Da paz,
do amor e da benquerença.
Lindas,
banhadas de sol e ao vento solto,
À
noite, distribuem perfumes aos que chegam
E as que
caminham pela rua deserta.
X - x
- X
Estou
conversando com as minhas rosas,
E eu sei
que elas me escutam e me entendem,
Porque
depois de conversar com elas,
O
silêncio que nos une e nos irmana,
Deixa-me
perdido em doces pensamentos,
Faz-me
sentir a mais sacrossanta paz,
Paz
divinal que invade o meu coração e a minha alma.
X -
x - X
Conversar
com as rosas, será possível?
É
possível, sim, quando se tem amor a elas,
Porquanto,
ao levar-lhes o generoso adubo,
E a
abençoada água que promove a vida,
Há uma
permuta de amor e de ternura,
Uma
misteriosa e agradável convivência,
E a
natureza aí é tudo, é o próprio Deus,
Que fez
as rosas para nos encantar.
NOTA -
A Revista Veja, Edição 2364, de 12 de maço de 2014, publicou a
seguinte noticia na página 8:
AS PLANTAS TAMBÉM PENSAM?
O naturalista britânico Charles Darwin foi o primeiro
a afirmar , em 1880, que as extremidades das raízes vegetais “
agem como o cérebro de animais inferiores” . O autor de “A
origem das Espécies” estava certo.
Acumulam-se pesquisas recentes indicando que as plantas têm
inteligência – definida como a capacidade de solucionar problemas
– e ainda formas próprias de linguagem e memória. Em entrevista
a VEJA.COM, o biólogo eslovaco Frantisek Baluska diz que, a
despeito das evidências, há resistência às descobertas: “ Parte
da Comunidade científica não aceita que as plantas possam ser
descritas como dotadas de inteligência. Temos um bloqueio
psicológico em reconhecer a existência de seres tão ou mais
espertos do que nós”
O meu poema acima, intitulado “Conversando com as
Rosas”, escrito há mais de dez anos, reflete a minha intuição, a
minha dedicação às rosas, às plantas de modo geral. Será mesmo
que converso com elas? (O Poema está na página 45 do meu livro
CIPOAL, editado em 2005.)
Teresina, 10 de Março de 2014
Anchieta Mendes
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