quinta-feira, 19 de junho de 2014

TEMPOS RIBEIRENSES

Benedito Guimarães, Miguel Carvalho, Elson Antunes, Elmar Carvalho, Barbosa e Aníbal Carvalho, na solenidade de instalação da Fundação Leôncio Medeiros


TEMPOS RIBEIRENSES (*)

Elmar Carvalho

No último dia de fevereiro de 2000, tomei posse como titular da Comarca de Ribeiro Gonçalves, e no mesmo dia retornei a Teresina, em virtude de minhas férias que teriam início em março.

Já nessa primeira viagem, da tela panorâmica da janela de um velho ônibus empoeirado, comecei a observar com muita atenção a paisagem das plagas ribeirenses, tão diferentes dos tabuleiros e descampados, ornados da graciosidade dos talhes esbeltos das dançantes carnaubeiras de minha Campo Maior, dos vastos campos maiores. Via os pequizeiros e os característicos “folhas largas”, de escura e grossa casca rugosa. Contemplava o azul distante das serras a contrastarem com o azul do céu e com o verde do cerrado.



Ao assumir os serviços de minha judicatura, procurei cumprir com zelo, esforço e dedicação as minhas funções, e, sobretudo, com imparcialidade. Os que conheceram o meu trabalho reconhecem esse meu esforço. Sempre busquei ser o melhor juiz que a minha capacidade de trabalho, discernimento, inteligência e limitações pudessem alcançar. Fiz o que, nas circunstâncias e condições oferecidas, me foi possível fazer.

Vários textos de minha autoria, tanto em verso como em prosa, foram concebidos nas viagens entre esta cidade e Teresina, pois enquanto contemplava a paisagem, os bandos de periquitos, a corrida das emas e seriemas e eventualmente outros animais, alados ou não, a minha imaginação muitas vezes entrava em ebulição, em que esses textos, prosaicos ou poéticos, foram gerados.

Observando a paisagem e os animais, bem como as estrelas e as nebulosas, quando a noite aniquilava tudo o mais, foi cometido o meu poema Viagem, que também nasceu nas vezes em que eu ficava na praça principal de Uruçuí, sozinho em um banco, a contemplar o lusco-fusco e o surgimento tímido das estrelas. Esse poema é na verdade uma oração ao Supremo Arquiteto do Universo. O meu poema Canção pastoril de um urbanoide decaído começou mesmo a ser elaborado nessa última cidade, utilizando-me de um lenço de papel oferecido por uma lanchonete da rodoviária.



Por longos anos almejei escrever um poema sobre a chuva, com suas enxurradas e trovões. Esse poema explodiu em meu cérebro num dia chuvoso em que cheguei à agência do Sr. Aarão, em Ribeiro Gonçalves. Como eu desconfiasse de que o aguaceiro não pararia tão cedo, fui a pé, debaixo de chuva, encharcado nos ossos e na alma, dessa parada até o fórum, afagado e quase afogado pelos pingos tão frios. Choveu durante toda a semana, de modo que o meu poema Chuva foi feito, literalmente, debaixo de chuva.

O meu texto A ilha do sonho e do encanto, misto de crônica e conto, nasceu de um sonho que tive dentro do ônibus, quando seguia para minha Comarca, e que terminou abruptamente, no momento em que acordei sobressaltado com um forte solavanco provocado por uma cratera da estrada. É um tanto surreal, mas a realidade, às vezes, é mais surpreendente e onírica do que o próprio surrealismo.

No meu período ribeirense, observando a grande quantidade de carroças existentes em Uruçuí, tracionadas por jumento ou burro, resolvi escrever uma crônica sobre jumento, como era um antigo desejo meu. Fui coadjuvado pelo irmão Elson, que me narrou a história pitoresca e engraçada do fabuloso jegue Pimenta, que, pelo visto, era uma legítima pimenta malagueta e jamais de cheiro.



Nesses tempos ribeirenses, gostava de acompanhar, nas horas de folga, da porta do fórum ou do seu pátio, o voo majestoso e aristocrático dos urubus, suas evoluções graciosas de perfeitos dançarinos aéreos, seu balé irretocável, tendo como teatro a amplidão dos ares e como cenário o azul do céu e o branco das nuvens, e gostava de vê-los pousados em um frondoso e colossal angico branco, que ficava um pouco à esquerda do meu campo de visão, fincado na encosta do morro em frente, em que as casas se dependuravam em hábil e elegante malabarismo. Por isso, quando mataram, de forma estúpida e cruel, uma grande quantidade dessas aves, em Teresina, elaborei, entre aquela cidade e Ribeiro Gonçalves, uma crônica em que vergastei essa chacina monstruosa.

Durante meus quatro anos de Ribeiro Gonçalves, frequentei, com relativa assiduidade, a Loja Maçônica Celso Antunes. Dessa loja maçônica são assíduos frequentadores os poderosos irmãos Elson Antunes, seu atual venerável, irmão de coração de ouro de muitos quilates; Aníbal Carvalho, árvore frondosa, de densa sombra e suculentos e doces frutos, erudito e tribuno inspirado e admirável; Francisco Modesto Barbosa, modesto apenas no nome, mas um gigante na capacidade de trabalho; Joel, pedreiro também na vida profana, a desbastar a pedra bruta que todos nós carregamos; Tenente Wilson, inteligente e espirituoso, a forjar piadas no “repente” do improviso; José Pinto, cordato, entretanto um verdadeiro carcará da maçonaria, a defendê-la com denodo e garra, mas sempre com elevação; Hugo Torres, advogado acirrado e inteligente, empresário, ex-venerável, em cuja gestão foi iniciada a construção do templo físico da maçonaria, posto que o espiritual já existe e é admirável; Ubiratan Ribeiro, que vem se revelando como um maçom dedicado e zeloso, assim como seu filho, Marcos; Joveraldo, sempre preocupado com o seu aperfeiçoamento maçônico, na busca incessante do polimento da pedra, e também com o crescimento da loja, cioso de seus deveres na vida profana. Completando a constelação de maçons vontadosos e dignos, cito ainda Otoni, Gilmar, José Ricardo, Arenaldo, Tomaz, Arimatéia e Cícero. De já peço desculpas por alguma involuntária omissão. Além de mim, maçom que precisa e muito desbastar a pedra bruta, eram maçons visitantes os estudiosos, assíduos e de amplos conhecimentos iniciáticos, verdadeiros mestres e paradigmas de todos nós, os irmãos Antônio Carlos e Ulisses, que exerceram sucessivamente a gerência do Banco do Brasil, dinamizando-a e expandindo-a.

O tenente Wilson sempre era o mocinho, nos episódios anedóticos de que era o protagonista e herói vitorioso. Somente num caso que me contaram, pelo menos na versão contada, o tenente levou a pior. Estava ele muito preocupado sobre se ia chover, como todo nordestino que se preza, quando apareceu uma pessoa vinda de uma localidade rural. Imediatamente o tenente perguntou-lhe se choveria, ao que essa pessoa respondeu, sem titubear: “Ô, Wilson, eu venho é da Bacaba, não é do céu, não!” O tenente ficou perplexo, boquiaberto, sem uma resposta pronta, como era de seu estilo bem humorado.

Tive a subida honra de ter o meu poema Mística transcrito em uma bela placa, que será afixada no templo maçônico, em fase terminal de construção, por iniciativa do então venerável Hugo Torres, e que teve o respaldo posterior do atual venerável Elson e dos demais irmãos.


Antiga sede em casa alugada. Hoje a Loja tem prédio próprio

Nesses tempos ribeirenses, participei de alguns eventos culturais, literários, maçônicos e cívicos, tendo tido a oportunidade de lançar livro de minha autoria, bem como participar do lançamento de outros livros, no caso do escritor e historiador Adrião Neto, cujo evento articulei, com o apoio da maçonaria e da prefeitura. Nesses eventos discursei e entoei versos de minha autoria. Pude pregar o bem, o bom e o belo, que devem ser o desiderato de nossa vida.

Durante minha serventia, a quantidade de processos aumentou muito, com o crescimento dos projetos agrícolas, com a valorização da terra, com as relações comerciais motivadas pela crescente produção de soja. Na verdade, foi uma conseqüência natural do progresso e do desenvolvimento econômico da região.




Para mim foi uma honra servir nesta Comarca onde serviram o grande escritor, ficcionista, folclorista e paremiologista Fontes Ibiapina, juiz digno, honesto, honrado e humilde no trato pessoal, também professor competente, que tive o gáudio de conhecer em Parnaíba, onde exerceu a judicatura literária no jornal Folha do Litoral, e o excelso poeta Júlio Antônio Martins Vieira, célebre e celebrado autor do épico Canto da Terra Mártire, que foi por largos anos emérito professor. Não podendo sugerir o nome de Fontes Ibiapina, que já era patrono do fórum de Cocal, sugeri o nome do poeta, professor e magistrado Júlio Antônio Martins Vieira, através da douta corregedoria de Justiça, na gestão do Des. Osíris Neves de Melo Filho, para que fosse dado ao fórum de Ribeiro Gonçalves o seu nome honrado, cujo nome fora aprovado, por unanimidade, em reunião que convoquei, com a presença do prefeito João Antunes, de representantes da Câmara Municipal e da maçonaria, e de outros segmentos da sociedade. A sugestão foi acolhida, também a unanimidade, pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí.




Eram advogados residentes na Comarca os ilustres doutores Hugo Torres e Benedito Martins Guimarães. Com o primeiro, fiz um passeio na lancha “voadora” do Carlão (Carlos Alberto), venerável da loja maçônica e gerente do Banco do Brasil, que, logo que cheguei para assumir meu cargo, fora promovido para a agência de Picos. Nesse passeio pude ver toda a beleza das margens preservadas do Parnaíba, o imortal “velho monge” do poeta Da Costa e Silva, refertas de verdejantes árvores que se debruçavam sobre o leito do rio, nas quais saltitavam inquietos e simpáticos macacos e as graciosas aves dos cerrados, com seus cantos maviosos. Paramos no remanso de uma pequena ilha paradisíaca, de areias brancas, macias, quase flocos de diáfanas nuvens. Pescamos, digo, o doutor Hugo pescou à sombra de imponente e copada mangueira. Pescou alguns peixes, pequenos é verdade, mas pescou. Não é estória de pescador, não: meninos, eu vi – como asseveraria o poeta Gonçalves Dias. Comemos numa casa de um ribeirinho, num recinto de chão batido, que era também uma rústica sala de aula, cuja professora era a dona da casa. Ali havia um menino, de seus oito anos, que me olhava de vez em quando, com curiosidade, talvez com o imaginário aguçado por estar vendo um juiz em carne e osso, no mister prosaico de comer uma frugal, mas saborosa refeição. Depois, eu soube que o menino comentou, quando o prefeito João Antunes esteve nessa casa, que eu não era como um certo morador da redondeza, que comia uma verdadeira montanha de carne, feijão e arroz, com rápida e admirável voracidade; que eu fazia um prato pequeno, comia devagar e mastigava bem o alimento. Apenas, teve a franqueza infantil de acrescentar que eu deglutira quatro pratos! De qualquer sorte, me elogiou, ao dizer que desejava proceder como eu fizera...



Na minha judicatura nesta circunscrição judicial, fui ajudado, com muita dedicação e boa-vontade, por todos os servidores, que se excederam em esforço e zelo, entre os quais recordo os nomes de dona Conceição, Nilza, Barbosa, Márcia e Toinha, além de dona Marilene, uma espécie de assessora para assuntos aleatórios.

Casa em que se hospedava o saudoso Dr. Benedito Guimarães

Como já falei, o Dr. Benedito Martins Guimarães, ótima e agradável pessoa, com sua cabeleira muito branca, aparentando macios flocos de algodão, era um advogado residente na Comarca. Digo residente na Comarca porque ele se hospedava com o seu sogro, logo no outro lado do rio Parnaíba, numa casa antiga, em cuja frente se erguia uma majestosa árvore, parece-me que amazônica, senão na origem pelo menos no tamanho gigantesco, ao lado de um morro, em cujo cimo se enxergava um abrigo para os bodes. Conversávamos muito, algumas vezes, quando o Dr. Benedito desfiava os seus “causos” pitorescos e engraçados, ou quando debulhava o rosário de suas lembranças, algumas remontando a sua infância. Numa de suas peraltices, foi, literalmente, capar um felino, com uma linha, mas terminou estripando-o, quando suas vísceras foram se desenrolando como um novelo de meada. Uma vez, por um ato falho, chamei o Dr. Benedito de Expedito. Ele me corrigiu, em sua maneira lhana. Respondi-lhe que ele era esperto e ligeiro, e que, por conseguinte, era também Expedito, já que o santo desse nome era exatamente o defensor das causas urgentes. Certa feita, eu e o Dr. Afonso Aroldo fomos convidados por ele para um passeio em sua chalana, pelas barbas aquosas do “velho monge”, com destino a uma de suas propriedades, onde iríamos degustar um bode. Quando chegamos ao ponto de embarque o Dr. Benedito já nos esperava, em companhia do piloto e do “berrante” que iríamos almoçar. Esse caprino desmoralizou o ditado que afirma bode embarcado berrar muito. O bode comportou-se como um lorde. Não esperneou, não berrou e morreu contrito e silencioso como um mártir. Nunca vi caprino mais educado e estoico.



Sem dúvida, atuei, em Ribeiro Gonçalves, em muitas causas importantes e de alta complexidade, como provam várias de minhas sentenças. Entretanto, gostaria de comentar três casos humildes e simples, mas pitorescos e quase anedóticos, revestidos de uma certa dose de humor. Num deles, uma família questionava uma casa. A mãe e as filhas contra o pai. Como ambas as partes fossem paupérrimas e nada mais possuíssem, decidi-me por fazer uma justiça um tanto salomônica, e determinei que o oficial de justiça Barbosa, que na verdade era um “faz-tudo”, inclusive sendo uma espécie de arquiteto prático, promovesse a divisão da casa, da maneira mais funcional e menos danosa, traçando a linha divisória, em que uma das partes ocuparia um lado e a outra parte ficasse, obviamente, do outro lado. A decisão deu certo, pois nunca mais fui procurado por nenhuma pessoa dessa família. Em outra causa, foram discutidas umas bananas. Ora, banana sempre foi tida e havida como algo sem valor, tanto que se fala pejorativamente em preço de banana, em república de banana, em sujeito banana. Nesse episódio, uma mulher destruiu uma pequena plantação de bananeiras, na margem de um rio, alegando ali ser o porto de sua canoa. A vítima ingressou com uma ação indenizatória. Em minha decisão mandei que o serventuário, com a ajuda de um técnico agrícola, fizesse o cálculo de quantas bananas a plantação produziria, e o preço, pelo valor corrente no mercado, total dessas frutas, cuja importância seria acrescida de 20%, a título de multa “pedagógica”.

O advogado do requerente ingressou com embargos declaratórios, alegando que eu omitira vários serviços e despesas feitas pelo seu constituinte. Respondi – declarando a sentença – que se o objetivo do requerente era a produção das bananas e se mediante cálculo eu mandei que estas fossem indenizadas, ainda com o acréscimo da multa, não necessitaria falar em despesas, já que a finalidade dessas era a referida produção. O decisum alcançou o seu desiderato, vez que não houve recurso. O último caso curioso que desejo mostrar é o seguinte: um rapaz fez sua casa perto da residência de uma sua parenta, em terreno desta, sem cerca divisória. Depois de algum tempo, a parenta se agastou com a vizinhança, já não me recordo por qual motivo. Essa senhora se mostrava irredutível e intransigente no desejo de afastar o parente. Apareceu-me o Pedro Trolete, me afirmando que já contribuíra para evitar pendengas judiciais, apaziguando os desafetos, e que se comparecesse à audiência de conciliação resolveria o problema, com uma proposta que faria, apesar de não ser parte. Não obstante a oposição ministerial, permiti sua participação, pois o que me interessava era a solução do conflito, e não o apego a um formalismo a meu ver desnecessário naquele caso e circunstância. O Pedro propôs ajudar o rapaz a construir outra casa, em um mês, em terreno seu. Essa proposta foi aceita pelas partes. Pedro, que não era pedra, mas diamante sem jaça, cumpriu a promessa e o conflito foi solucionado, que é o que interessa à Justiça.

Durante minha estada nesta Comarca, foram representantes do Ministério Público os doutores: Maciel, conhecido como o promotor cantor, pois além de cantor é ainda hábil compositor, já tendo lançado mais de um cd com as suas belas melodias; muito preocupado com questão de saúde, tendo muita cautela com alimento e mudança de temperatura, principalmente por força de ar condicionado, dele dizia, brincando, o doutor Almir, meu antecessor, que ele deveria viver numa “bolha”; sei que vivia no mundo da realidade dos autos e no mundo encantado da música. Afonso Aroldo, um tanto tímido, de natureza humilde, mas um gigante para o trabalho, pois, acumulando mais de uma comarca, muitas vezes o vi varar as madrugadas, debruçado sobre os autos e a digitar os teclados do computador, quase se extenuando no cumprimento do dever. Araína Cesárea, muito preparada, inteligente e de largo conhecimento teórico, igualmente ciosa de seus deveres e prerrogativas funcionais. Com todos eles tive saudável convivência, sem nenhum tipo de animosidade ou exacerbamento de ego ou vaidade, que pudesse prejudicar a harmonia e interdependência que deve haver entre a magistratura e as atribuições ministeriais.

Tive, recentemente, a elevada honra de haver sido comunicado oficialmente, pelo ilustre amigo Adovaldo Medeiros, de ter sido eleito, por unanimidade, para membro honorário da Fundação Leôncio Medeiros, cujas finalidades são educativas, culturais e de promoção social. Essa honraria não alimentará a minha vaidade, mas será um forte estímulo para que eu procure fazer mais e melhor nas minhas áreas de atuação, sobretudo a literária, a que venho me dedicando por quase toda a minha vida, porquanto ela desabrochou em mim quando eu tinha dez anos de idade e até hoje me acompanha de forma incontrastável e determinada.



Pretendia somente deixar Ribeiro Gonçalves por motivo de promoção para uma outra entrância. Acometido de um CA, tive que fazer uma cirurgia (colectomia parcial) e tratamento de quimioterapia; por esse motivo, pleiteei uma remoção por merecimento para uma cidade mais próxima de Teresina, e a consegui, por unanimidade. As ciladas da vida e os desígnios de Deus são inelutáveis, e a eles nos devemos submeter sem relutância, aperfeiçoando nosso espírito com a resignação nobre, diferente do conformismo mesquinho dos que não sabem ou não querem lutar.

Carlos Drummond de Andrade disse que a sua Itabira era apenas uma fotografia pregada na parede, mas como doía. Manuel Bandeira afirmou que iam derrubar sua casa, mas que seu quarto ia ficar de pé, suspenso no ar. Alguém, de forma igualmente feliz, disse que trazia seu torrão natal tatuado na alma. O escritor piauiense Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves, naturalmente da mesma família do epônimo desta cidade, dizia que, não podendo permanecer na sua Amarante, a trazia numa fotografia fixada na sala de sua casa.

Inspirando-me em todos eles, direi que trago a aprazível e bucólica Ribeiro Gonçalves no escrínio de minha memória, nos escaninhos das circunvoluções de meu cérebro, no relicário de minha alma e nas gavetas ventriculares de meu saudoso coração.

Miguel Carvalho e Elmar, na travessia de pontão entre Uruçuí e Benedito Leite

(*) Palestra proferida no dia 14.11.04, em Ribeiro Gonçalves, por ocasião da solenidade de instalação da Fundação Leôncio Medeiros, oportunidade em que tomei posse do cargo de membro honorário dessa entidade educativa, cultural e de promoção social.

2 comentários:

  1. Joserita de Melo Carvalho27 de junho de 2014 às 18:37

    Tempos Ribeirenses...Padrinho Elmar já li esta crônica no livro e ainda o tenho. Agora lendo aqui novamente vou viajando nas tuas palavras.Tu escreve tão bem que a gente lendo consegue imaginar direitinho o que tu escreve!!!

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  2. Você é suspeita; afinal, é minha irmã e afilhada.
    De qualquer modo, obrigado por suas boas palavras.

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