segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Bairro Cristo Rei guarda valioso tesouro


Bairro Cristo Rei guarda valioso tesouro

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

         1964, densa floresta estendia-se por todo o vale do Rio Poti da velha Catarina. Macacos e animais e aves silvestres abundavam na região, rica de babaçus, pequis, jatobás e guabirabas, deleites da garotada e caçadores, ainda sem leis ambientais. Alguns sítios e belas varandas de ricos contrastavam com a miserável vida dos camponeses morando em taperas. Barões barravam projetos da Prefeitura de rasgar suas propriedades para implantar avenida. “Se entrar aqui, meto bala!” – desafiava arrogante desembargador. Prefeito biônico da ditadura militar, coronel Joel Ribeiro enfrentou os bastiões e construiu a Avenida Marechal Castelo Branco. Antes, porém, chegara à Catarina o jovem jesuíta Padre Pedro Biodan Maione, que revolucionaria a pacata região meio rural, em centro de cultura, religiosidade e desenvolvimento.

         Padre Pedro, italiano, família rica, experiência pastoral no Japão, modesta residência, identificava-se com a simplicidade e comida frugal da recém-criada paróquia do Cristo Rei: “Nunca tinha visto tanta pobreza e falta de atividade cultural”.

         A congregação jesuíta caracteriza-se pelo princípio de erguer escolas antes de construir templos. No Brasil, a missão começou com Padre José de Anchieta, fundador da cidade de São Paulo, além de Padre Manuel da Nóbrega em missões.

         Hoje, Padre Pedro Maione e sua companheira de pastoral, Lígia de Sousa Martins, ambos 88 anos, saudáveis e ativos, recordam tempos difíceis do início da atividade pastoral no Cristo Rei: “Nosso empenho não era servir apenas liturgia ao rebanho, mas cultura e educação profissional.” A Lígia deve-se a ideia do nome Cristo Rei à Fundação que iria sustentar as obras sociais da paróquia. O Centro Social D. Avelar servia de local para celebrações litúrgicas e tarefas culturais. “Dom Avelar Brandão Vilela, pastor de transformações sociais, ofereceu-nos todo apoio nas atividades do Centro Social.” Anos depois, construiu-se o belo templo, ali próximo .

         Padre Pedro estimulava os jovens a cursos de música instrumental. O paroquiano Vieira Touranga, vereador, homem público, despojado e sério, apoiava as atividades sociais.

         “Nossa gente simples não perde para nenhum povo de primeiro mundo. O que lhe falta é educação. Maestro Aurélio Melo, da Orquestra Sinfônica de Teresina, estudou música em nosso Centro Social” – orgulha-se o jesuíta.

         Com ajuda financeira e técnica do irmão e engenheiro, Padre Pedro construiu prédio do museu de dois pavimentos, moderno e bonito. Encantei-me com preciosidades do império romano... Bem, não revelo o que mais vi, a pedido do sacerdote, “questão de segurança, que falta o prefeito Firmino me garantir.”

         Padre Pedro Maione, rocha de fé como cálculos vulcânicos conservados no museu: “Para que visitar a terra de Jesus, se eu O encontro na eucaristia? Lamento sacerdotes com falta de entusiasmo pela missão que lhes foi confiada pelo Senhor. É falta de fé.” Explica-se honrosa homenagem a Cristo Rei ao bairro que, nestes dias, dedica-lhe festivo novenário.            

Nenhum comentário:

Postar um comentário