Elmar, antevisto por Gervásio Castro, a caminho da aposentadoria |
27 de novembro Diário Incontínuo
UMA BELA
HOMENAGEM LITERÁRIA
Elmar Carvalho
No dia 27 de outubro
recebi o seguinte e-mail: “CARO POETA: Perdoe se somente agora o descubro
grande Poeta, apesar de tantos livros e prêmios. Copiei seu poema NOTURNO DE
OEIRAS e o imprimi (“no capricho”), edição de um só exemplar, que desejo lhe
enviar pelo Correio. Por favor, mande-me seu endereço.” Fora enviado por Edson
Guedes de Morais.
Fiquei lisonjeado e ao
mesmo tempo curioso sobre o remetente e sobre o que me seria enviado. Fiz
rápida pesquisa na internet, e logo descobri que Edson Morais é um grande
poeta, nascido em Campina Grande (PB), de longa trajetória e que participou de
vários projetos e movimentos literários. Respeitado pela crítica e por seus
pares. Por pura generosidade, tem divulgado vários poetas. Respondi seu e-mail,
agradecendo sua amável iniciativa, e em seguida viajei a Parnaíba, onde passei
alguns dias.
Ao retornar,
imediatamente enxerguei, em cima da mesa da sala, um pacote, que imaginei
tratar-se do anunciado mimo do poeta. De fato era. Mas era mais. Além da bela
edição, de exemplar único, de Noturno de Oeiras, ainda recebi seis exemplares
de uma antologia de poemas de minha autoria, sendo que esta última também
continha a crônica “Enfim, a aposentadoria”, publicada na internet, com que me despedi
da magistratura e de minha vida de servidor público.
A edição, de fato “no
capricho”, artesanal, legítima obra de arte do serviço gráfico, de meu Noturno
de Oeiras era feita com a utilização de uma espécie de papel couché grosso,
brilhoso, com ilustrações condizentes com o texto. Trazia ainda, no final, uma
síntese biográfica do autor.
A seleta de meus
poemas, feita com esmero, quase diria com amor, continha os poemas da
preferência de meus (poucos) críticos e leitores, e de minha própria predileção.
Eu mesmo não teria feito melhor escolha. No final trazia alguns textos de
crítica literária sobre a minha poesia, da autoria de M. Paulo Nunes, Hardi
Filho, Assis Brasil e João Evangelista Mendes da Rocha, general do Exército
Brasileiro e herói da guerra contra o nazifascismo, já falecido, de quem tive a
honra de ser amigo.
Atualizada, trazia a
crônica “Enfim, a aposentadoria”, como já disse, além de uma pertinente charge
de Gervásio Castro, em que apareço envergando uma camisa do glorioso Flamengo,
por debaixo da toga de juiz, entreaberta, a puxar um carro contendo livros, uma
pena e um computador, certamente representando minhas atividades de poeta,
blogueiro e julgador. É, também, um excelente trabalho de arte gráfica, com
linda programação visual, concebido em ótimo papel, e ricamente ilustrado.
O exemplar único de
Noturno de Oeiras será guardado por mim, durante alguns anos. Depois, o
entregarei, como preciosa relíquia, à Biblioteca Pública de Oeiras, onde poderá
ser visto e manuseado pelos meus “conterrâneos” oeirenses. Dos seis exemplares
da antologia a que me referi, um ficará eternamente em minha biblioteca; os
outros cinco serão doados ao Arquivo Público do Piauí, à biblioteca da Academia
Piauiense de Letras, à Biblioteca Municipal Abdias Neves, à Biblioteca Carlos
Castelo Branco (UFPI) e à Biblioteca Estadual Des. Cromwell Carvalho.
Sabedor de que o poeta
Francisco Miguel de Moura conhece pessoalmente Edson Morais, telefonei-lhe
hoje, e lhe narrei, em síntese, os fatos acima expostos. Ele não regateou
elogios ao nosso mecenas. Disse tratar-se de um grande poeta e de um notável
contista, que, aliás, classificou como extraordinário. E, tão importante quanto
isso, disse tratar-se de um ótimo ser humano, um bom amigo, que muito tem feito
para divulgar os poetas que ele realmente aprecia. De tudo o que conversamos
tirei a conclusão de que Edson Morais é um homem desfalcado da inveja, e que
sabe reconhecer e proclamar os méritos dos outros.
Chico Miguel pediu-me
que lhe levasse, no sábado, um exemplar do Noturno de Oeiras e da antologia,
certamente para afagar e contemplar esses dois excelentes presentes que recebi
de um mago poeta, como uma espécie de antecipação do Natal. Acrescentou que em
sua fala, na solenidade da APL, fará referência às dádivas e ao vate e contista
Edson Guedes de Morais.
Para mim elas têm mais
valor que certos diplomas e medalhas, algumas vezes distribuídos ao sabor de
circunstâncias pessoais ou de interesses da política menor. Os dois belos
fólios ornarão a minha biblioteca, como obras do artesanato gráfico, e serão
postos em lugar de destaque, mas de fácil acesso aos olhos e às mãos.
Elmar Carvalho:
ResponderExcluirNesta crônica podemos aquilatar um fato: o quanto, geralmente, ninguém é profeta em sua terra.
O poeta paraibano, Edson Guedes de Morais, que não conhecia de nome - são muitos os bons e grandes poetas brasileiros espalhados por esse Brasil afora - o elogiou merecidamente.V. já me tinha dito que ele consta de uma antologia de Manuel Bandeira em colaboração com o poeta Walmir Ayala.
Ora, basta saber dos nomes dos organizadores da referida antologia para se ter uma ideia do valor
que o poeta paraibano tem méritos. Uma antologia pressupõe um critério de seleção entre bons e melhores, ainda que possa aí entrar dado subjetivista do organizador.
Sem nenhuma dúvida, o gesto de admiração e de de gentileza para com V vale como um elogio sincero e enfático à sua obra, em especial ao "Noturnos de Oeiras."
Que melhor presente e homenagem V. poderia receber das mãos de um outro poeta, agora que se aproximam as festas do Natal?
Ninguém há de negar que, em geral, os verdeiros artistas em muitas coisas se parecem. Se diferentes são nos temas e na dicção poética, nas formas de expressão e técnicas de poetar, são, contudo, semelhantes na vocação inelutável de ser cultores das Musas, de amarem o trabalho requintado com as imagens, símbolos, metáforas, musicalidade, métric, rima, ritmos, gosto do jogo encantatório de trabalhar o pensamento, as ideias através do que já se disse ser a mais pura das artes, ou seja, a linguagem elevando a palavra, o signo poético, à sua expressão mais plena da beleza e da elaboração em poemas.
Caro Cunha,
ResponderExcluirInicialmente obrigado por suas palavras e pelo seu comentário, que valoriza nosso blog.
Ainda hoje, pela manhã, começando a cumprir o que prometi em minha crônica, entreguei um dos seis exemplares da bela e artesanal antologia ao Arquivo Público do Piauí e à Biblioteca Pública Municipal Abdias Neves. Tive oportunidade de explicar à diretora do Arquivo, Sra. Socorro Miúra, as circunstâncias em que recebi a antologia, bem como também à funcionária da Biblioteca Municipal; ambas me afirmaram que iriam ler o belo fólio da artesania gráfica.
Abraço,
Elmar Carvalho
"CAMPO MAIOR, A NOITE E EU"
ResponderExcluirDemerval Lobão
Avenida longa e silenciosa
Adormece num manso silêncio.
Solidão humana
Sigo em frente
Nostalgia
Nenhum vago indício de vida
Na praça do Rosário
Praça Bona Primo
Praça Rui Barbosa.
Cidade da minha juventude
Sou o mesmo que aqui vivi
E aqui tornei a voltar.
Vejo um pouco de mim
Um bocado de ti.
Eu e a noite
A noite é uma criança
E os anjos já se recolheram
E dormem com Deus
Na catedral de Santo Antonio.
Ando sozinho
A noite escura e mais eu
Ela não sabe o meu rumo
Mas a estrela é minha!
hl/sp
Caro Elmar, mais uma vez abusei da minha liberdade e transcrevo um poema meu no seu blog. Tenho um caso de amor por C.Maior, amor daqueles verdadeiros, essa terra me proporcionou momentos e histórias inesquecíveis.
ResponderExcluirsp
Caro Horácio,
ResponderExcluirvocê fez um belo poema telúrico, e um belo poema é sempre bem-vindo.
Abraço,
Elmar