XCII – TIMONHA –
O RIO, O ESTALEIRO e O PORTO
Prefeito Parnaíba – 1963/1966
Engenheiro Industrial – UFMG
Presidente FIEPI – 1974/1982
Transcrevo
na íntegra o teor de email, recebido dia 26 novembro, versando sobre
implantação de Estaleiro na bacia do Rio Timonha.
<< Estaleiro: O Governador em exercício
do Estado do Ceará se reuniu com empresários da Nordic Yards para implantação
de estaleiro na bacia do Timonha, na divisa do Piauí com o Ceará.>>
<< Os
soviéticos queriam vir para o Piauí, mas por falta de agenciadores e
representantes do Governo do Piauí para esse tipo de negociação, o Ceará como
sempre, partiu na frente e poderá trazer uma séria surpresa para a economia do
Piauí. >>
<< O
Governador em exercício José Albuquerque se reuniu na última terça-feira (25),
no Palácio da Abolição, com representantes da empresa alemã Nordic Yards. Na
pauta do encontro estava a implantação do estaleiro no município de Camocim, no
litoral oeste do Ceará. A escolha de
Camocim para receber o estaleiro deveu-se à sua localização, que está mais
próxima do Canal do Panamá que os atuais portos brasileiros. Isso representa
economia de dinheiro e de tempo para embarcações e para o comércio marítimo
internacional. >>
<< O
empreendimento receberá investimento de R$ 1,2 bilhão e serão gerados 2,5 mil
empregos diretos e cerca de 10 mil indiretos. O estaleiro terá quatro fases de
implantação, sendo que no prazo de dois anos já entrará em funcionamento e em
cinco anos a obra estará totalmente concluida. A empresa alemã obedece todos os
critérios europeus de sustentabilidade e segurança, incluindo o aproveitamento
de resíduos. O estaleiro de Camocim, além da construção de navios e de
plataformas marítimas, fará reparos de embarcações. >>
<<
Durante a audiência, José Albuquerque ressaltou a importância do empreendimento
para o Ceará e, sobretudo para os municípios próximos ao Litoral Oeste. “É mais
geração de emprego e renda para a população e isso representa mais qualidade de
vida e oportunidades”, disse. Participaram também do encontro a prefeita de
Camocim, Mônica Aguiar, o deputado estadual Sérgio Aguiar e o Assessor especial
de Assuntos Internacionais. Hélio Leitão. >>
<< Nordic Yards
A empresa
foi fundada em 1946 e é considerada líder no setor marítimo de excelência. Com
estruturas offshore de alta complexidade, navios de alta tecnologia e soluções
de sistemas. A empresa tem expertise para construção de plataformas em
alto-mar, mesmo em condições severas (tempestades e temperaturas negativas). A
Nordic Yards é considerada uma das principais empresas em inovação da Alemanha
e tem escritórios na Europa e Ásia.>>
COMENTÁRIOS
Mapa da Bacia do Timonha |
A – INFORMAÇÃO
A matéria
que abordarei neste artigo XCII (92), no meu entender, é muito importante para
os Estados do Ceará e Piauí, de modo especial ao Norte do Piauí, onde se
localiza a nossa Parnaíba. Assim sendo, espero que a matéria seja conhecida
pelo Exmo. Senhor Governador de Estado Moraes Souza Filho, pelo Exmo. Senhor
Presidente da Assembléia Legislativa: Temístocles Sampaio, bem assim pelo digno
Prefeito de Parnaíba Florentino Véras, a fim de que essas ilustres autoridades,
nas esferas de suas atribuições constitucionais, acompanhem os entendimentos e
as providências para concretização e bom encaminhamento de tão importante
assunto, o qual será em área divisória dos dois Estados Piauí e Ceará.
B – ÁREA TERRITORIAL
É oportuno
lembrar que em 1820, a Assembléia Legislativa da Província do Ceará, através de
Lei Provincial considerou Amarração, situada no litoral piauíense, como Vila da
Província do Ceará. Os reclamos da Província do Piauí demoraram a ser
atendidos, e só o foram, em 1880, por Sua Magestade Imperador Dom Pedro II.
Ficou
esclarecido, com toda segurança que o Rio Timonha seria a linha divisória entre
as então Províncias do Piauí e Ceará, a partir de sua nascente na Serra da
Ibiapabá até o Oceano. A linha divisória continuaria pelos cumes das Serras que
limitam Piauí e Ceará. Ocorreu, porém, que vilas e posteriormente cidades
cearenses foram instaladas nos cumes das serras, e nas encostas oriental e
ocidental, a partir de Viçosa, Tianguá, Ubajara, São Benedito, Guaraciaba.
Surgiram as áreas de litigios territoriais entre os dois Estados irmãos. Eu
disse litigios territoriais pacificos e não litigios de qualquer outra ordem.
Na área do
Rio Timonha, cujo mapa acompanha este escrito (artigo XCII), verifica-se com
facilidade que a cidade cearense de CHAVAL está localizada em território
piauiense !
C – RIO TIMONHA
Esse rio de
pequeno curso, pequena vasão, é intermitente, tendo melhor volume d’agua de
chuvas (dezembro a junho), é um rio importante por servir de linha divisória
entre os Estados irmãos – Ceará e Piauí.
O Rio
Timonha, na lei de nosso país, é um RIO NACIONAL; ele, o Rio Parnaíba, o Rio
São Francisco e vários outros.
Em razão de
ser rio nacional, o que for deliberado, construido ou modificado em relação ao
Rio Timonha, o será conjunta e harmoniosamente com prévio e pleno conhecimento
e aceitação pela União Federal e pelos Estados do Ceará e Piauí.
D – PORTO MARITIMO DO PIAUÍ
No início da
década de 1950, a 3ª Campanha Cívica pela construção do Porto Marítimo do Piauí
foi iniciada com estudos, debates e reclamos pela escolha do local mais
apropriado para a localização do nosso Porto em TUTÓIA – MA, LUIZ CORREIA – PI
ou TIMONHA – PI. Foram examinadas as vantagens e inconvenientes relativamente a
cada um desses locais.
TUTOIA dista
150 km de canais e igarapés, de Parnaíba TIMONHA possuíndo um ancoradouro
natural e profundo, mas fica também distante 70 km de Parnaíba, e da Hidrovia
Rio Parnaíba, com 1.100 km navegaveis de Santa Filomena ao mar; LUIZ CORREIA
apresentando um ancoradouro com 8 a 10 m de calado, distante 3.000 m da praia,
mas com futura oportunidade de outro ancoradouro, com calado de 10 a 12 m.
O Engenheiro
Mariotte Pires de Lima Rebelo, autor do estudo da viabilidade técnica do Porto
em Luiz Correia, afirmou que o ancoradouro natural de Timonha comportaria toda
a esquadra naval do Brasil e todos os navios de nossa Marinha Mercante, ao
mesmo tempo. Quanto à barra, é preciso remover rochas de granito na entrada. O
competente Economista Pádua Ramos, discípulo do Ministro Reis Veloso, realizou
o estudo da viabilidade econômica do nosso Porto.
A escolha,
para aquele momento, foi pela barra de Luiz Correia.
O Deputado
Chagas Rodrigues, pertencente ao PTB do eminente brasileiro Getúlio Vargas,
solicitou e conseguiu promessa assumida pelo então candidato às eleições
presidenciais, cujo cumprimento se efetivou a partir de 1953, quando foram
iniciadas as obras do enrocamento de pedras,da cidade de Luiz Correia à praia
de Atalaia, de cujo local o enrocamento partiu de mar a dentro, buscando o
primeiro ancoradouro.
São
decorridos de 1953, com períodos de trabalho e interrupções, pela falta das
verbas orçamentárias federais, até 2013, 60 (sessenta) anos do início das obras
do Porto.
E – O ESTADO DO PIAUÍ E SEUS DOIS PORTOS.
O Estado do
Piauí, considerado por alguns como uma unidade federativa pobre, deverá num
próximo futuro elevar seu produto interno bruto PIB as receitas públicas
estaduais, cuidar mais e melhor da educação, saúde e cultura de seu povo, a
partir das suas jazidas minerais de ferro e de niquel, bem assim do gás
petrolífero, da sua produção de soja no sudoeste de nosso Estado, da sua
Hidrovia Rio Parnaíba, com 1.100 km navegaveis.
Com esta
visão otimista de desenvolvimento do nosso Estado, é justo pensar em dois
Portos Marítimos: Porto de Luiz Correia para exportação preferencialmente de
soja, que será transportada do sudeste do Maranhão (Balsas) e sudoeste do
Piauí; Porto de Timonha para exportação
de minério de niquel.
As nossas
jazidas de Ferro e Niquel poderão e deverão ser exportadas pelos Portos do
Pecem (Ceará) e Suape (Pernambuco) e aproveitadas por suas siderúrgicas.
Prosseguem,
também, com bons sinais, as pesquisas sobre nossas reservas de petróleo.
F – ALEMANHA E PARNAÍBA
A indústria
parnaibana foi revigorada em duas épocas distintas por um alemão e por
indústria alemã.
O cidadão
alemão Werner Schlupann, associado aos competentes e dignos irmãos Bento Gurjão
e Carlos Gurjão constituiram uma empresa
denominada CURTUME GURJÃO, moderno, bem aparelhado, que funcionou vários anos
no Bairro São José, às margens do Rio Igaraçu.
A
internacional e poderosa empresa farmaceutica MERCK, com mais de 3 séculos de
funcionamento na Alemanha, instalou uma unidade industrial na nossa cidade para
extração de pilocarpina, medicamento usado no tratamento dos olhos, obtido das
folhas do jaborandi, planta medicinal nativa e também plantada no Piauí e
Maranhão.
Essa
fábrica, muito bem conservada, continua em produção com a denominação
VEGEFLORA, substituida a denominação anterior VEGETEX.
Esperamos e
acompanhamos com interesse os entendimentos entre a também importante empresa
alemã NORDIC YARDS com os governos dos Estados do Ceará e do Piauí, a fim de
que tudo transcorra bem, objetivando a vinda e montagem do ESTALEIRO na região divisória de nossos Estados do
Piauí e Ceará, das praias bonitas e ensolaradas do Nordeste Brasileiro.
Parnaíba, 08.Dezembro.2014
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