terça-feira, 23 de dezembro de 2014

XCII – TIMONHA – O RIO, O ESTALEIRO e O PORTO


XCII – TIMONHA – O RIO, O ESTALEIRO e O PORTO

Lauro Correia
Prefeito Parnaíba – 1963/1966
Engenheiro Industrial – UFMG
Presidente FIEPI – 1974/1982

            Transcrevo na íntegra o teor de email, recebido dia 26 novembro, versando sobre implantação de Estaleiro na bacia do Rio Timonha.
             << Estaleiro: O Governador em exercício do Estado do Ceará se reuniu com empresários da Nordic Yards para implantação de estaleiro na bacia do Timonha, na divisa do Piauí com o Ceará.>>
            << Os soviéticos queriam vir para o Piauí, mas por falta de agenciadores e representantes do Governo do Piauí para esse tipo de negociação, o Ceará como sempre, partiu na frente e poderá trazer uma séria surpresa para a economia do Piauí. >>
            << O Governador em exercício José Albuquerque se reuniu na última terça-feira (25), no Palácio da Abolição, com representantes da empresa alemã Nordic Yards. Na pauta do encontro estava a implantação do estaleiro no município de Camocim, no litoral oeste do Ceará. A escolha  de Camocim para receber o estaleiro deveu-se à sua localização, que está mais próxima do Canal do Panamá que os atuais portos brasileiros. Isso representa economia de dinheiro e de tempo para embarcações e para o comércio marítimo internacional. >>
            << O empreendimento receberá investimento de R$ 1,2 bilhão e serão gerados 2,5 mil empregos diretos e cerca de 10 mil indiretos. O estaleiro terá quatro fases de implantação, sendo que no prazo de dois anos já entrará em funcionamento e em cinco anos a obra estará totalmente concluida. A empresa alemã obedece todos os critérios europeus de sustentabilidade e segurança, incluindo o aproveitamento de resíduos. O estaleiro de Camocim, além da construção de navios e de plataformas marítimas, fará reparos de embarcações. >>
            << Durante a audiência, José Albuquerque ressaltou a importância do empreendimento para o Ceará e, sobretudo para os municípios próximos ao Litoral Oeste. “É mais geração de emprego e renda para a população e isso representa mais qualidade de vida e oportunidades”, disse. Participaram também do encontro a prefeita de Camocim, Mônica Aguiar, o deputado estadual Sérgio Aguiar e o Assessor especial de Assuntos Internacionais. Hélio Leitão. >>
           

<< Nordic Yards
            A empresa foi fundada em 1946 e é considerada líder no setor marítimo de excelência. Com estruturas offshore de alta complexidade, navios de alta tecnologia e soluções de sistemas. A empresa tem expertise para construção de plataformas em alto-mar, mesmo em condições severas (tempestades e temperaturas negativas). A Nordic Yards é considerada uma das principais empresas em inovação da Alemanha e tem escritórios na Europa e Ásia.>>

COMENTÁRIOS

Mapa da Bacia do Timonha

A – INFORMAÇÃO

            A matéria que abordarei neste artigo XCII (92), no meu entender, é muito importante para os Estados do Ceará e Piauí, de modo especial ao Norte do Piauí, onde se localiza a nossa Parnaíba. Assim sendo, espero que a matéria seja conhecida pelo Exmo. Senhor Governador de Estado Moraes Souza Filho, pelo Exmo. Senhor Presidente da Assembléia Legislativa: Temístocles Sampaio, bem assim pelo digno Prefeito de Parnaíba Florentino Véras, a fim de que essas ilustres autoridades, nas esferas de suas atribuições constitucionais, acompanhem os entendimentos e as providências para concretização e bom encaminhamento de tão importante assunto, o qual será em área divisória dos dois Estados Piauí e Ceará.
B – ÁREA TERRITORIAL
            É oportuno lembrar que em 1820, a Assembléia Legislativa da Província do Ceará, através de Lei Provincial considerou Amarração, situada no litoral piauíense, como Vila da Província do Ceará. Os reclamos da Província do Piauí demoraram a ser atendidos, e só o foram, em 1880, por Sua Magestade Imperador Dom Pedro II.
            Ficou esclarecido, com toda segurança que o Rio Timonha seria a linha divisória entre as então Províncias do Piauí e Ceará, a partir de sua nascente na Serra da Ibiapabá até o Oceano. A linha divisória continuaria pelos cumes das Serras que limitam Piauí e Ceará. Ocorreu, porém, que vilas e posteriormente cidades cearenses foram instaladas nos cumes das serras, e nas encostas oriental e ocidental, a partir de Viçosa, Tianguá, Ubajara, São Benedito, Guaraciaba. Surgiram as áreas de litigios territoriais entre os dois Estados irmãos. Eu disse litigios territoriais pacificos e não litigios de qualquer outra ordem.
            Na área do Rio Timonha, cujo mapa acompanha este escrito (artigo XCII), verifica-se com facilidade que a cidade cearense de CHAVAL está localizada em território piauiense !
C – RIO TIMONHA
            Esse rio de pequeno curso, pequena vasão, é intermitente, tendo melhor volume d’agua de chuvas (dezembro a junho), é um rio importante por servir de linha divisória entre os Estados irmãos – Ceará e Piauí.
            O Rio Timonha, na lei de nosso país, é um RIO NACIONAL; ele, o Rio Parnaíba, o Rio São Francisco e vários outros.
            Em razão de ser rio nacional, o que for deliberado, construido ou modificado em relação ao Rio Timonha, o será conjunta e harmoniosamente com prévio e pleno conhecimento e aceitação pela União Federal e pelos Estados do Ceará e Piauí.


D – PORTO MARITIMO DO PIAUÍ
            No início da década de 1950, a 3ª Campanha Cívica pela construção do Porto Marítimo do Piauí foi iniciada com estudos, debates e reclamos pela escolha do local mais apropriado para a localização do nosso Porto em TUTÓIA – MA, LUIZ CORREIA – PI ou TIMONHA – PI. Foram examinadas as vantagens e inconvenientes relativamente a cada um desses locais.
            TUTOIA dista 150 km de canais e igarapés, de Parnaíba TIMONHA possuíndo um ancoradouro natural e profundo, mas fica também distante 70 km de Parnaíba, e da Hidrovia Rio Parnaíba, com 1.100 km navegaveis de Santa Filomena ao mar; LUIZ CORREIA apresentando um ancoradouro com 8 a 10 m de calado, distante 3.000 m da praia, mas com futura oportunidade de outro ancoradouro, com calado de 10 a 12 m.
            O Engenheiro Mariotte Pires de Lima Rebelo, autor do estudo da viabilidade técnica do Porto em Luiz Correia, afirmou que o ancoradouro natural de Timonha comportaria toda a esquadra naval do Brasil e todos os navios de nossa Marinha Mercante, ao mesmo tempo. Quanto à barra, é preciso remover rochas de granito na entrada. O competente Economista Pádua Ramos, discípulo do Ministro Reis Veloso, realizou o estudo da viabilidade econômica do nosso Porto.
            A escolha, para aquele momento, foi pela barra de Luiz Correia.
            O Deputado Chagas Rodrigues, pertencente ao PTB do eminente brasileiro Getúlio Vargas, solicitou e conseguiu promessa assumida pelo então candidato às eleições presidenciais, cujo cumprimento se efetivou a partir de 1953, quando foram iniciadas as obras do enrocamento de pedras,da cidade de Luiz Correia à praia de Atalaia, de cujo local o enrocamento partiu de mar a dentro, buscando o primeiro ancoradouro.
            São decorridos de 1953, com períodos de trabalho e interrupções, pela falta das verbas orçamentárias federais, até 2013, 60 (sessenta) anos do início das obras do Porto.
E – O ESTADO DO PIAUÍ E SEUS DOIS PORTOS.
            O Estado do Piauí, considerado por alguns como uma unidade federativa pobre, deverá num próximo futuro elevar seu produto interno bruto PIB as receitas públicas estaduais, cuidar mais e melhor da educação, saúde e cultura de seu povo, a partir das suas jazidas minerais de ferro e de niquel, bem assim do gás petrolífero, da sua produção de soja no sudoeste de nosso Estado, da sua Hidrovia Rio Parnaíba, com 1.100 km navegaveis.
            Com esta visão otimista de desenvolvimento do nosso Estado, é justo pensar em dois Portos Marítimos: Porto de Luiz Correia para exportação preferencialmente de soja, que será transportada do sudeste do Maranhão (Balsas) e sudoeste do Piauí;  Porto de Timonha para exportação de minério de niquel.
            As nossas jazidas de Ferro e Niquel poderão e deverão ser exportadas pelos Portos do Pecem (Ceará) e Suape (Pernambuco) e aproveitadas por  suas siderúrgicas.
            Prosseguem, também, com bons sinais, as pesquisas sobre nossas reservas de petróleo.
F – ALEMANHA E PARNAÍBA
            A indústria parnaibana foi revigorada em duas épocas distintas por um alemão e por indústria alemã.
            O cidadão alemão Werner Schlupann, associado aos competentes e dignos irmãos Bento Gurjão e Carlos Gurjão constituiram uma  empresa denominada CURTUME GURJÃO, moderno, bem aparelhado, que funcionou vários anos no Bairro São José, às margens do Rio Igaraçu.
            A internacional e poderosa empresa farmaceutica MERCK, com mais de 3 séculos de funcionamento na Alemanha, instalou uma unidade industrial na nossa cidade para extração de pilocarpina, medicamento usado no tratamento dos olhos, obtido das folhas do jaborandi, planta medicinal nativa e também plantada no Piauí e Maranhão.
            Essa fábrica, muito bem conservada, continua em produção com a denominação VEGEFLORA, substituida a denominação anterior VEGETEX.
            Esperamos e acompanhamos com interesse os entendimentos entre a também importante empresa alemã NORDIC YARDS com os governos dos Estados do Ceará e do Piauí, a fim de que tudo transcorra bem, objetivando a vinda e montagem do ESTALEIRO  na região divisória de nossos Estados do Piauí e Ceará, das praias bonitas e ensolaradas do Nordeste Brasileiro.

Parnaíba, 08.Dezembro.2014    

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