Papa Francisco e as 15 doenças do poder
José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
O ano
de 2014 despede-se, trôpego retirante, carregando na mochila memoráveis e
vergonhosas decepções. Escândalos monumentais provocados pela roubalheira e
corrupção diárias. Um sonoro tabefe na dignidade nacional. Apavorante sensação
de que vale a pena o crime resvalar para a imoralidade, quando se há pedigree
político e dinheiro para dissimular, defender-se, comprar. Condenados a longos
anos de cadeia, agraciados com brevidade da pena ou soltura para conquistar
mandato.
No clima natalino,
pensei enviar mensagem, meio melosa e romântica, como exige a data, para
algumas autoridades. Faltaram-me coragem e franqueza. Louvá-los, compactuaria
com a turbidez moral que os distingue. Foram poucos, pouquíssimos agraciados,
apesar do volume de secretários, parlamentares, assessores palacianos. Tanta
fartura de cargos que só banana e pequi na feira. Certos convocados não se
seduziram pelo canto da sereia. A tentação edênica do fruto proibido pudesse
exibir a nudez da vergonha.
O noticiário
informa que o Papa Francisco reuniu a Cúria para confraternização natalina.
Todos esperavam gentilezas, mas receberam presente de grego. Em vez dos mimos,
uma viril e corajosa filtragem de água túrbida, típica dos líderes e
estadistas. O discurso do pontífice valeu como ultimato, aquela exigência que
um Estado apresenta a outro, cuja não aceitação implica declaração de guerra.
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