Des. Tomaz Gomes Campelo e dona Gracy |
7 de maio Diário Incontínuo
POSSE
DE SEBASTIÃO FIRMINO NA ALMAPI (Parte II)
Elmar Carvalho
Na
sequência de meu improviso, obedecendo a meu esquema mnemônico, fiz o elogio do
antecessor na cadeira acadêmica. Era ele o desembargador Tomaz Gomes Campelo,
de quem cultivei a amizade ao longo de mais de 17 anos. Já então era ele
aposentado, enquanto eu estava prestes a ingressar na magistratura. Sempre lhe
admirei a lhaneza e a fidalguia. Essas qualidades se refletiam em sua sóbria
elegância no trajar, e, sobretudo, no trato pessoal e em sua postura correta,
mas sem afetação.
Nasceu
ele no Dia de Reis, do ano de 1926, na localidade Rodrigo, município de Pedro
II. Era exatamente um dia mais novo que meu pai, nascido no dia cinco de
janeiro. Faleceu em 14 de abril de 2014. Nesse mês, no já longínquo ano de
1956, nasci, e nele, no dia 26, no ano de 2013, faleceu minha saudosa mãe. Por
conseguinte, sou a ele ligado por coincidências de vida e morte.
Foi
corregedor-geral da Justiça. Atingiu o grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito
da Sublime Ordem Maçônica, a cujas colunas tenho a honra de também pertencer. Amante
das artes e da cultura em geral, cultivava, sobretudo, a literatura, a cujos
eventos era assíduo. Participativo, mesmo já em idade provecta, foi presidente
da Academia de Letras do Vale do Longá, da qual igualmente sou membro. Outro
ponto em comum: éramos sócios da União Brasileira de Escritores do Piauí –
UBE-PI, da qual ambos fomos presidentes.
Amigo
da Academia Piauiense de Letras, frequentava nossas reuniões ordinárias e
solenidades com mais assiduidade que muitos de nossos confrades. Publicou
vários artigos e crônicas, versando assuntos memorialísticos, históricos e
culturais, cuja seleta seu filho Viriato Campelo deu à estampa após o seu
falecimento. Dentre esses textos, o Pedra Serviçal, evocativo e sentimental,
foi interpretado teatralmente pelo ator Pellé, na solenidade de lançamento da
obra.
O
desembargador Tomaz Gomes Campelo parecia trazer entranhada em sua alma toda a
graça e louçania de sua bucólica e encantadora Pedro II, de clima ameno,
agradável, e por isso mesmo chamada de “a Suíça piauiense”. Trazia na retentiva
a beleza vetusta dos históricos solares e amplos casarões, prenhes de mistérios
e recordações, um deles pertencente à sua grei.
Neste
diário já tive a deixa de enaltecer a bela urbe, emoldurada pelos morros e
serranias, que azulam e lhe engalanam à distância. Muitos defendem a tese de
que Iracema, a bela e esbelta índia de longas madeixas negras e lábios de mel,
teria nascido em Pedro II, já que Alencar dizia que ela nascera além, muito
além da serra que se descortinava no horizonte.
Fiz,
portanto, o justo elogio de um homem que primou em desbastar a pedra bruta, e
que soube se transformar na pedra serviçal de sua elegíaca crônica. E o melhor,
na parábola de Cristo, será aquele que melhor servir.
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