Olha pro céu, meu amor!
José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Semana de Lua Nova. Ou será que
você não vislumbra o mágico firmamento? Uma simples fase lunar traz fenômenos,
que nossos ancestrais não perdiam, contemplando os efeitos na agricultura, na
vida animal, na navegação, nas reações mentais. Não é em vão que o termo
lunático incorpora sentido de atitudes tresloucadas. A Lua Nova provoca aquecimento do ar e do
oceano, aumento de umidade, formação de nuvens e prováveis chuvas. Período
fértil para germinação, floração, partos ou eclosão dos ovos.
Teresina, nesta quarta-feira, 22/7,
amanheceu coberta de nuvens. Caiu uma chuvinha passageira, típica da fase
lunar. E repetiu à noite, para floração das mangueiras e cajueiros.
Sou do tempo
em que até as crianças se divertiam, contemplando o céu, especialmente à noite.
Luar, milhares de estrelas, asteroides à deriva, espaço sideral repleto de
mistérios e indagações. Supersticiosos não apontavam estrela, que provocava verruga no dedo. Todo
mundo sabia, de cor, nomes e posições das Três Marias, Cruzeiro do Sul, Sete
Estrelas, Via Láctea, Sírio, a mais brilhante do firmamento, entre as mais
próximas da Terra. Via Láctea, milhões de astros geminados, traçando luminoso
caminho de leite derramado.
Encantador contemplar o firmamento, à noite, só possível,
hoje, nas regiões distantes das encandecentes cidades. Noites de luar,
romantismo, poesia amorosa: “Olha pro céu, meu amor, vê como ele está lindo!
(Luís Gonzaga). “Aquele beijo que te dei / nunca, nunca mais esquecerei. / A
noite linda de luar / Lua, testemunha tão vulgar!” (Roberto Carlos). Ainda o
rei: “Eu vou perguntar / Se na Lua há / Brotinho legal pra mim namorar”. Ou
refletindo um mundo de poluição, guerras e carência afetiva, a era espacial
também serviu de fonte inspiradora ao romantismo: “Será que os amores já
morreram / Um astronauta eu queria ser / Para ficar sempre no espaço / Desligar
os controles da nave espacial / Pra ficar sempre no espaço sideral”. Cantor Raul Seixas pergunta: “Por que a solidão
vem sempre junto com o luar?” Poeta Álvares de Azevedo: “Nas noites de luar,
sempre descanso aqui, / E a Lua enche de amor a minha esteira”.
Só há uma explicação para tanto envolvimento com as drogas: o
embrutecimento da vida moderna, que não permite horário sequer para o afeto
familiar, as relações saudáveis, inclusive com
a natureza. Convivência que se traduz em sonhos. Basta um instante de
contemplação do firmamento, de Lua Cheia, do cultivo de plantas, da assistência
aos animais ou das generosidades desinteressadas.
Em tempo de intensa preocupação com o meio ambiente, vale a
pena pais e educadores incentivarem nas crianças o contato com jardins, parques
e animais. Enquanto redijo esta crônica, dezenas de sibites não param de
cantar, próximos à minha janela, para sugarem água açucarada ou beliscarem
frutas. Não param, mesmo. Lindos, pequenininhos, dóceis, a dois metros de mim.
Lá vêm beija-flores cobrando-me também carinho. Não há droga que entorpeça,
como as criaturinhas que me trazem sorrisos do Criador. Quanto mais olho pros
céus, mais me encanta a terra, inclusive a chuvinha desta quarta-feira.
A noite
ResponderExcluirE eu
A noite não
Sabe o
Meu rumo
Mas a lua
É minha!
hl/sp
A noite
ResponderExcluirE eu
A noite não
Sabe o
Meu rumo
Mas a lua
É minha!
hl/sp