RIQUEZA HUMANA
Jacob Fortes
Quando se fala em riqueza do homem as mentes, enraizadas na
ambição e, portanto, materialistas, se endereçam prontamente aos bens
palpáveis, suscetíveis à escrituração; aqueles que despertam a cobiça da
Receita Federal. São, na essência, bens imóveis, semoventes, contas polpudas,
veículos, navios, etc. É desses bens que são feitos os colares que, pendurados
ao pescoço, demarcam as eminências, algumas com aparência de virtude. Cada
colar corresponde a um crachá, que transmite o sentido da reverência, da honraria,
da distinção. O tamanho da honraria se mede pela natureza das contas do
rosário: bronze, prata, ouro, diamante. Há colar que vale um pão dormido,
outros o Pão de Açúcar.
Porém, perante as mentes espiritualistas, despidas de
ambição, as riquezas de maior valimento são as impalpáveis, incontabilizáveis.
É o caso da saúde; insuscetível à escrituração e penhora. Há, também, a
virtude, a bem dizer a honra; aquela que, destemerosa e altiva, atende ao
chamado de qualquer autoridade, inclusive de Sérgio Moro e Joaquim Barbosa. A
honra exprime desejado passaporte; vale até no estrangeiro sem necessidade do
“revalida”. Também nesse grupo não se se pode esquecer a família; cujos laços
afetivos têm a serventia de estear a vida das pessoas, sob os mais diversos aspectos.
Consideremos, também, a qualificação; que habilita ao exercício de funções.
Incluamos, ainda, o trabalho; que sublima o homem e faz crescer pessoas,
comunidades e nações. Outro bem impalpável de grande valimento é a religião;
que modela e impõe frei. De poderosa
valia é a liberdade, plena, sem as limitações das guias, símiles à dos cães:
libertos na vida alegre dos campos.
Ao registrar, sob a generosidade do silêncio, a nominata,
exígua, das riquezas, proponho ao leitor que tome o alvitre, se possível, de
ampliá-la e que os acrescentamentos me venham breve. É que nesse metiê me vejo
no banco dos atrasados.
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