BARRABÁS! BARRABÁS!
BAR...RA...BÁS!
José Maria Vasconcelos
Cronista,
josemaria001@hotmail.com
Jovens, adultos, católicos, evangélicos e demais confissões vêm
substituindo a folia carnavalesca pelos retiros espirituais. Geralmente,
concentram-se em sítios, debaixo de árvores, para louvar o Senhor com músicas,
entusiasmo, orações, palestras, lazer, comida frugal, confraternização. Quem já
participou uma vez quer repetir a experiência, ano seguinte. Quase sempre, os
grupos se reencontram, em outras oportunidades. Convidaram-me para ministrar
palestra, nesta quaresma, sobre a figura bíblica de Barrabás. O tema cai bem na
atual crise moral de corrupção e violência.
Barrabás, assassino, baderneiro,
assaltante, conforme relato dos evangelistas Lucas (capítulo 23) e Marcos
(capítulo 15). Ou de Pedro em Atos dos Apóstolos (capítulo 3). Barrabás
integrava a facção dos zelotes, que hostilizava o poder romano, em Israel.
Preso, condenado à morte, aguardava o dia da execução na cruz.
Naqueles dias, Jesus Cristo
dirigiu-se a Jerusalém para festa de Páscoa. Multidão de romeiros também
pegavam estrada. Aproximando-se da cidade santa, Jesus entra na casa de Lázaro,
falecido há quatro dias. Acompanhado de familiares do morto, dirigiu-se à
sepultura de Lázaro e o ressuscitou. Romeiros que assistiram ao estupendo
milagre divulgaram a notícia em Jerusalém. Multidões entusiasmadas foram ao
encontro de Jesus. Montaram-no em jumento, aclamaram-no rei, espalhando vestes
e galhos de oliveira à sua passagem. O delírio coletivo acendeu a cólera das
autoridades, especialmente da classe sacerdotal e dos fariseus, que exploravam
a população com altos dízimos, ofertas e corrupção. Iniciava-se processo para
prender o Mestre e entregá-lo às autoridades romanas.
A multidão, inflamada pela
retórica distorcida e populista dos líderes, vociferava, exigindo do governador
Pilatos a condenação do Mestre, e liberdade para o bandido Barrabás. Covarde e
conivente com a classe iníqua de magistrados e fariseus, Pilatos foi, mais
tarde, deposto do cargo, levado para Roma, condenado à masmorra, em Viena.
A História está repleta de
contrastes, quando a população, seduzida pela retórica dos discursos
inflamados, substitui o senso crítico pela submissão ideológica. Hítler, cabo
raso na Primeira Guerra Mundial, oratória inflamada, chegou ao poder
ditatorial, atacando a causa da desgraça social e econômica da Alemanha, os
judeus. Mussoline inaugurou o fascismo na Itália, movimento político e
filosófico ou regime, que faz prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os
valores individuais e que é representado por um governo autocrático, centralizado
na figura de um ditador: Stálin, da Rússia; Franco, na Espanha; Salazar, em
Portugal; Getúlio Vargas, no Brasil; Peron, na Argentina; Mao Tsé Tung, China.
Além das republiquetas, Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, entre outras. O
princípio se estabelece na demagogia, no ataque feroz ao capitalismo, na
distribuição de pão e circo para engabelar a população e extorqui-la no voto,
porém acumulando, disfarsadamente, fortunas, quebrando o Estado. A população,
coitada, paga caro por substituir o trigo pelo joio. A virtude pelo vício. A
dignidade pela corrupção da consciência. O sagrado pelo profano.
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