POEMA SOBRE A
LOUCURA
Alcenor Candeira Filho
pouco tenho ficado louco
às vezes um pouco louco de raiva
outras um pouco louco de amor
nada malucamente anormal.
embora ao longo de vida já quase longa
minha luz tenha sido a da lucidez dos lúcidos
temo a loucura não fictícia
a loucura verdadeiramente louca dos loucos
a loucura tempestade sem previsão de bonança
a loucura de muito tempo de todo tempo
a loucura que só passa por pouco tempo
quando voz de acalanto vai ao ouvido do louco
em cama estendido em decúbito dorsal
- "por ti com muita sede bebo lágrimas de amor
diariamente amor maior de minha vida toda" -
e ele então mergulha
em sombrio sono noturno
todo entupido de
remédio para que adormeça
entre quatro paredes
com lâmpadas apagadas por dentro
e janelas e portas trancadas por fora.
2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário