O Brasil na boca dos estrangeiros
José Maria Vasconcelos
Cronista,
josemaria001@hotmail.com
Gringos adoram o Brasil, será? Há tempos, coleciono opiniões extraídas
do noticiário, empresas de turismo, amigos residentes fora do Brasil ou viajam
ao estrangeiro.
Começo pela piauiense Maurienne,
residente em Estocolmo. Ela apareceu em matéria anterior. Mais uma vez,
Maurienne volta para comentar a crônica EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA JÁ ERA: “Hoje
mesmo, comentávamos, sentadas em um banquinho muito gelado da praça, entre
aulas, eu e uma professora de árabe, iraniana, sobre essa falta de educação moral
e cívica. E não falávamos com vantagens para o mundo de cá, não! Parece que o
mundo afunda-se no mesmo barco, em todo lugar, infelizmente”.
Americano, casado com brasileira,
morou em São Paulo por três anos, odeia morar no Brasil, por diversos motivos:
brasileiros são rudes com vizinhos, aumentam volume de músicas, não pedem
desculpas quando esbarram a gente; agressivos e oportunistas, não respeitam
fila. Querem ganhar vantagem em tudo; não respeitam o meio ambiente, ao
despejar lixo em toda parte; ruas sujas; recursos naturais abundantes, mas
desperdiçados. Toleram a incrível corrupção. Mulheres excessivamente obcecadas
com o corpo; homens e mulheres propensos a casos extraconjugais. Gostam de
depreciar e ferir sentimentos alheios. Realizam serviços com certa malandragem
e atraso. Ricos se acham no direito além do imaginável, arrogantes, imunes a
regras. Brasileiros interrompem conversas - espécie de competição - e gritam. A
polícia inexiste, especialmente para com cidadãos simples. Sistema judicial, uma
piada. As pessoas vivem atemorizadas, cercadas de muros, pagam taxas elevadas
para viverem em condomínios fechados. Demasiadamente tolerantes com a péssima
prestação de serviços públicos, especialmente na saúde e educação, na
burocracia escandalosa e lenta, na expedição de serviços e documentos. Impostos
e taxas exorbitantes, perseguição aos empreendedores. Há uma mentalidade
generalizada de que todo rico é desonesto. Como resultado, a corrupção impera
entre autoridades e empresários. Qualidade discutível da água. Carros três
vezes mais caros que os americanos. Brasileiro adora conversar futilidades,
como novelas, Big Brother, Ratinho, Sílvio Santos, música medíocre.
Ao contrário da opinião do
americano que odeia o Brasil, estrangeiros, em geral, gostariam de repetir
certos hábitos brasileiros em seus países: alegria, bom humor, até nas horas
difíceis; abraços cordiais, inclusive com desconhecidos. Na França, são raros e
só ocorrem nas famílias. Cordialidade no atendimento em pontos comerciais.
Brasileiros se estressam menos que outros povos. O famoso jeitinho brasileiro
talvez explique o motivo por que se dão bem lá fora. Compartilhar a cervejinha
e comida surpreende muitos estrangeiros, cada qual na sua. Ao contrário de
outros povos, brasileiros banham-se até mais de uma vez ao dia, dão carona,
festejam e brindam com facilidade, dão risadas e piadas com os deslizes das
autoridades.
O riso abunda na boca dos tolos.
Menos no Brasil do samba de Chico Buarque, “Mesmo com toda a fama, com toda a
brahma / Com toda a cama, com toda a lama / A gente vai levando, a gente vai
levando”.
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