Ana Jansen, tresloucada rainha do
Maranhão
José Maria Vasconcelos
Cronista,
josemaria001@hotmail.com
Nestes últimos dias, não
me desgrudei do noticiário sobre sessões longas e desgastantes da Câmara e do
Senado, para definir a sorte da presidente Dilma. Houve até momento hilariante:
deputado Waldir Maranhão, que substituiu Eduardo Cunha na presidência da
Câmara, redigiu, de madrugada, uma decisão autoritária para anular 367 votos
dos parlamentares... Todo mundo sabe o resultado dessa presunçosa e risível
atitude, de repercussão internacional. E fui dormir, pensando nas asneiras do
aloprado parlamentar maranhense. E olhe só o que sonhei.
Ana Joaquina Jansen, descendente de
aristocratas europeus, nasceu em 1797, em São Luís, Maranhão. Ainda criança,
sofrera pobreza e abandono. Casou-se e enviuvou duas vezes, conseguindo
acumular imensa fortuna. Comerciante de invejáveis méritos, poderosa,
milionária, forte influência social e política, temida na cidade, uma lenda.
Donana, como era chamada, faleceu em
1869, deixando inúmeros imóveis, inimigos políticos e desafetos. Perversa,
exercia crueldade com os inúmeros escravos, torturando-os até à morte. Para não
sujar os longos vestidos, obrigava-os a se deitar na lama para atravessar a
rua.
Ana Jansen acumulou riqueza colocando
escravaos para recolher penicos de urina e cocô da cidade. Conta-se que um dos
inimigos de Donana, comendador Meireles, rico comerciante, mandou fabricar
centenas de belos penicos de louça na Inglaterra, com a cara da velha no fundo
do vaso, para vender, quase de graça, na sua loja. Donana suportou com paciência
a gozação das ruas, mandando comprar dois, três ou mais penicos de cada vez,
até esgotar o produto. Costumava-se usar penicos nas residências, até há
algumas décadas, hoje substituídos por banheiros internos.
A poderosa e rica Jansen recebeu a
alcunha de Rainha do Maranhão. Firmou-se como vendedora de água, pelos
escravos, e não aceitava concorrências com técnicas mais avançadas.
Proprietária das maiores produtoras de cana de açúcar e algodão do império,
além de numerosos escravos. Habilidosa política, costurava acordos nos
bastidores, patrocinou batalhas da Balaiada e de Duque de Caxias.
Depois de falecida, muitas histórias
se contam, algumas lendária, que despertam curiosidade e material para
literatura, No cinema, aparece como LENDA DE ANA JANSEN, produção da Globo.
Num país onde famosos viram reis da
fantasia, fica fácil, muito fácil, homenagem ao Rei Roberto Carlos, Rei Pelé,
Rei da Soja, Rei Luís Gonzaga. Até um jogador de futebos de Minas virou rei nos
anos 70. Joaquina Ana Jansen, Rainha do Maranhão não faz exceção. Salvo se um
presidente temporão da Câmara ultrapasse os limites da arrogância, servindo de
chacota, até para aparecer em fundos de penicos de louça.
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