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Rio Seco
Clóvis Moura (1925 – 2003)
Cemitério de peixes enterrados
no areal ardente e transparente,
pedras que furam os pés dos
caminhantes
marcaram a transferência dos
sedentos.
Pedaços de memórias marulhantes
ainda chegam à noite nos seus
ecos
e roteiros de barcos são
fantasmas
na memória de luas macilentas.
Há no sol que caustica as suas
curvas
um sádico desdém por suas margens
que hoje se fundem ao leito que
era líquido.
As carcaças de tíbias e caveiras
de bois marcam a distância do
mistério
e o suor é sua linfa derradeira.
Fonte: Jornal de Poesia
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