sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

¡ VIVA EL FÚTBOL ARGENTINO!

Fonte: Google


¡ VIVA EL FÚTBOL ARGENTINO!

Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)

  

                Era, quero dizer, fui, até oito de dezembro passado, dia em que comemoram, principalmente, os católicos, Nossa Senhora Imaculada Conceição de Maria – que ela me perdoe tão radical conversão -, inteiramente, avesso e antipático ao futebol argentino; melhor dizendo, a quase tudo que provinha daquele país, à exceção dos malbec – vinho e perfume -, pelos quais, infelizmente, sempre tive certo apreço. Cheguei a concordar com um velho e querido amigo, Sandoval: até às mulheres portenhas, já preferia as uruguaias, chilenas, peruanas, venezuelanas.

                O que me fez mudar de opinião a ponto de transformar antipatia cruenta em simpatia experimental, concretizou-se com a realização do jogo final da copa libertadores da América dois mil e dezoito, entre os rivais Boca Juniors e River Plate, no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, capital espanhola, lotado; mas começou bem antes da peleja e redundou de um acumulado de situações disparatadas envolvendo as equipes de futebol argentino, a confederação sul-americana (COMENBOL) e a FIFA; estas, desde o início das fases decisivas, claramente coniventes com os clubes portenhos em desfavor, principalmente, dos brasileiros. Houve quem dissesse que essa estranha preferência da COMENBOL por equipes não brasileiras viu-se embasada no ato canalha e covarde promovido pelo presidente da confederação brasileira de futebol ao votar, abertamente, não pela realização da copa do mundo de dois mil e vinte e seis na América do Norte, como havia sido combinado entre as confederações do continente, mas em Marrocos, no noroeste da África.

                Depois disso, o que se viu foi uma sequência patente e clara de proteção da COMENBOL a clubes do restante da América do Sul em detrimento dos tupiniquins; parcialidade manifestada dentro e fora dos gramados, com a participação intensa das arbitragens e um submisso “lava mãos”, à la Pilatos, da FIFA, quanto a assuntos em que poderia intervir.

                Quem não lembra da marmelada envolvendo o próprio River Plate, que, soube-se, em determinada partida, entrou em campo com vários atletas considerados irregulares e, mesmo assim, não teve os pontos disputados confiscados, como fez a COMENBOL ao Santos Futebol Clube que, com um craque em condição, supostamente, irregular, perdeu três pontos referentes à partida em que esse atuou, e ainda foi punido, exemplarmente, com um placar de três a zero, contra? Segundo foi ventilado à época, no que tangeu à equipe brasileira, ocorreu uma acusação, um julgamento e uma condenação; quanto à agremiação argentina, como não houve acusação contra ninguém, não aconteceu julgamento, condenação nem, claro, perda de pontos. Ou seja, para a COMENBOL, infração devidamente apurada, registrada, anotada, se não houver contra ela manifestação ou contestação, não há punição. Alguém já falou e a instituição aceitou: o direito não acolhe aos que dormem.

                O Santos não conseguiu reverter tão absurdo placar, na volta, e ficou pela estrada. Outros times brasileiros também se viram prejudicados: o Cruzeiro, que teve seu melhor jogador em campo expulso de maneira que envergonhou meio mundo, por uma arbitragem obtusa, durante jogo que não perdia até a expulsão; como empatou o segundo jogo, deixou o torneio. O Grêmio, reclamou de irregularidade cometida pelo treinador do argentino River Plate, que, não somente admitiu a infração cometida, como disse que não se arrependia do que havia feito e, ainda assim, não viu sua equipe ser punida pela COMENBOL, mas sim, disputar e ganhar a mais longa e controversa copa Libertadores da América.

                Outra bagunça veio a público antes da final do torneio entre River Plate e Boca Juniors: torcedores do primeiro impediram que jogadores do segundo pudessem atuar na partida decisiva na casa de “los milonarios”, que não foi realizada por estrita falta de segurança; desse imbróglio, a única punição aplicada foi a transferência do jogo para a capital espanhola.

                Em razão da força, da moral e do prestígio da federação argentina de futebol, que ganhou como conivente insidiosa, irresponsável e benevolente a COMENBOL e contou com a muda, surda e cega atuação da FIFA, é que, a partir de agora, tentarei torcer pelo futebol argentino, campeão da mais longa e tumultuada decisão da taça libertadores da América.

Antes de concluir este texto, a primeira decepção como neófito torcedor. Sem poder contar com a mamata da COMENBOL, o River Plate, campeão das Américas, perdeu para um desconhecido time dos Emirados Árabes e deu adeus à disputa pelo título mundial de dois mil e dezoito. Não joguei a toalha, resistirei até quando der. ¡Viva el fútbol argentino!   

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