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A DERROCADA DO FUTEBOL
PROFISSIONAL PIAUIENSE
Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)
Faz tempo que nos metemos a escrever crônicas de pé
quebrado e outros escritos, porém, não mais do que temos de boleiro, peladeiro
contumaz, daqueles que, chova ou faça sol, correm e suam em bicas atrás de uma
bola, repetidas vezes na semana, juntamente, com outros corajosos ou teimosos companheiros.
Em todo esse tempo, o que não conseguimos aprender na
arte de escrever, apreendemos em entendimento do que seria um jogo de futebol, com
tática bem aplicada; quem seria craque ou perna de pau; o que se poderia
considerar uma boa equipe, um treinador capaz de mudar o resultado de uma
partida de futebol; portanto, cremos que, dado esse know-how, temos condição de
dizer que o futebol profissional no estado do Piauí, de uns anos para cá, passa
por seus piores momentos; nem de longe nos faz relembrar épocas de Sima, Décio
Costa, Nonato Leite, Pila, Gringo, Augusto, Derivaldo e tantos outros, que acompanhamos,
já em final de carreira, mas que, ainda assim, causaram-nos boa impressão suas
atuações e a certeza de que, no auge do seu apogeu técnico, quem os viu em
ação, pôde constatar que o futebol piauiense viveu bons momentos, foi competitivo,
não muito fácil de ser batido, vilipendiado, esbulhado e humilhado, nos
próprios domínios, como agora.
Não nos constrange nem um pouco afirmar que, fraco
como se encontra, melhor nem tentar disputar torneios, copas ou campeonatos nos
quais tenhamos que digladiar com adversários extramuros: não vencemos ninguém.
Servimos de deboche, chacota. E não nos venham dizer que tudo decorre da falta
de dinheiro, pois se for esse o principal motivo para nossa derrocada
qualitativa e técnica, mais ainda ficaria patente que, para que nenhum atleta
profissional, dos que por aqui atuam, perca, definitivamente, seu emprego, melhor
disputar vários curtos torneios internos, intermunicipais; quando muito, participar
de copas e/ou taças com times maranhenses, preferencialmente, com os de mesma
capacidade técnica. A propósito de grana: só para não deixar em branco, em dois
mil e quinze, o Piauí recebeu da confederação brasileira de futebol um milhão e
setenta e seis mil reais – montante, claro, que deve ter sido atualizado de lá
para cá.
Como vimos jogar, ou melhor, não jogar, primeiramente,
o tradicional River Atlético Clube, derrotado, facilmente, por cinco gols a
zero - não fosse o árbitro haver terminado a partida em cima dos noventa
minutos e o “galo carijó”, possivelmente, teria levado mais gols – pelo
tricolor carioca, uma equipe de jovens atletas, ainda em formação, que apenas
tem vencido jogos diante de adversários mequetrefes; e, dia seguinte, aí,
sim, foi que não vimos, sequer, entrar
em campo, o que se poderia chamar de time, equipe, muito menos arremedar o que
seria uma partida de futebol, a Associação Atlética de Altos que, já ao final
do primeiro tempo, perdia de quatro gols a um, e que, finda a peleja, havia levado uma lavagem de sete a
um do Santos, relembrando a nefasta goleada que nos aplicou a seleção
germânica, dia desses; pois bem, pelo que não jogaram nossas principais
agremiações futebolistas contra frágeis equipes do sudeste, temos quase certeza
de que, fazendo uma boa peneira entre os “atletas” das peladas das quais
participamos, semanalmente, armaríamos um time que, certamente, levaria menos
gols de Fluminense ou Santos, do que tomaram River e Altos.
No encerramento de este arrazoado, talvez devêssemos
pedir desculpas aos atletas profissionais de futebol que possam ter ficado
ofendidos com nosso desabafo, como não
foi nossa intenção, não o faremos; todavia, esperamos que lutem, mais fora do
campo de jogo do que dentro dele – já que, aqui, fazem o que podem -, cobrando
da federação local de futebol e dos dirigentes, mais incentivo, respeito e
profissionalismo; o futebol piauiense precisa deixar de ser considerado um
coitadinho, um repositório de homens nômades e de subempregados. Com planteis
razoáveis, equipes bem treinadas e competitivas, não há dúvida de que
voltaríamos a amedrontar, desportivamente, qualquer força que viesse nos desafiar,
pelo menos, aqui dentro. Escusas, quem sabe ao corpo de bombeiros e demais
autoridades de segurança, por, tantas vezes, acharmos que estavam sendo deveras
burocráticos nas vistorias para liberação dos nossos estádios de futebol; ainda
bem, assim vocês evitaram que durante algum tempo, mais gente pudesse ver tão
pífios espetáculos naqueles recintos.
Isso mesmo, não vamos retificar o que dissemos em relação ao que nos têm
fornecido em entretenimento as principais equipes de futebol piauiense, atualmente:
como estão jogando, senão melhor, mais interessante seria, aos finais de
semana, os que podem, correrem eles próprios atrás de uma pelota; os que não batem
mais uma bolinha, talvez assistirem, em qualquer bairro teresinense, belos jogos
disputados por peladeiros “profissionais”. Palavra de um desses, acaso
cronista.
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