sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

A DERROCADA DO FUTEBOL PROFISSIONAL PIAUIENSE


Fonte: Google

A DERROCADA DO FUTEBOL PROFISSIONAL PIAUIENSE

Antônio Francisco Sousa – Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)

                Faz tempo que nos metemos a escrever crônicas de pé quebrado e outros escritos, porém, não mais do que temos de boleiro, peladeiro contumaz, daqueles que, chova ou faça sol, correm e suam em bicas atrás de uma bola, repetidas vezes na semana, juntamente, com outros corajosos ou teimosos companheiros.

                Em todo esse tempo, o que não conseguimos aprender na arte de escrever, apreendemos em entendimento do que seria um jogo de futebol, com tática bem aplicada; quem seria craque ou perna de pau; o que se poderia considerar uma boa equipe, um treinador capaz de mudar o resultado de uma partida de futebol; portanto, cremos que, dado esse know-how, temos condição de dizer que o futebol profissional no estado do Piauí, de uns anos para cá, passa por seus piores momentos; nem de longe nos faz relembrar épocas de Sima, Décio Costa, Nonato Leite, Pila, Gringo, Augusto, Derivaldo e tantos outros, que acompanhamos, já em final de carreira, mas que, ainda assim, causaram-nos boa impressão suas atuações e a certeza de que, no auge do seu apogeu técnico, quem os viu em ação, pôde constatar que o futebol piauiense viveu bons momentos, foi competitivo, não muito fácil de ser batido, vilipendiado, esbulhado e humilhado, nos próprios domínios, como agora.

                Não nos constrange nem um pouco afirmar que, fraco como se encontra, melhor nem tentar disputar torneios, copas ou campeonatos nos quais tenhamos que digladiar com adversários extramuros: não vencemos ninguém. Servimos de deboche, chacota. E não nos venham dizer que tudo decorre da falta de dinheiro, pois se for esse o principal motivo para nossa derrocada qualitativa e técnica, mais ainda ficaria patente que, para que nenhum atleta profissional, dos que por aqui atuam, perca, definitivamente, seu emprego, melhor disputar vários curtos torneios internos, intermunicipais; quando muito, participar de copas e/ou taças com times maranhenses, preferencialmente, com os de mesma capacidade técnica. A propósito de grana: só para não deixar em branco, em dois mil e quinze, o Piauí recebeu da confederação brasileira de futebol um milhão e setenta e seis mil reais – montante, claro, que deve ter sido atualizado de lá para cá.

                Como vimos jogar, ou melhor, não jogar, primeiramente, o tradicional River Atlético Clube, derrotado, facilmente, por cinco gols a zero - não fosse o árbitro haver terminado a partida em cima dos noventa minutos e o “galo carijó”, possivelmente, teria levado mais gols – pelo tricolor carioca, uma equipe de jovens atletas, ainda em formação, que apenas tem vencido jogos diante de adversários mequetrefes; e, dia seguinte, aí, sim,  foi que não vimos, sequer, entrar em campo, o que se poderia chamar de time, equipe, muito menos arremedar o que seria uma partida de futebol, a Associação Atlética de Altos que, já ao final do primeiro tempo, perdia de quatro gols a um, e que, finda  a peleja, havia levado uma lavagem de sete a um do Santos, relembrando a nefasta goleada que nos aplicou a seleção germânica, dia desses; pois bem, pelo que não jogaram nossas principais agremiações futebolistas contra frágeis equipes do sudeste, temos quase certeza de que, fazendo uma boa peneira entre os “atletas” das peladas das quais participamos, semanalmente, armaríamos um time que, certamente, levaria menos gols de Fluminense ou Santos, do que tomaram River e Altos.

                No encerramento de este arrazoado, talvez devêssemos pedir desculpas aos atletas profissionais de futebol que possam ter ficado ofendidos com nosso desabafo, como  não foi nossa intenção, não o faremos; todavia, esperamos que lutem, mais fora do campo de jogo do que dentro dele – já que, aqui, fazem o que podem -, cobrando da federação local de futebol e dos dirigentes, mais incentivo, respeito e profissionalismo; o futebol piauiense precisa deixar de ser considerado um coitadinho, um repositório de homens nômades e de subempregados. Com planteis razoáveis, equipes bem treinadas e competitivas, não há dúvida de que voltaríamos a amedrontar, desportivamente, qualquer força que viesse nos desafiar, pelo menos, aqui dentro. Escusas, quem sabe ao corpo de bombeiros e demais autoridades de segurança, por, tantas vezes, acharmos que estavam sendo deveras burocráticos nas vistorias para liberação dos nossos estádios de futebol; ainda bem, assim vocês evitaram que durante algum tempo, mais gente pudesse ver tão pífios espetáculos naqueles recintos.

Isso mesmo, não vamos retificar o que dissemos em relação ao que nos têm fornecido em entretenimento as principais equipes de futebol piauiense, atualmente: como estão jogando, senão melhor, mais interessante seria, aos finais de semana, os que podem, correrem eles próprios atrás de uma pelota; os que não batem mais uma bolinha, talvez assistirem, em qualquer bairro teresinense, belos jogos disputados por peladeiros “profissionais”. Palavra de um desses, acaso cronista.   

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