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Stephen
Hawking – uma tentativa (nada científica) de refutação
Elmar
Carvalho
Inicialmente,
devo dizer que reconheço a imensa inteligência de Stephen Hawking e o seu
extraordinário preparo científico e intelectual, assim como a sua notável
capacidade de superação diante de sua doença atroz (ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica), que lhe limitou a
capacidade de locomoção e lhe criou tremenda dificuldade para se comunicar,
vindo a precisar dos equipamentos que utilizava para o exercício do magistério
e elaboração de seus livros, todos ou quase todos best sellers mundiais.
E
mais do que tudo isso, reconheço a minha incipiência (ou mesmo insipiência) científica, razão pela
qual disse que isto é apenas uma tentativa nada científica de refutação, no
caso a algumas de suas frases ou hipóteses expostas no capítulo 1 – Deus Existe?,
integrante de seu livro “Breves respostas para grandes questões”.
Ele
mesmo revela a sua perplexidade, quando exclama: "Como pode um universo
inteiro repleto de energia, da espantosa vastidão do espaço e de tudo que há
nele simplesmente surgir do nada?" Contudo, em outro ponto desse capítulo
ele afirma: "Na minha opinião, a explicação mais
simples é que deus não existe." É de se observar que ele foi
humildade ao consignar que a afirmativa é na sua opinião, pelo que não foi
peremptório. Todavia, como a corroborar sua hipótese, em outro trecho ele diz: “Sou
da opinião de que o universo foi criado espontaneamente, do nada, segundo as
leis da física”.
Contrariamente ao que ele diz, não acho que a inexistência de Deus
seja a explicação mais simples. Muito pelo contrário, afirmo que a explicação
mais simples é exatamente a existência de Deus. Como o nada poderia criar o
tudo que existe, tão complexo quanto tão bem ordenado? Como disse alguém cujo
nome não recordo, a possibilidade de o tudo que existe surgir do nada é a mesma
de uma enciclopédia (ou dicionário que seja) ser criada por uma explosão tipográfica,
principalmente quando os livros eram impressos através de uma composição tipo
por tipo, letra por letra.
Como disse em velho poema de minha autoria, cujo título é “Deus,
Deuses e o Nada”, o nada não cria nada, porque o nada é nada, e somada com nada
é nada, e multiplicado por nada é nada. E se o nada criasse alguma coisa esse
nada não seria nada: seria alguma coisa, seria mesmo um deus criador. E a esse
deus-nada eu tiraria o meu chapéu, que sequer tenho, mas tiraria.
Portanto, em hipótese nenhuma, posso crer que o nada pudesse criar
algo, ainda muito menos a vida, a vida que eu considero o maior de todos os
milagres. O excelso bardo Manuel Bandeira, em notável poema elegíaco, disse
também que “A vida é um milagre”, conquanto tenha afirmado melancolicamente no
seu final: “– Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres”. Contudo, para
mim e para milhões de outras pessoas a morte é apenas o portal para uma outra
vida.
O
grande cientista reconhece que “O grande mistério no coração do Big Bang é
explicar como um universo inteiro e fantasticamente imenso de espaço e energia
pode se materializar do nada.” Para mim isso também é um grande mistério, e
mais do que isso, uma impossibilidade; bem por isso, acho mais razoável
acreditar no divino Criador, como disse no meu poema Mística I: “E Deus estava
lá / por trás de tudo: / logo após em regressão / a explosão do átomo
primordial.”
Em
outro local do capítulo em debate, o ilustre sábio parece se contradizer, ou
pelo menos ter dado um breve cochilo (ou o erro teria sido do editor ou do
organizador do livro?): "O que pode ter causado o surgimento espontâneo de
um universo? Inicialmente, parece um problema desconcertante — afinal, as
coisas não se materializam do nada." Nesta parte final de sua frase,
concordo na íntegra com ele: de fato, as coisas não se materializam do nada.
Para
a contradição apontada acima se tornar mais clamorosa, veja-se este outro
trecho: "descendo ainda mais até o nível subatômico — e adentramos um
mundo onde criar algo a partir do nada é possível." Sim, no “nível
subatômico” talvez seja mesmo possível “criar algo a partir do nada”, mas,
então, pergunto: E quem teria criado o tal “nível subatômico”? Acaso, não teria
sido Deus? Ou teria sido um outro “nível subatômico”, e assim por diante até o
infinito?
No
capítulo seguinte (2 – Como tudo começou?), ele parece reconhecer que a ciência
ainda tateia no meio das trevas das dúvidas e incertezas, quando se reporta ao
chamado princípio da incerteza: "Parece haver um certo nível de
aleatoriedade ou incerteza na natureza que não é passível de eliminação, mesmo
com as melhores de nossas teorias. Isso pode ser resumido no princípio da
incerteza, proposto em 1927 pelo cientista alemão Werner Heisenberg."
(...) "Quanto mais precisa for a previsão da posição, menos precisa será a
previsão da velocidade, e vice-versa." Sobre esse princípio, tive a
oportunidade de dizer, em entrevista concedida à professora e escritora
Teresinha Queiroz, contida no meu livro Lira dos Cinquentanos (2006): “Parece-me
que o princípio da incerteza termina sendo o princípio da certeza da existência
de Deus. Embora correndo o risco de estar dizendo uma aberração, de estar
cometendo uma heresia científica, creio que esse princípio é a maneira como
Deus interage com a sua criação, é a parte destinada às leis espirituais e às
orações. Caso contrário, Deus seria apenas, hoje, um mero observador passivo de
sua própria criação, sem o poder de interferência, proibido por si mesmo de
interferir.”
Apesar
de todos os percalços que a vida nos causa a nós todos, de todas as suas
limitações físicas, de locomoção, de comunicabilidade, de todos os seus
sofrimentos por causa de sua doença, Stephen Hawking asseverou: "Temos
apenas esta vida para apreciar o grande plano do universo, e sou extremamente
grato por isso." Com relação à primeira afirmativa, devo dizer que creio
na continuação da vida, e no referente à segunda, não sei a que ou a quem ele
seria grato. De qualquer sorte, foi um ser humano luminoso, bem-humorado e
generoso, e teve notáveis insights, que lhe fizeram merecedor dos inúmeros títulos
e honrarias que recebeu.
Para
finalizar esta pretensa e despretensiosa refutação, catei mais esta asserção de
sua lavra: "Não podemos voltar a um tempo anterior ao Big Bang porque não
havia tempo antes do Big Bang." Como Hawking não ousa afirmar de onde
teria surgido o Big Bang, ouso eu: a grande explosão e tudo o mais que existe
foram criados por Deus, assim como o tempo, anterior ou não ao Big Bang.
E
se me perguntarem quem criou Deus, simplesmente direi: nada e nem ninguém. Deus
é o eterno e incriado Criador. E é por isso que o chamamos Deus. É o que é, é
em essência, é a pura existência. EU SOU O QUE SOU (Êxodo 3:14).
Dr. Elmar.
ResponderExcluirO nada não é feito. Se ousar afirmar que sim ele vai continuar inexistindo. Tudo que se materializa faz-se obra. E Deus é obra de se mesmo, porquanto ele se revela, materializa-se na obra da sua criação. Ou mesmo o que você escreveu “Deus interage com a sua criação”.
Como seria bom ouvir-se S. Hawking acerca da contradição sobre o que afirmara: “Sou da opinião de que o universo foi criado espontaneamente, do nada, segundo as leis da física”, antes, e “as coisas não se materializam do nada", depois.
Lendo sua crítica a Stephen espanto-me o seu saber e cognição também estendido a esta matéria de levantada teologia.
Com você sempre aprendi algo mais. Grande abraço.
Batista Rios.
Meu caro Dr. Batista Rios,
ResponderExcluirO comentário, sendo da lavra de uma pessoa de sua estirpe, que além do mais é um filósofo e teólogo, além de dedicado diácono, fico querendo acreditar que não disse nenhuma besteira.
Portanto, fico de alma afagada e lustrada.
Muito obrigado por suas bondosas e elucidativas palavras de incentivo.
Abraço,
Elmar Carvalho
P.S.
ResponderExcluirE Deus é obra de si mesmo. (Corrigindo)
Nobre Poeta, parabenizo-o pelo excelente e corajoso texto, sobretudo pela excelente fundamentação contrária às assertivas do incensado físico. Infelizmente a Fé parece não ter habitado o coração machucado do estudioso, que preferia firmar crédito no nada do que aceitar as graças do Tudo.
ResponderExcluirCaro Araújo,
ResponderExcluirEstimo que o nobre amigo tenha gostado de nosso humilde.
Não tentei me defrontar com o ilustre físico, mas apenas tecer alguns comentários e expor umas ideias antigas, algumas expressa em poemas.
Abraço,
Elmar