sexta-feira, 20 de setembro de 2019

A Zona Planetária - Vênus

Fonte: Google


VÊNUS

Elmar Carvalho

Poema épico moderno, inspirado no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a mitologia greco-romana, a astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona Planetária cada um dos lupanares ostentava na fachada o nome e a imagem de cada um dos planetas, entre os quais Saturno e seus anéis. Irei, no blog, publicando cada uma das dez unidades desse relativamente longo poema.

Calipígia, a de belas nádegas,
envolta em véus diáfanos
de calor em seu azul,
nas camas nebulosas Cupido concebeu.
As Graças, cheias de graças mil,
formosas, pródigas em amabilidades
aos Risos, entravam no salão,
flechadas por Cupido no coração.
Himeneu às vezes retirava uma
das mulheres da vida do planetário
e às núpcias a conduzia
sob o brado das que ficavam:
Himeneu! Himeneu! Himeneu!
Calipígia, de belas nádegas navegantes,
de bela bunda popozuda e rebundolantemente ondulante,
de ondulantes ancas e colos coleantes
por mares bravios de cios,
com seu séquito de Graças e de Risos
imersa em seu manto azul
estampado de nuvens de espumas,
faz as honras do salão.
Bela deusa do amor,
fugiu do amor do
horrendo Vulcano e de
sua forja de relâmpagos e trovões
por órbitas nunca
dantes devassadas,
e ao amor de Adônis se entregou,
a quem morto muito muito pranteou,
a quem à vida, como anêmona
embora, à vida o retornou.
Sacerdotisa suprema do amor
– de todos os seus ritos e mistérios –
ao amor por inteiro se consagrou.   

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