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VÊNUS
Elmar Carvalho
Poema épico
moderno, inspirado no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a mitologia greco-romana, a
astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona Planetária cada um dos lupanares
ostentava na fachada o nome e a imagem de cada um dos planetas, entre os quais Saturno
e seus anéis. Irei, no blog, publicando cada uma das dez unidades desse
relativamente longo poema.
Calipígia, a de belas nádegas,
envolta em véus diáfanos
de calor em seu azul,
nas camas nebulosas Cupido
concebeu.
As Graças, cheias de graças
mil,
formosas, pródigas em
amabilidades
aos Risos, entravam no
salão,
flechadas por Cupido no
coração.
Himeneu às vezes retirava
uma
das mulheres da vida do
planetário
e às núpcias a conduzia
sob o brado das que ficavam:
Himeneu! Himeneu! Himeneu!
Calipígia, de belas nádegas
navegantes,
de bela bunda popozuda e
rebundolantemente ondulante,
de ondulantes ancas e colos
coleantes
por mares bravios de cios,
com seu séquito de Graças e
de Risos
imersa em seu manto azul
estampado de nuvens de
espumas,
faz as honras do salão.
Bela deusa do amor,
fugiu do amor do
horrendo Vulcano e de
sua forja de relâmpagos e
trovões
por órbitas nunca
dantes devassadas,
e ao amor de Adônis se entregou,
a quem morto muito muito
pranteou,
a quem à vida, como anêmona
embora, à vida o retornou.
Sacerdotisa suprema do amor
– de todos os seus ritos e
mistérios –
ao amor por inteiro se
consagrou.
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