terça-feira, 1 de outubro de 2019

A Zona Planetária - Terra




TERRA

Elmar Carvalho

Poema épico moderno, inspirado no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a mitologia greco-romana, a astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona Planetária cada um dos lupanares ostentava na fachada o nome e a imagem de cada um dos planetas, entre os quais Saturno e seus anéis. Irei, no blog, publicando cada uma das dez unidades desse relativamente longo poema. 

Pela teogonia dos mitos concebida,
do Caos a Terra foi erguida
e Urano gerou, o firmamento,
que filho e marido se tornou.
Rainha de minguado reinado
e de cortejo mais escasso: apenas
Diana, a lua, caçadora
e caçada multifária
com suas quatro fases/faces,
a casta chamada, a fugir de Orion
por entre os juncos dos nevoeiros esgarçados
que entremostram sua nudez.
Lua, amada e desejada, mas
por si mesma sempre negada.
Amante dos dementes e pródigos, no plenilúnio,
dos avaros quando nova,
teu crescente e minguante
são foices que não cortam não.
Em teu colo materno
mesmo as Fúrias se aplacavam.
De teu ventre irado
lavas e maldições são vomitadas
pelas bocas de fogo dos vulcões.
Azul planeta dos astronautas,
já devassado e sem segredo,
em que os faunos e as ninfas
do sexo conhecem todo mistério
e por isso, bocejando de tédio,
tomam novas posições jamais tomadas.   

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