VIDAL FREITAS -
A TOGA E A CÁTEDRA
Elmar Carvalho
Nesta
quarta-feira, conheci a Dra. Myrtes Freitas, irmã de meu colega e amigo Vidal
Freitas Filho, corregedora da Defensoria Pública do Estado do Piauí, que fora
inspecionar o polo sediado na Comarca de Regeneração, cujo titular é o defensor
público Ivanovick Pinheiro, que também exerce o magistério superior, com muita
proficiência. É uma pessoa simpática, de agradável conversação e interessada em
assuntos culturais.
Instigada por
mim, falou-me de seu pai, o honrado e saudoso magistrado Vidal Freitas. Colho
no livro Sua Excelência o Egrégio, da autoria do professor A. Tito Filho, a
informação de que ele nasceu em Oeiras em 1901, e de que fundou e orientou
jornais, em que escrevia sobre diversos assuntos. Foi professor de português,
latim, inglês e história. Fundador e diretor de colégios. Bacharelou-se na
Faculdade de Direito do Recife. Exerceu a magistratura em diversas cidades do
estado.
Segundo a referida
fonte, dominava o francês, o inglês, o alemão, o italiano e o espanhol, além de
conhecer profundamente o latim. Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico
Piauiense e à Academia Piauiense de Letras. Em 1971, aposentou-se como
desembargador. Perguntei à Dra. Myrtes se era verdade certo caso interessante e
um tanto anedótico de que ele fora protagonista. Contou-me o caso. O
desembargador Vidal era um homem sério e honrado, e bom e justo.
Quando era
professor da velha Faculdade de Direito, havia um aluno que trabalhava na então
toda poderosa Casa Inglesa, que era rígida com relação ao cumprimento de
horário. Por isso, esse aluno, forçosamente, chegava quase sempre um pouco
atrasado às aulas. O diretor da faculdade, por alguma razão que desconheço, passou
a fiscalizar a frequência dos discípulos. E certo dia foi inspecionar a
frequência dos alunos do desembargador.
Disse haver
notado que na lista de presença não constava a falta desse aluno, que ainda não
chegara. Vidal Freitas respondeu que ele viria, que já estava chegando. De
fato, naquele instante o aluno entrou na sala, e a sua presença ficou mantida.
Esse aluno galgou importante cargo público e conservou pelo mestre Vidal uma
amizade e gratidão, que perdurou até depois de sua morte.
Sua gratidão era
tanta, que um dia comentou para familiares de Vidal Freitas, quando ele já
havia falecido, mesmo sabendo que ele fora batista praticante, assim como sua
família, de que havia sonhado com o velho professor, e de que este lhe pedira a
celebração de uma missa.
A família,
claro, sabia que as suas convicções religiosas jamais lhe permitiriam fazer
esse tipo de solicitação, mas entendeu que a realização desse culto católico
era uma maneira de esse homem demonstrar a sua mais profunda gratidão pelo
desembargador Vidal Freitas, por quem nutria nobres e perenes sentimentos de
reconhecimento e amizade pelos benefícios
recebidos. E a missa foi celebrada, com a presença da Dra. Myrtes
Freitas.
18 de abril de 2010
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