terça-feira, 29 de dezembro de 2020

A história de um típico e bravo sertanejo



A história de um típico e bravo sertanejo

 

Zózimo Tavares

Jornalista e escritor. Presidente da APL

 

Pense em num cabra disposto, nascido nos confins dos Sertões de Dentro do Piauí, que aos 5 anos de idade já montava cavalo, semeava milho e feijão logo nas primeiras chuvas, tangia criações e tocava boi no engenho…

 

Esse menino atendia por Joaquim. Joaquim Rodrigues Martins – o seu nome completo. Era o segundo dos sete filhos do major Luiz Rodrigues de Sousa Martins com Ana Maria Clementino de Sousa Martins.

 

Joaquim, o menino criado solto na fazenda Canavieira, em Oeiras, era pentaneto de Valério Coelho Rodrigues, tronco da bicentenária família do Piauí que tem em seu neto Manoel de Sousa Martins, o Visconde da Parnaíba, uma de suas principais referências.

 

Ainda novo, porém já calejado nas labutas do cotidiano sertanejo, Joaquim casou-se com Jandira Nunes Martins, outra sertaneja de fibra.

 

Já era então um galego alto, de olhos azuis, esbelto, corpulento, de boa presença e benquisto em seu meio.

 

No comércio e na política

 

Sem abandonar as lidas do campo, fez-se também comerciante, no povoado Estreito, onde se destacava pela sua capacidade de trabalho e liderança.

 

Quando Joaquim tinha 38 anos, o povoado se emancipava, com o nome de Santa Cruz do Piauí, e ele se tornaria o primeiro prefeito do novo município, instalado em 1958.

 

Joaquim e Jandira tiveram 14 filhos. Os meninos foram crescendo e começaram a ganhar o mundo, atrás de estudo. A primeira leva foi para Oeiras.

 

Houve tempo em que, apesar dos muitos filhos que geraram, Joaquim e Jandira estavam praticamente com a casa vazia. Os filhos estavam espalhados por Oeiras, Campo Maior, Crato, Teresina, Recife, Fortaleza, Brasília e São Paulo.

 

Uma história de lutas

 

A história desse sertanejo típico, de prole numerosa e lutas hercúleas, está sendo contada no livro “Centenário de Joaquim Rodrigues Martins”, recém-publicado em Teresina.

 

A obra foi organizada pelo escritor e acadêmico Homero Castelo Branco, sua esposa Hilma Martins Castelo Branco e a filha Verônica Martins Castelo Branco, respectivamente, genro, filha e neta de Joaquim Rodrigues.

 

O livro traz depoimentos dos filhos Edgar, Edvar, Luiz Neto, Darci, Hilma, Socorrinha, Brivaldo, Teresinha, Rubem, Inaldo, Jandira Maria, Joaquim Júnior e Wilson Martins. E também dos netos.

 

Nascido em 18 de agosto de 1920, Joaquim Rodrigues faleceu em 2 de novembro de 2007, aos 87 anos.

 

Sua história é também a história de muitos sertanejos de seu tempo, que enfrentaram bravamente as adversidades do meio e da época para criar e educar uma numerosa família.

 

O tempo mostrou que o esforço valeu a pena. Seus filhos se destacaram nas mais diferentes atividades profissionais e políticas que abraçaram, prologando a história do pai como um exemplo.    

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