3 POSTAIS DE PARNAÍBA
Elmar Carvalho
POSTAL
I
As águas podres
da vala da Quarenta
tomam banho nas águas puras
do Igaraçu,
nas imediações da Munguba,
onde bêbados pobres de
dentes podres
dizem coisas doces por
entre
o bafo azedo de vômito e de
cachaça.
Um bolero, o tilintar de copos,
os ruídos
da noite e os gemidos de
camas e casais
completam as cenas e o
cenário.
POSTAL II
No cais da beira-rio
lavadeiras sem roupas
lavam as roupas dos ricos.
O vento brinca de pegar
parelha com o Igaraçu
e venta vadio no ventre
das velas dos veleiros e
verga suas vigas entre
vagidos e volatas.
À noite filhos-de-papais
tomam cerveja e Coca-Cola
encostados nos carrões,
enquanto as lavadeiras
passam as roupas lavadas.
A noite passa. Passa o
vento.
Passa o rio, o
riso/rosa
rápido passa.
POSTAL
III
Hoje o Porto Salgado
sal’do
nominal
do
naufrágio
de uma barcaça de sal
é salamargo na lembrança
dos vareiros e
embarcadiços.
E a água do Igaraçu
é uma lágrima de saudade
(ou
sal’dade?)
do fastígio de outrora.
Os parcos barcos são
poemas de chegadas e partidas
e símbolos da decadência.
Esses textos, principalmente a da Vala da Quarenta, dava umas boas músicas, com as melodias corretas!
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