domingo, 20 de junho de 2021

Josélia


Josélia, em tela de Rogério Albino

JOSÉLIA


Elmar Carvalho

 

(Em lembrança de minha irmã falecida aos

 15 anos de idade, em 02 de julho de 1978.)

 

Fui pisado

pela terra.

Fui pisado

pela terra,

eu que sempre

procurei pisar

nas nuvens e

no céu.

 

                             Sem dormir sonhei,

                             mas o sonho acabou

                             antes de haver começado.

                             (Ainda bem, porque

                             o sonho era mau.)

 

Sonhei que minha

irmã morrera,

mas ela não morreu.

Era tão cheia de vida

que continua viva

na lembrança dos

que ficaram.

Ela continua viva

porque houve apenas

uma metamorfose

existencial.

 

                             Seu sorriso

                             seu (e)terno sorriso

                             sem precisar da

                             matéria para

                             ser desfraldado

                             continua estampado

                             em seu rosto

                             imaterial.

 

Josélia tinha a pureza dos inocentes

a inocente malícia dos felizes

e a beleza dos que não são

deste mundo cão.

Por isso foi

para o céu de

onde (vi)era.   

2 comentários:

  1. Houve somente uma "metamorfose existencial". Ainda bem! Que sentido teria a vida, se tudo se acabasse com o desencarne?! Como Deus é perfeito, não teria creado nada imperfeito, principalmente aquele que é a Sua Imagem. Nem nos crearia para o isolamento, solidão.
    O encontro, é certo.

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  2. Acredito que a vida continuará, numa das várias moradas do Pai, como disse Jesus.

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