terça-feira, 13 de julho de 2021

Resgate histórico



Resgate histórico 


Carlos Rubem


Foi o Professor Possidônio Queiroz o idealizador da criação do Ginásio Municipal Oeirense. Em fevereiro de 1944, promoveu, na casa do Sr. Mário Freitas, uma reunião com elementos de destaque da cidade para tratar desse assunto. 


Em seguida, dirigiram-se ao prefeito Orlando Carvalho (Coronel), que anuiu com a aludida reivindicação após a exposição de motivos elencados.


Para logo, o alcaide “obteve do interventor federal no estado — Leônidas Melo — a aprovação de um crédito de trezentos mil cruzeiros (cr$ 300.000,00), e com ele deu começo a execução da obra projetada, tendo adquirido planta, grande compra de material e local apropriado em que  fez abrir um poço tubular.”


Tendo sIdo o Coronel Orlando apeado do poder com o fim da getulina ditadura, no final de 1945, Oeiras, a partir de então, foi governada por prefeitos nomeados, em curtos períodos, durante a redemocratização do país.


Coube ao prefeito Rocha Neto, eleito em 1948, a efetiva construção daquele educandário, o qual passou a funcionar, sob direção da Diocese de Oeiras, em 1952, na gestão do prefeito Laurentino Pereira Neto. 


O escritor nativo Bugyjja Brito, radicado no Rio de Janeiro, voluntariamente, muito colaborou para superar os entraves burocráticos visando à autorização  do funcionamento do educandário em comento junto ao Ministério da Educação. Tudo conseguido com muita dificuldade.


Em 1969, o GMO foi, miseravelmente, extinto em face de um contexto político em que figuravam, dentre outros, o bispo Dom Edilberto Dinkelborg, o prefeito João Nunes e o, então, padre Balduíno de Deus Barbosa, Secretário Estadual de Educação. 


Na ocasião, dois solitários, a saber: o Professor Possidônio Queiroz e o padre David Ângelo Leal se insurgiram contra este verdadeiro crime de lesa-pátria, mas o establishment era vigoroso.


O alunato passou a estudar no recém-criado Colégio Estadual de Oeiras, hoje, Unidade Escolar Farmacêutico João Carvalho.


A Câmara Municipal de Oeiras, numa demonstração de pleno servilismo, autorizou a doação do prédio em comento para o patrimônio imobiliário do Estado do Piauí. Imperdoável erro político-administrativo. Um simples contrato de comodato seria uma solução menos traumática.


Ademais, os senhores edis instituiram um crédito orçamentário especial para custear as despesas de escriturárias. Houve apenas um voto contrário, o do vereador Acelino Lopes. 


No ano seguinte (1970), naquele equipamento público passou a funcionar a Escola Normal Oficial de Oeiras, por bons 33 anos. Impossível não se referi ao Padre David, de saudosa memória, seu primeiro diretor, que também exerceu tal função à testa do GMO.


Com o furor da expansão do ensino promovido pela Universidade Estadual do Piauí - UESPI, no governo Mão Santa, foi criado o Campus Universitário Professor Possidônio Queiroz, através da Lei n° 5.382, de 13 de abril de 2004, de autoria do Deputado Estadual Mauro Tapety, cuja inauguração formal se deu no âmbito da primeira edição do Festival de Cultura de Oeiras, no dia 15 de agosto de 2004, contando com a honrosa presença do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, que pronunciou uma de suas afamadas aula espetáculo.


Com a evolução dos fatos, na expectativa da adoção de novos cursos a serem oferecidos à população do Território do Vale do Canindé, o prédio em que abriga a UESPI local não mais comporta a presente e futuro demanda.


Diante desta conjuntura, em muito boa hora o Deputado Federal Assis Carvalho (1961 - 2021), oeirense de boa cepa, muito se empenhou para que fosse construída uma nova e adequada sede da UESPI, na Primeira Capital.


Para este desiderato, aludido parlamentar moveu terras e mares. Com considerável atraso, esta obra está em fase de conclusão (70%). Se o governo do estado quiser — haja paciência! —, marcaremos este tento já no início do ano vindouro, no máximo.


Neste cenário projetado, o Estado do Piauí, por iniciativa do governador Wellington Dias, nosso ilustre conterrâneo, bem que poderia, ou melhor, deveria fazer um justo resgate histórico: reverter ao acervo patrimonial do município o antigo prédio do Ginásio Municipal Oeirense.


Para tanto, ante o manifesto interesse público, as forças vivas da velha cidade cansada de guerra devem se unir, manter diálogo republicano. Evitar proselitismos político, vaidades tolas.    

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