Posse de Elmar Carvalho, no D. Acad. 3 de Março: Jorge Luís, Elmar, Fonseca Neto, Horácio da Costa Mourão e Lindalva. |
UMA LEMBRANÇA ANTIGA DO FONSECA NETO
Elmar Carvalho
Após sua concorrida festa de posse, encontrei ontem, na APL,
o novel acadêmico Fonseca Neto. Perdi o posto de “benjamim” para ele, que fica
agora na extremidade dos modernos, enquanto a professora Nerina Castelo Branco
continua na extremidade dos mais antigos, ocupando o decanato. Seu longo
discurso, foi bastante encurtado pela emoção e beleza do conteúdo, que nos
prendeu a atenção e nos arrancou aplausos. Tive a honra e a satisfação, na
qualidade de 1º secretário da Academia, de ler o seu termo de posse, e fiz
questão de fazê-lo em alto e bom som.
Conheço-o faz mais de trinta anos, quando ele esteve na
solenidade em que tomei posse do cargo de presidente do Diretório Acadêmico “3
de Março”, em Parnaíba. Depois, o apoiei em sua campanha vitoriosa para o
Diretório Central dos Estudantes – DCE-UFPI. Em 1979, encontrei-me com ele na
praia de Atalaia, oportunidade em que sorvemos umas cervejas, e entramos em
altos “papos”, de conteúdo cultural, político, ideológico, histórico, que a
nossa ardente e emotiva juventude impulsionava.
Estiveram conosco outras pessoas, que as brumas do tempo já
diluíram em nossa memória, mas, eu e ele, achamos que poderiam ser, entre
outros, o Reginaldo Costa e o Bernardo Silva, do jornal Inovação, e talvez o poeta
Alcenor Candeira Filho. Afinal, assim já se passaram mais de trinta anos. No
calor e empolgação da conversa – e por que não confessar? – da libação etílica,
perdemos a noção da passagem do tempo, e o fato é que o nosso bravo e novel
acadêmico Fonseca Neto perdeu o bonde (no caso, o ônibus que o transportara ao
litoral), mas não perdeu a esperança, como Drummond, em seu poema.
Seguiu comigo para Parnaíba, em minha motocicleta CG-125.
Mas, para novo infortúnio do Fonseca, quando nos aproximávamos da cidade, minha
moto parou de funcionar por falta de gasolina. Para atenuar a minha culpa, pela
possível imprevidência, devo esclarecer que esse modelo de veículo não possuía,
na época, mostrador de combustível, mas apenas um dispositivo manual para
colocação na reserva.
Quando nos sentíamos desamparados, eis que um automóvel
Brasília parou ao nosso lado. Era o deputado Elias Ximenes do Prado, meu
conhecido, que nos oferecia carona. Aliás, em muito boa hora, pois o Fonseca
conseguiu embarcar em ônibus da extinta empresa Marimbá, cuja agência ficava na
avenida Capitão Claro, quase no cruzamento com a Álvaro Mendes. Consta que no
outro ônibus, que trouxera o Fonseca, os seus colegas voltaram entristecidos,
achando que ele teria se afogado ou teria sido arrebatado por alguma entidade
marinha, e ido para as encantadas terras do sem fim.
O deputado Elias me levou a um posto de combustível, onde
adquiri gasolina, e me conduziu até onde ficara minha motocicleta, que voltou a
funcionar a pleno vapor. E voltei a varar o tempo e o vento, parafraseando um
poema de Alcenor, dos nossos bons tempos de motociclistas.
7 de março de 2010
Muito boa a história!!
ResponderExcluirFico contente de que o amigo Getirana tenha apreciado.
ResponderExcluirBela Lembrança. Na época, suponho, que a pessoa tinha que calcular quantos kilometros percorria para abastecer a moto. Como falamos na caserna quando acontece algum imprevisto: "tem que ter história", para contar depois.
ResponderExcluir