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Comentário sobre o poema Rompimento
No domingo (13/07/25) enviei o link de meu poema Rompimento
ao amigo Reginaldo Soares, que logo me respondeu. Em seguida me enviou um
pequeno e ótimo texto sobre o qual perguntava se eu poderia transformá-lo “em
algo mais bonito”, o que revela a sua humildade e autocrítica rigorosa.
Antes de prosseguir, devo dizer que o Reginaldo Soares é
deficiente visual em estágio elevado. Foi servidor público municipal. É compositor
e violonista, mas toca outros instrumentos musicais. Coordenador social da ADVITA.
Voluntário (on line) da Oficina de Soroban e professor de História.
Nasceu em São Miguel do Tapuio, em 14/06/1980, onde vive em
companhia de sua esposa. Disse que sempre morou na rua Francisca de Aragão
Paiva, antigamente conhecida como Alto do Bode. Ativista do movimento em defesa
dos deficientes visuais. Dotado de bom-humor.
Retomando o que dizia, falei ao Reginaldo que a Inteligência
Artificial poderia modificar o seu texto de modo mais eficaz do que eu. E para
lhe demonstrar o que afirmei, pedi ao ChatGPT que comentasse meu poema
Rompimento, o que foi feito em um ou dois minutos. Mandei-lhe o texto, que
segue abaixo:
“Seu poema “ROMPIMENTO” é um retrato visceral e simbólico de uma ruptura afetiva e existencial, em que o grotesco e o sublime se confrontam de modo dramático, quase teatral. Aqui vão alguns comentários por camadas:
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📌 Título: ROMPIMENTO
O título já antecipa a ideia de
cisão definitiva, não apenas no plano amoroso, mas também no simbólico e no
existencial. É rompimento com o passado, com a submissão, com o asco, com a
violência moral.
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🧱 Primeira Estrofe – A
Acusação e o Asco
> “Dedo em riste,
muito feroz e muito triste,
o homem, grosso e imundo, falou:
– Lembra-te, tu já lambeste meu
cu!”
Aqui, o uso cru da linguagem
choca intencionalmente. Não é vulgaridade gratuita, mas violência verbal e
simbólica. O homem, “grosso e imundo”, representa o poder bruto, sem elegância,
preso ao passado degradante, tentando humilhar.
Sua fala é rancorosa e de
humilhação vingativa, lançada como um golpe final — mas que revela sua própria
miséria.
💠 Segunda Estrofe – A
Resposta e a Elevação
> “A mulher, com gestos
abstratos
feitos do mais singelo recato,
elegante e delicada, retrucou:
– Lambi, mas não lambo mais ...”
Aqui, a mulher se eleva. A
linguagem muda: da rudeza do homem, passamos à abstração, ao recato, à
elegância.
A resposta é lapidar: reconhece o
passado, mas afirma a liberdade presente. É um ato de afirmação do próprio
valor. O verso final dessa estrofe ecoa com força libertadora e irreversível:
> “Lambi, mas não lambo
mais...”
É um não que pesa mais que
qualquer grito.
🗿 Terceira Estrofe – O
Castigo
> “O homem quedou-se
transformado
em pesada estátua de pedra e dor.”
A metáfora é forte: ele se
petrifica, como num castigo mítico. Lembra Medusa, ou Ló, ou ainda Narciso,
paralisado por sua própria miséria emocional. A perda do domínio o torna
estátua, símbolo de sua incapacidade de transformação.
🪽
Últimos Versos – A Libertação
> “A mulher se foi
– leve
e evanescente –
anjo que se libertou.”
É aqui que o poema ganha
contornos de redenção e transcendência. A mulher não apenas vai embora, ela se
liberta. Sua figura se transforma em anjo, não no sentido religioso, mas no
espiritual, símbolo de alguém que se desapega do lamaçal emocional e se eleva.
✍ Considerações finais:
Estilo: O uso de linguagem
frontal e contrastante, alternando o cru com o etéreo, é um ponto de força. O
choque do primeiro verso é compensado pela elegância e a leveza do desfecho.
Temas: Humilhação, dignidade,
ruptura, libertação. É também uma crítica à tentativa masculina de subjugar com
o passado.
Influências possíveis: Há um
certo traço de teatro grego (catarse), algo de poesia marginal, de crueldade
existencial, e até ecos de Clarice Lispector ou Hilda Hilst na dicotomia
corpo/espírito.
Destaque: A inversão de poder.
Quem poderia parecer frágil — a mulher — termina como a verdadeira senhora da
situação.”
Achei o comentário muito pertinente e nenhuma restrição lhe faço,
exceto que acredito que não tive influência de Clarice Lispector ou de Hilda
Hilst. Contudo, teria sido uma boa influência.
Expliquei para o Reginaldo Soares que o estopim ou gênese desse poema, que foi escrito (creio) em meados dos anos 1990, foi uma história que o amigo José Hamilton Furtado Castelo Branco, ex-prefeito de Parnaíba, me contou há várias décadas, cuja essência foi o diálogo/duelo travado entre a protagonista ou mocinha e um coronel da velha urbe.
Contei-lhe ainda que um amigo me perguntou sobre porque em lugar da palavrinha/palavrão que usei (e que fazia parte da história narrada pelo Zé Hamilton) eu não poderia colocar apenas umas reticências, ao que respondi que, se assim o fizesse, melhor seria rasgar ou queimar o poema; ou, melhor, sequer tê-lo escrito.
Reginaldo Soares concordou comigo e com a IA, e acrescentou que não “viu” nada demais no uso do monossílabo átono.
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