segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Crônica/missiva de Marcondes Araújo

 

Criação: AI Gemini

Estimado camarada Elmar,

Amigo, li atentamente sua crônica intitulada “Tempos republicanos” e me fez lembrar alguns momentos e outras sentimentalidades. Nunca morei em república, mas meu irmão Chico Wilson, morou numa em São João dos Patos, no Maranhão, quando foi assumir o cargo de bancário do BB nos anos 70. Portanto, quando eu ia de férias visita-lo ficava hospedado em uma república aos moldes talhados por você no seu texto.

Ainda sobre seu texto, creio que o cidadão Carlos a que você se refere deve ser o mesmo que foi meu colega de tralhado na Secrel. Tratava-se de um cidadão alto, claro e usava óculos, porém com mais destaque sobre sua postura proativa de se determinar aos afazeres profissionais. Salvo melhor juízo ele era contador e abdicou do emprego na Secrel para laborar por conta própria.

Sobre a Da. Mariema e o tenente Jaime da Paz, genitores do seu ex-colega de república, Jaime Filho, lembro desse casal visitando minha sogra, Maria Carmelita Sousa do Monte, aqui na cidade de Altos. A Da. Mariema, por coincidência dos fatos, foi colega de pensão da minha sogra, num casarão comandado por Da. Justina Ferreira, nos anos 60-70, cujo prédio situava-se na Rua Paissandu, frontal ao antigo Hotel Teresina e próximo do antigo quartel da Polícia Militar, na gregária Praça Pedro II, em Teresina.

Também passei a me situar melhor com esse texto, pois me lembro do seu poema “A Casa no Tempo”, um dos primeiros poemas de sua lavra que pude ler e meditar. Crio que até fiz um comentário sobre ele no seu blog. Agora, com mais descrições, me situo com mais precisão sobre suas intenções e a atmosfera de seu entusiasmo ao escrevê-lo.

Porém, queria me referir que ainda neste mês de setembro último recebi em minha chácara aqui em Altos, o amigo Adolfo Ferreira, casado com uma prima de minha esposa, chamada Fernanda, filha do saudoso contador Hugo Melo. Ele é policial civil e cidadão pacato, sereno e de boas conversas. É que ele morou na antiga Casa do Estudante, em Teresina, cujo casarão encravava-se próximo à antiga Penitenciária, a qual foi demolida para construção do ginásio de Esportes Verdão.

Em nosso diálogo tive a curiosidade de indagar justamente como funcionava aquela Casa do Estudante. Ele fez um relato curioso e instigante para uma boa pesquisa. Narrou sobre várias personalidades que vieram do interior do Piauí e do Maranhão e que, em vida estudantil, se hospedaram e moraram naquele recinto. Foram inúmeros e variados os destaques que “venceram na vida” e eram egressos daquela saudosa república de estudantes. Segundo ele, alguns desses destaques foram: Professor Cineas Santos, atual vice-reitor da UFPI, Nouga Cardoso ex-reitor da UESPI, atual superintendente da CEF, médicos, professores, etc.

Sem buscar qualquer destaque em cargos relevantes ou de status social, entendi o quanto aquele prédio abrigou de gente que se destacou posteriormente em vários cenários da vida produtiva do Piauí ou se tornaram pacíficos citadinos que contribuíram para a vida útil da nossa região.

Acertei com o Adolfo que voltaremos a nos encontrar para debater mais sobre esse período, sobre os mecanismos de seleção dos estudantes, sobre a vida cotidiana dos estudantes e a respeito do desfecho profissional da maioria, entre outras coisas. Talvez buscando informações (entrevistas) com outros remanescentes daquele período, fosse útil reacender e fustigar a curiosidade histórica daquele albergue de estudantes, hoje enterrado na memória da cidade de Teresina.

Quiçá, muitos dentre eles, igualmente a você, possam trazer episódios de grande importância histórica e, quem sabe, também possam suscitar “nas músicas passionais de algum boteco / criando ressonâncias que repercutem / insistentemente como eco”.

3 comentários:

  1. Como é bom as recordações do tempo das missivas parece novelas.

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  2. O Carlos de minha crônica é o mesmo ao qual você fez referência.

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