Elmar Carvalho
22 de abril
LIVRO E DISCOS VOADORES
Anteontem aconteceu o lançamento de “Seleta em Verso e Prosa” de Alcenor Candeira Filho, meu amigo há mais de trinta anos. Nutrimos uma admiração e respeito recíprocos. Já há algum tempo lhe “cobrava” uma antologia que contemplasse também seus textos mais antigos, que sempre admirei, e que achava importantes pela “parnaibanicidade” de que estavam impregnados. O Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos, excelentemente, apresentou a obra, através de texto em formato de crônica. O Alcenor fez algumas contextualizações e esclarecimentos necessários. Em suma, foi uma grande festa, de cultura e de congraçamento, em que pude rever caros amigos. Estou me refestelando com os belos textos enfeixados na antologia. No decorrer do farto coquetel, conversei com o amigo e poeta Jorge Carvalho, e admirei, mais uma vez, a sua memória prodigiosa. Disse-me que, entre os guardados de sua mãe, descobriu um pequeno convite para a missa de sétimo dia de minha irmã Josélia, tragicamente morta no esplendor de seus quinze anos, em desastre automobilístico, em 2 de julho de 1978. Em determinado ponto, falamos em almas ou espíritos, já que o Jorge é espírita convicto e praticante. Das almas derivamos para discos voadores. A escritora Dilma Pontes nos instigou a contarmos algum caso sobre esses objetos voadores. O Jorge, que é meu amigo faz mais de trinta anos, desde quando ele ainda era estudante universitário no Recife, e me dava o prazer de visitar-me nos Correios de Parnaíba, quando vinha de férias, lembrou-se de que eu tinha uma antiga experiência a esse respeito. Narrei o fato que me aconteceu. Eu fora com o Reginaldo Costa, do jornal Inovação, levar um recado do sociólogo Antônio José Medeiros a uma pessoa que morava perto de Chaval (CE). Fomos em minha motocicleta. Quando voltamos, em certo ponto da estrada, já noite fechada, vimos umas luzes, arredondadas, mais ou menos da altura do teto de uma casa, no meio do breu total da noite. Parei a moto. Eu e o Reginaldo olhamos essas luzes sem nenhum receio. As luzes pareciam suspensas sobre uma grande árvore, como bolas natalinas, porém maiores que estas. Logo descartei todas as possibilidades “lógicas”: não eram fagulhas de fio elétrico encostado em folhas, porque elas caem, são avermelhadas, pequenas, efêmeras e não são redondas; não podiam ser folhas, flores ou brotos fosforescentes, porque estes são de baixa luminosidade e também não têm forma arredondada definida, e por estas mesmas razões não poderiam ser fogos-fátuos, que, além do mais, oscilam ao sabor do vento. Achei prudente prosseguir em direção a Parnaíba. Chegando ao povoado Olho d'Água, resolvi parar em um boteco que havia na beira da estrada, que achei simpático por imitar um carroção antigo, todo de madeira. Tomamos umas três doses de pinga, pagamos algumas para umas pessoas presentes, e contamos o caso. Dissemos a que distância ocorrera. Os nativos nos informaram que no local indicado aconteciam alguns fatos misteriosos, e que lá já apareceram alguns animais mortos, inclusive jumentos, como se tivessem sido sugados ou drenados; não apresentavam uma gota de sangue. Com efeito, o imaginário popular fala em certos “chupa-cabras”, uma espécie de vampiros vindos do espaço sideral. Não conversei mais sobre este assunto com o Reginaldo. Parecia termos feito um pacto de silêncio. Contudo, uma única vez, muitos anos depois, puxamos esse caso. A lembrança que eu tinha era a mesma que ele conservava, o que parece dar credibilidade à história, que asseguro ser verídica. Não tenho explicação para o acontecido, mas os mistérios são mesmo sem explicação. Caso contrário, não seriam mistérios.
" Há muitas moradas na casa de meu Pai..." Pretensão grande a nossa, imaginar que o universo foi criado para nossa contemplação.
ResponderExcluirVisito diariamente este blog. Gostos das suas histórias ou estórias. Esses seus textos, especialmente de vivência em Parnaíba, são envolventes. Dou preferência a Parnaíba porque, razão desconhecida, de repente fui parnaibana em outra encarnação (?), Parnaíba seria a minha Alexandria. Abraços da amiga Rita de Cássia Amorim Andrade.
ResponderExcluirPrezada Profa. Rita de Cássia,
ResponderExcluirPara mim é motivo de muita honra e satisfação ter o blog visitado por pessoas de sua estirpe intelectual. Com referência a esses relatos dos supostos discos voadores não posso dizer o que eram, mas apenas que foram acontecimentos incomuns, cuja explicação deixo para os sábios, cientistas e latifundiários da verdade, sempre cheios de empáfia e sempre repletos de suas pretensas certezas.