Elmar Carvalho
o búzio
- pequeno castelo
ou gótica catedral -
sobre a mesa avança
envolto em ondas e vendaval
anda ondulante
onda cavalgante
onda ante onda
atraído pelo chamado
do mar avança
chamado que carrega
nas espirais e labirintos
de sua concha côncava
avança e
lança sobre mim
a tessitura exata
de sua arquitetura
abstrata e surreal
avança
unicórnio lendário
protuberante
rinoceronte bizarro
surfista extravagante
em forma de chapéu
lentamente
avança co-movido
pelo chamado das ondas
que em si encerra
em seu ventre vazio
onde o vento em voluteios
é a própria voz do mar
oh, búzio caprichoso
como as curvas e volutas
de um corpo de mulher...
sexta-feira, 23 de julho de 2010
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Depois do primoroso texto sobre a criativa proposta de recuperar o que sobrou do cemitério velho de Campo Maior, eu já estava até fazendo as pazes com a ideia de que um dia vou morrer. Eis que de repende mudei radicalmente meu pensamento com relação à "indesejada"; morrer de jeito nenhum! E como sobreviverei, mesmo na outra vida, sem estes búzios? Neste momento, e já que a carne é fraca, a fé em Deus tem que ser maior do que todos os oceanos lotados de búzios e até de ostras, meu fruto do mar preferido.
ResponderExcluirMestre Netto,
ResponderExcluirGostei desse seu surto repentino de entusiasmo pela vida, e também do seu interesse gastronômico pelos frutos do mar. Fico feliz de que o meu poeminha tenha contribuído para essa sua voracidade. P. s.: ainda pensei em colocar umas aspas em gastronômico... apenas para enfatizar e embelezar a palavra.