sexta-feira, 1 de outubro de 2010

E AMIGOS DE VERDADE FICAM PARA SEMPRE EM NOSSOS CORAÇÕES...

HORÁCIO LIMA

Foto surrupiada, através da internet, do blog Bitorocara, do amigo Netto (link ao lado). É uma forma de homenagear o jornal A Luta, em que comecei a publicar meus textos, aos 16 anos de idade. Octacílio Eulálio era um dos colaboradores e incentivadores do periódico. (Elmar)


Andou por aqui em junho nos festejos um amigo que não via há uns bons trinta e tantos anos. Desses amigos que reencontramos através do blog Bitororocara. Antes de vir trocamos e-mail. Ele me dizia que viria porque queria me reencontrar depois de tantos anos. Trouxe consigo uma foto que eu já nem me lembrava mais que existia, de quando nos encontramos em São Paulo, capital, nos idos dos anos 70. Horácio é o nome dele, irmão do De Paula, velhos companheiros do sofrimento de fazer o saudoso jornal A LUTA, junto com Severo, Carioca, Milanês e quantos outros. Na última vez que nos vimos aqui me deu um texto escrito num papel, do qual transcrevo trechos onde fala de fatos que eu não me lembrava mais, como quando ele começou a trabalhar no jornal como gráfico. (Zeferino Alves Neto - ZAN)

Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado nosso caminho.
Às vezes por ter me dado um minuto de sua atenção e me ouvido falar de minhas angústias.
E amigos de verdade ficam para sempre em nossos corações, assim como as pegadas na alma são indestrutíveis.
Nesse caminho cruzei com Zan e num momento de impulso lhe abordei na sua bicicleta ali próximo ao Mercado Velho.
Foi um impacto de improviso, pois meu objetivo era lhe pedir uma vaga para trabalhar no Jornal A Luta. Zeferino concordou em conversar comigo no dia seguinte lá na sede do jornal, seria o meu primeiro emprego na cidade. Fui para casa com essa expectativa.
Cheguei ao jornal ali na avenida José Paulino nas primeiras horas da manhã do dia seguinte, logo depois chegou o Zan, cabisbaixo e coçando repetidas vezes os seus primeiros fios de barba branca, dirigiu-se ao canto da sala onde estava uma surrada e velha vassoura de palha de carnaúba que me entregou e disse:’comece por aqui varrendo a sala’... eu não me intimidei e obedeci a sua determinação.
Se naquele dia e momento eu tivesse ouvido um não, talvez fosse a minha maior decepção e frustração, tanto era o meu desejo de ingressar, talvez eu tivesse um dom natural de escrever e ler poesias e me admirava as matérias publicadas no jornal.
Guardo com gratidão e honradez esse gesto de atenção e bondade do Zan, ressaltando que na época do jornal A Luta, trabalhávamos com as ferramentas herdadas de Gutemberg, pois não tínhamos a tecnologia de BillGates.
Tínhamos sim, naquele jornal, muita energia de corpo e alma, coragem, diligência, zelo, ânimo, vigor, esforço individual e comprometimento com a população local, cuja redação era composta por Totó Ribeiro, Octacílio Eulálio, Zeferino Alves Neto, Ernani Napoleão, Zé Branco, José Miranda Filho, Áurea Paz, Jesus Araújo, Jesus Paz, Teresinha Nascimento e tantos outros. Resumindo: adentrei-me no berço da cultura campomaiorense.
Caro Zan, é muito gratificante quando alguém não fale um Não e te dê uma oportunidade e com o passar dos anos, esse seu gesto de bondade ficou fixado na minha memória e na história do jornal A Luta.
Entendo que cada ser humano tenha o seu sentimento diferenciado e você fez a diferença a meu favor.
Se eu não tivesse ingressado no jornal ou ouvido uma negativa , talvez hoje, não tivesse aqui relatando essa pequena história real de vida e gratidão.
A minha última colaboração e empreitada pelo jornal A Luta, deu-se em janeiro de 1973, quando deixei a rua Cel. Eulálio Filho, antiga casa do Estudante, com profundas saudades e tristezas, dali para frente um futuro incerto e hoje sabido.
Caro Zan, a vida não é uma corrida, mas sim uma viagem que deve ser desfrutada a cada passo. Lembre-se, caro Zan, ontem é história, amanhã é mistério e hoje é uma dádiva, por isso se chama PRESENTE

Horácio,
Junho/2009


GRANDE HORÁCIO, VOCÊ ME DEU UMA FACADA NO PEITO, COMPANHEIRO...

Nesta foto que tiramos no Parque da Luz, em São Paulo, por volta de agosto de 1973, em que estamos além de mim e você, os conterrâneos Miguel Ribeiro, Carlos Amaral e Dora Ibiapina, quanta lembrança daqueles tristes anos de sofrimento naquele fim de mundo que era e é São Paulo, eu magérrimo, me recuperando de uma gripe de quase me leva pro túmulo (talvez não tenha morrido porque apareceu lá na quitinete em que dividíamos nossa saudade apareceu o Dora Ibiapina fazendo aqueles bolinhos de farinha com ovo que aos poucos me levantaram as forças pra que os remédios que eu tomava fizessem efeito...) Dora deve ta no céu com aquele seu jeitão tranqüilo e sorriso maroto de amigo e companheiro... Miguel e Carlos estão por aqui por perto. Você continua heroicamente resistindo em São Paulo. Cara, é impossível controlar as lágrimas enquanto digito este texto. Sinal de que ainda estamos vivos e viveremos por mais uns decênios, pelo menos... (ZAN)

2 comentários:

  1. Amizade é conquista de almas que se enlaçam no amor recíproco, assim simplesmente.

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  2. Sr. Octacilio Eulálio, pessoa circunspecta, defensor de suas idéias, caprichoso nos mínimos detalhes.

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