quarta-feira, 3 de julho de 2013

"Vem...Esperar não é saber..."


José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

No momento em que milhares de brasileiros vão às ruas, inebriados de sentimento democrático, acendem-me velhas músicas esculpidas de letras bem elaboradas e ricas de metáforas. Que tal repeti-las no asfalto, cantadas nas rádios, em substituição a muitas porcarias que se ouvem por aí? Esta obra-prima de Geraldo Vandré: "Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Somos todos iguais/Braços dados ou não/Nas escolas, nas ruas/Campos, construções/Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Vem, vamos embora/Que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer/Pelos campos há fome/Em grandes plantações/Pelas ruas marchando/Indecisos cordões/Ainda fazem da flor/Seu mais forte refrão/E acreditam nas flores/Vencendo o canhão/Vem, vamos embora/Que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer/Há soldados armados/Amados ou não/Quase todos perdidos/De armas na mão/Nos quartéis lhes ensinam/Uma antiga lição:/De morrer pela pátria/E viver sem razão/Vem, vamos embora/Que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer/Nas escolas, nas ruas/Campos, construções/Somos todos soldados/Armados ou não/Caminhando e cantando/E seguindo a canção/Somos todos iguais/Braços dados ou não..."

No aeroporto de Paris, um adolescente de Lisboa ouvia-me conversar, em português, com colegas brasileiros, no ponto de venda de discos. O jovem aproximou-se: "Por favor, você pode me informar em quais destes discos de Chico Buarque posso encontrar o título daquela música "o que será que será"? Respondi-lhe: "O título é esse mesmo". Chico, admirado na Europa, por que não o lembrar, pelo menos neste momento de orgasmo nacional?
"Que será que será/Que andam suspirando/Pelas alcovas?/Que andam sussurrando/em versos e trovas?/ Que andam combinando/No breu das tocas?/Que anda nas cabeças,/Anda nas bocas?/Que andam acendendo/Velas nos becos?/Estão falando alto/Pelos botecos/E gritam nos mercados/Que com certeza/Está na natureza/Será, que será?/ O que não tem certeza/Nem nunca terá!/O que não tem conserto/Nem nunca terá!/O que não tem tamanho.../O que será que será?/Que vive nas ideias/Desses amantes/Que cantam os poetas/Mais delirantes/Que juram os profetas/Embriagados/Está na romaria/Dos mutilados/Está nas fantasias/Dos infelizes/Está no dia a dia/Das meretrizes/No plano dos bandidos/Dos desvalidos/Em todos os sentidos/Será? Que será?O que não tem decência/Nem nunca terá!/O que não tem censura/Nem nunca terá!/O que não faz sentido.../O que será? Que será?/Que todos os avisos/Não vão evitar/Porque todos os risos/Vão desafiar/Porque todos os sinos/Irão repicar/Porque todos os hinos/Irão consagrar/ E todos os meninos/Vão desembestar/E todos os destinos/ Irão se encontrar/E mesmo Padre Eterno/Que nunca foi lá/ Olhando aquele inferno/Vai abençoar!/O que não tem governo/Nem nunca terá!/O que não tem vergonha/Nem nunca terá!/O que não tem juízo...(2x)"

Os protestos de rua ecoaram, em poucas horas, em Brasília: derrubaram a famigerada PEC 37. Falta a 33, em homenagem aos 33 anos de PT. Um corrupto deputado federal está na cadeia. Queremos mais: Redução de parlamentares, senadores e ministérios; Fidelidade partidária absoluta; Ampliação do Ficha-Limpa; Cadeia imediata para corruptos; Fim de suplentes de senador; Voto distrital; Voto em sigilo, não; Financiamento de campanhas eleitorais, não; Redução de partidos; Reforma política urgente, já para 2014; Redução da maioridade; Ataque nas fronteiras aos traficantes. Senão, as canções e gritos de protestos ecoarão nas ruas.

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