José
Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
Cronista, josemaria001@hotmail.com
No momento
em que milhares de brasileiros vão às ruas, inebriados de
sentimento democrático, acendem-me velhas músicas esculpidas de
letras bem elaboradas e ricas de metáforas. Que tal repeti-las no
asfalto, cantadas nas rádios, em substituição a muitas porcarias
que se ouvem por aí? Esta obra-prima de Geraldo Vandré: "Caminhando
e cantando/E seguindo a canção/Somos todos iguais/Braços dados ou
não/Nas escolas, nas ruas/Campos, construções/Caminhando e
cantando/E seguindo a canção/Vem, vamos embora/Que esperar não é
saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer/Pelos campos há
fome/Em grandes plantações/Pelas ruas marchando/Indecisos
cordões/Ainda fazem da flor/Seu mais forte refrão/E acreditam nas
flores/Vencendo o canhão/Vem, vamos embora/Que esperar não é
saber/Quem sabe faz a hora/Não espera acontecer/Há soldados
armados/Amados ou não/Quase todos perdidos/De armas na mão/Nos
quartéis lhes ensinam/Uma antiga lição:/De morrer pela pátria/E
viver sem razão/Vem, vamos embora/Que esperar não é saber/Quem
sabe faz a hora/Não espera acontecer/Nas escolas, nas ruas/Campos,
construções/Somos todos soldados/Armados ou não/Caminhando e
cantando/E seguindo a canção/Somos todos iguais/Braços dados ou
não..."
No
aeroporto de Paris, um adolescente de Lisboa ouvia-me conversar, em
português, com colegas brasileiros, no ponto de venda de discos. O
jovem aproximou-se: "Por favor, você pode me informar em quais
destes discos de Chico Buarque posso encontrar o título daquela
música "o que será que será"? Respondi-lhe: "O
título é esse mesmo". Chico, admirado na Europa, por que não
o lembrar, pelo menos neste momento de orgasmo nacional?
"Que
será que será/Que andam suspirando/Pelas alcovas?/Que andam
sussurrando/em versos e trovas?/ Que andam combinando/No breu das
tocas?/Que anda nas cabeças,/Anda nas bocas?/Que andam
acendendo/Velas nos becos?/Estão falando alto/Pelos botecos/E gritam
nos mercados/Que com certeza/Está na natureza/Será, que será?/ O
que não tem certeza/Nem nunca terá!/O que não tem conserto/Nem
nunca terá!/O que não tem tamanho.../O que será que será?/Que
vive nas ideias/Desses amantes/Que cantam os poetas/Mais
delirantes/Que juram os profetas/Embriagados/Está na romaria/Dos
mutilados/Está nas fantasias/Dos infelizes/Está no dia a dia/Das
meretrizes/No plano dos bandidos/Dos desvalidos/Em todos os
sentidos/Será? Que será?O que não tem decência/Nem nunca terá!/O
que não tem censura/Nem nunca terá!/O que não faz sentido.../O que
será? Que será?/Que todos os avisos/Não vão evitar/Porque todos
os risos/Vão desafiar/Porque todos os sinos/Irão repicar/Porque
todos os hinos/Irão consagrar/ E todos os meninos/Vão desembestar/E
todos os destinos/ Irão se encontrar/E mesmo Padre Eterno/Que nunca
foi lá/ Olhando aquele inferno/Vai abençoar!/O que não tem
governo/Nem nunca terá!/O que não tem vergonha/Nem nunca terá!/O
que não tem juízo...(2x)"
Os
protestos de rua ecoaram, em poucas horas, em Brasília: derrubaram a
famigerada PEC 37. Falta a 33, em homenagem aos 33 anos de PT. Um
corrupto deputado federal está na cadeia. Queremos mais: Redução
de parlamentares, senadores e ministérios; Fidelidade partidária
absoluta; Ampliação do Ficha-Limpa; Cadeia imediata para corruptos;
Fim de suplentes de senador; Voto distrital; Voto em sigilo, não;
Financiamento de campanhas eleitorais, não; Redução de partidos;
Reforma política urgente, já para 2014; Redução da maioridade;
Ataque nas fronteiras aos traficantes. Senão, as canções e gritos
de protestos ecoarão nas ruas.
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