Poeta Cleyson Gomes |
Escultura feita por Braga Tepi |
30
de janeiro
AS
DÁDIVAS DO POETA
Elmar Carvalho
Por
esses dias, recebi a visita dos jovens poetas Walter Lima e Cleyson
Gomes. O primeiro, de férias, veio de São Paulo visitar seus
parentes e amigos; o segundo, além de lhe fazer companhia, colheu a
oportunidade para que nos conhecêssemos pessoalmente. Walter é um
leitor apurado, percuciente, e que não perde tempo com autores que
reputa de pequeno valor artístico. Garimpador de sebos, tem
encontrado obras importantes e muitas vezes desconhecidas pelo
chamado grande público. Poeta talentoso, sobre ele já me reportei
neste diário.
Sempre
que vem ao Piauí, gosta de visitar os literatos pelos quais nutre
amizade e consideração. Além da visita e de suas alvíssaras,
Walter Lima ainda me trazia dádivas. E as dádivas de um poeta
outras não poderiam ser senão livros. Declino-lhes os títulos e
autores: A forma do silêncio, Fios de luz, aromas vivos: leitura de
“Retrato de Mãe, de Jorge Tufic” e Os maribondos de fogo,
respectivamente da autoria de Wilson Rocha, Rogel Samuel e José
Sarney. Fico feliz em fazer parte do seu seleto e restrito rol de
amigos.
Conhecia
Cleyson Gomes apenas de nome, de alguns poucos textos de sua lavra e
através de referências do Walter. Conversamos sobre cultura, livros
e poetas, no alpendre de nossa casa. Mostrei-lhes alguns poucos
quadros e objetos que a guarnecem. Fiz questão de ofertar aos dois
vates livros de minha autoria, de que ainda posso dispor, sem
comprometer minha reserva técnica, digamos assim.
Para
minha grande surpresa, quase diria perplexidade, Cleyson Gomes disse
já ter em sua biblioteca todos os meus livros, com que iria lhe
presentear. Intrigado, perguntei-lhe como os adquirira. Respondeu-me
que os comprara em livrarias ou sebos locais. Devo dizer que isso,
conquanto não fosse propriamente um elogio, foi, para mim, uma das
maiores referências elogiosas que já recebi.
Somente
um significativo apreço poderia fazer uma pessoa, que sequer me
conhecia pessoalmente, se dar ao trabalho de ir procurar livros e
opúsculos deste humilde escriba. De certa forma, observadas as
proporções, considerei o fato algo semelhante ao sucedido ao nosso
poeta maior Da Costa e Silva, que consignava como um dos maiores
elogios que já obtivera a circunstância de que um larápio, ao
roubar uma livraria do Recife, ter subtraído unicamente uma obra de
sua lavra.
Talvez
a título de explicação, confessou-me ele que, quando mais novo, na
qualidade de campomaiorense e estudante do curso superior de Letras,
procurava saber quais seriam os principais literatos de sua terra
natal. Procurou informar-se sobre isso com a sua professora
universitária, que lhe indicou alguns nomes, entre os quais o deste
diarista. Com essa informação, o poeta Cleyson procurou adquirir
livros de minha autoria, como já dito acima. Para honra minha,
descobriu em meus textos qualidades que lhe mereceram leitura
cuidadosa e algumas releituras.
Pela
conversa que tive com os poetas que me visitaram, logo percebi que o
meu conterrâneo Cleyson Gomes é um intelectual antenado com a
produção poética contemporânea, mas sem perder de vista a
contribuição dos grandes mestres do passado. Mormente se
considerarmos a sua juventude, sem dúvida é um erudito e amante da
literatura. Merecer a sua leitura atenta me vale mais do que certas
honrarias, porque demonstra o seu interesse e apreço pela minha
(pálida) poesia. Que mais dizer? Nada mais a dizer, tudo a
agradecer.
Walter Lima, cão q tem de humano o peito e o gesto, por onde andaste q viv'alma não atendia, andando alto nas nuvens ou baixo nos esgostos escuros? Kkkkkk Grande amigo e devedor de livros prometidos a amigos de saudade grande.
ResponderExcluirDemais!!
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