Sacerdotes pastores, e não políticos
José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
O petista
Padre Walmir, vice-prefeito e secretário de Educação de Picos, substitui o
prefeito Kléber Eulálio, eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Piauí.
Manobras pouco éticas e discutidos méritos circulam nos labirintos das
políticas deste mundo. Quando se trata do ministério sagrado, a História sempre
provou que o reino dos céus não combina com o reino deste mundo: “Dai a César o
que é de César; a Deus o que é de Deus”. Mais danoso quando sacerdotes se metem
em política de esquerda socialista-marxista.
Em 1846, o
Papa Pio IX chamava a atenção dos fiéis para a “execrável doutrina do partido
comunista e socialista”, que proclamava a revolução do proletariado e negava
Deus. Em 1891, o Papa Leão XIII repetia a mesma advertência, na encíclica Rerum
Novarum, sobre os “sistemas perversos do socialismo e comunismo”. Em 1937, Papa
Pio XI considerava marxismo “o novo evangelho do bolchevismo ateu”.
Depois do
Concílio Vaticano II, que promoveu bocado de aberturas na interpretação da
doutrina cristã, eclodiu uma onda de sacerdotes e freiras arredios a valores
tradicionais da Igreja Católica. Além da batina, questionavam a obrigatoriedade
do celibato e das regras de mosteiros e dioceses. Na Holanda, milhares de
membros do clero debandaram para o mundo. Outros, mundo afora, permaneceram,
porém inebriados de doutrinas marxistas como bandeira de evangelização. Imensos
mosteiros, conventos e seminários esvaziaram-se, para acomodar projetos
hoteleiros, por falta de vocacionados. Mundanismo, política partidária,
revolução camponesa, escândalos sexuais e crise de fé incorporavam a biografia
de expressiva parcela do clero. Atualmente, já renasce no seio da Igreja mais
coerência com o evangelho de Cristo. Graças à participação dos leigos nos encontros
de casais e de jovens, nas atividades
litúrgicas, na diaconização, além da administração material da paróquia, a
Igreja se renova. Acrescente-se o carisma do Papa Francisco.
Há necessidade
de as autoridades eclesiásticas não se envolverem com o Poder, especialmente o
dos últimos anos, cujos presidentes não rezam nem Pai Nosso. Muito ainda se
espera de um clero abnegado e entusiasmado com a vocação missionária. Nada de
se meter em política partidária, pior, orquestrada por corruptos e bandidos.
Conforme o STE, em 2014, 23 padres brasileiros disputaram eleições,
contrariando ordens do Vaticano e da CNBB.
Padre Marcelo
Rossi adverte: “Nunca vote em religioso”. Em visita à Guatemala, Papa João
Paulo recebeu ministros do governo sandinista, marxista. Um dos ministros,
Padre Ernesto Cardenal, aproximou-se para beijar-lhe a mão. O Papa o rejeitou:
“Primeiro reconcilie-se com a Igreja”. Padres envolvidos em política quase
sempre experimentam escândalos, assassinatos e rejeição dos fiéis. No Ceará, os
padres Mororó e Ibiapina foram assassinados. No Piauí, vários denunciados ou
cassados por condutas imorais.
A tarefa
política não cabe ao clero, mas a cristãos de boa vontade, com instrumentos da
desobediência civil às autoridades que aprovam e afrontam princípios cristãos.
Nisto os evangélicos são mais ativos. Padre Walmir e tantos outros membros do
clero precisam se paramentar para exercer a vocação a que foram convocados e
jurados no altar.
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