quarta-feira, 3 de junho de 2015

Sacerdotes pastores, e não políticos


Sacerdotes pastores, e não políticos

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

  
            O petista Padre Walmir, vice-prefeito e secretário de Educação de Picos, substitui o prefeito Kléber Eulálio, eleito conselheiro do Tribunal de Contas do Piauí. Manobras pouco éticas e discutidos méritos circulam nos labirintos das políticas deste mundo. Quando se trata do ministério sagrado, a História sempre provou que o reino dos céus não combina com o reino deste mundo: “Dai a César o que é de César; a Deus o que é de Deus”. Mais danoso quando sacerdotes se metem em política de esquerda socialista-marxista.

         Em 1846, o Papa Pio IX chamava a atenção dos fiéis para a “execrável doutrina do partido comunista e socialista”, que proclamava a revolução do proletariado e negava Deus. Em 1891, o Papa Leão XIII repetia a mesma advertência, na encíclica Rerum Novarum, sobre os “sistemas perversos do socialismo e comunismo”. Em 1937, Papa Pio XI considerava marxismo “o novo evangelho do bolchevismo ateu”.

         Depois do Concílio Vaticano II, que promoveu bocado de aberturas na interpretação da doutrina cristã, eclodiu uma onda de sacerdotes e freiras arredios a valores tradicionais da Igreja Católica. Além da batina, questionavam a obrigatoriedade do celibato e das regras de mosteiros e dioceses. Na Holanda, milhares de membros do clero debandaram para o mundo. Outros, mundo afora, permaneceram, porém inebriados de doutrinas marxistas como bandeira de evangelização. Imensos mosteiros, conventos e seminários esvaziaram-se, para acomodar projetos hoteleiros, por falta de vocacionados. Mundanismo, política partidária, revolução camponesa, escândalos sexuais e crise de fé incorporavam a biografia de expressiva parcela do clero. Atualmente, já renasce no seio da Igreja mais coerência com o evangelho de Cristo. Graças à participação dos leigos nos encontros de casais e de jovens,  nas atividades litúrgicas, na diaconização, além da administração material da paróquia, a Igreja se renova. Acrescente-se o carisma do Papa Francisco.

         Há necessidade de as autoridades eclesiásticas não se envolverem com o Poder, especialmente o dos últimos anos, cujos presidentes não rezam nem Pai Nosso. Muito ainda se espera de um clero abnegado e entusiasmado com a vocação missionária. Nada de se meter em política partidária, pior, orquestrada por corruptos e bandidos. Conforme o STE, em 2014, 23 padres brasileiros disputaram eleições, contrariando ordens do Vaticano e da CNBB.

         Padre Marcelo Rossi adverte: “Nunca vote em religioso”. Em visita à Guatemala, Papa João Paulo recebeu ministros do governo sandinista, marxista. Um dos ministros, Padre Ernesto Cardenal, aproximou-se para beijar-lhe a mão. O Papa o rejeitou: “Primeiro reconcilie-se com a Igreja”. Padres envolvidos em política quase sempre experimentam escândalos, assassinatos e rejeição dos fiéis. No Ceará, os padres Mororó e Ibiapina foram assassinados. No Piauí, vários denunciados ou cassados por condutas imorais.

         A tarefa política não cabe ao clero, mas a cristãos de boa vontade, com instrumentos da desobediência civil às autoridades que aprovam e afrontam princípios cristãos. Nisto os evangélicos são mais ativos. Padre Walmir e tantos outros membros do clero precisam se paramentar para exercer a vocação a que foram convocados e jurados no altar.      

Nenhum comentário:

Postar um comentário