Uma das publicações da editora de Edson Guedes de Moraes |
Theddy Ribeiro, Garrincha e Jamerson Lemos |
18 de fevereiro Diário Incontínuo
OS POETAS EDSON
MORAIS E JAMERSON LEMOS
Elmar Carvalho
Recentemente
recebi bilhete eletrônico do poeta Edson Guedes de Morais me solicitando uns
sonetos, com vista a uma antologia que ele está organizando. Embora não seja um
sonetista, dei uma vasculhada em meu livro Rosa dos Ventos Gerais à procura de
alguma composição que pudesse ser enquadrada como tal. Rimados, metrificados e
divididos em dois quartetos e dois tercetos, sabia não ter nenhum.
Contudo, para
minha surpresa, com uma ou duas pequenas adaptações, encontrei, sem necessidade
de folhear o livro todo, sete textos que podem ser considerados sonetos
modernos. São eles: Enigma, Egocentrismo, Trabalho de cestaria e renda, O poeta
e o inseto, Pintura, Soneto da solidão e Amor. Se o critério do antologista for
acolher apenas sonetos de fatura clássica, nenhum dos meus entrará na seleta.
Entretanto, se esta for aberta a composições modernas e à matriz inglesa, alguns
dos que lhe remeti poderão, talvez, integrá-la, para honra e gáudio meu.
Edson Guedes de
Morais é uma espécie de Mecenas. Através de sua gráfica e editora vem
publicando poetas de todos os rincões do Brasil. Eu próprio, não sei como, fui
“descoberto” por ele, e tive a satisfação de ser por ele editado em três
ocasiões, por meio de belos livros artesanais, em papel de ótima qualidade. É
um contista e poeta reconhecidamente de alto valor. A antologia de sonetos que
está organizando abarcará mil autores. Talvez por causa de sua desvanecedora
solicitação, sonhei, na madrugada de ontem, com o saudoso poeta Jamerson Lemos,
de quem tive a satisfação de ser amigo.
Jamerson é um
importante poeta piauiense. Nasceu em Recife, em 22.12.1945, mas radicou-se no
Piauí, onde casou, teve filhos e publicou livros e poemas. Faleceu em Teresina,
em 05.08.2008. De 1986 a meados da década seguinte, freqüentamos com
assiduidade a União Brasileira de Escritores do Piauí – UBE-PI, da qual fui
presidente. Já tive oportunidade de escrever sobre seus versos e sua vida,
sobre sua vida e sua morte. No meu sonho eu descobria que ele não havia
morrido; que a notícia de seu falecimento fora um equívoco ou um tipo de
“pegadinha” de mau-gosto. Quando acordei, ainda no torpor do sono, pensei que o
sonho fosse realidade.
Ele era um
poeta em tempo real, irreal e integral, pois era poeta em qualquer tempo,
destempo e contratempo, e, creio, que até mesmo dormindo ele sonhava com
poemas. Tinha incrível facilidade para fazer versos. Em seu lúdico lirismo, malabarista
e prestidigitador, brincava com as palavras, seja construindo metáforas e
trocadilhos, seja urdindo rimas e ritmos. Embora fosse um artesão rigoroso na
forma, era também um mestre no conteúdo de pendor
notadamente lírico, em que
a musicalidade se entranhava nos temas, sobretudo quando ele mesmo recitava
suas composições poéticas.
Este ano será o
oitavo após sua morte. A lembrança desse grande vate merece ser reavivada e
amplificada. Talvez sua família, sua esposa e seus filhos pudessem envidar
esforços para que fosse publicada sua obra poética completa. Em esta não sendo
possível, talvez pudesse ser editada uma antologia contemplando alguns de seus textos
mais antigos, todos ou quase todos os poemas de Sábado Árido e os que ele
deixou inéditos.
Essa obra será
de capital importância para que o notável bardo Jamerson Moreira Lemos continue
vivo na memória poética piauiense e brasileira, como ele bem merece, pela alta
qualidade de seus versos.
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