quarta-feira, 16 de março de 2016

MEMÓRIAS E “CAUSOS” DO DES. VALÉRIO CHAVES



MEMÓRIAS E “CAUSOS” DO DES. VALÉRIO CHAVES

Elmar Carvalho

Na semana passada, ao caminhar no calçadão da Raul Lopes, em companhia dos magistrados Raimundo Lima, Carlos Barbosa, Antônio Lopes, des. Boson Paes e o funcionário da Justiça estadual Luís Américo Campelo, encontrei o des. inativo Valério Chaves, que nos convidou a acompanhá-lo até seu carro, estacionado do outro lado da avenida.

Recebemos então, devidamente autografado, seu mais recente livro, titulado Casos de Justiça e outras histórias que a vida conta. Ao que tudo indica, o desembargador, em sua humildade e certa timidez, não fez estardalhaço de sua obra e não a lançou em solenidade festiva. Simplesmente a editou e a está distribuindo a pessoas de sua estima e consideração, além de parentes e amigos.

Sem óculos no momento, não pude, de imediato, ler a simpática e amável dedicatória que ele me havia feito, o que só fiz ao chegar em casa. O livro, de 173 páginas, bem impresso, contém suas memórias, sobretudo as de sua meninice, adolescência e parte da juventude, e um conjunto alentado de “causos” jocosos, sérios ou interessantes, dos quais ele foi protagonista, coadjuvante ou observador, muitas vezes em decorrência de sua função judicante.

O des. Valério Chaves é uma das figuras paradigmáticas do Poder Judiciário Piauiense, pela sua notória honradez e probidade, e por sua humildade; humildade de quem nunca procurou ser honrado pelas vestes talares que envergou, mas de quem procurou honrar a toga que vestiu. Exerceu a magistratura, tanto no primeiro como no segundo grau, com inteligência emocional e sabedoria de vida, creio que hauridas e aperfeiçoadas ao longo de sua vida.


Nasceu no povoado Cocal, então município de Guadalupe, em 28 de abril de 1941, filho de Fernando Pereira Pinto e Dorcas Ferreira Pinto, que lhe ensinou as primeiras letras. Na cidade de Nova Iorque (MA), em 1957, concluiu o primário. Dois anos depois seguiu para Teresina, onde prestou o serviço militar.

Como podemos perceber da leitura de seu livro, mormente em suas memórias, estampadas na parte introdutória, mas também em várias crônicas de caráter memorialístico, em que narra episódios interessantes e algumas vezes pungentes de sua trajetória, foi um menino e um adolescente pobre, que muito cedo teve de trabalhar, no amanho da terra e no pastoreio das poucas “criações” de seu pai.

Contou esses episódios com sobriedade, sem dramaticidade, sem se atribuir status de herói. Mas de fato ele foi um herói do cotidiano, da luta renhida pela sobrevivência e para obter as suas conquistas. Sua escalada foi lenta e gradual, sem atropelos e açodamentos, porque desprovido de ganância e infenso a querer subir a qualquer preço. Por isso mesmo encerrou sua carreira como um magistrado digno e respeitado.


Casos de Justiça e outras histórias que a vida conta nos dão exemplos de vida, nas diferentes etapas da trajetória de seu autor, desde a infância modesta, em que foi chamado, para honra sua, de menino lenhador, de adolescente aguerrido no trabalho e no estudo, até o final da juventude em que, com muito esforço e obstinação, foi amealhando as suas conquistas, especialmente no jornalismo, no radialismo e na magistratura piauiense.    

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