Silhueta Pagã
Oliveira Neto (1907 – 1983)
Não sei donde surgiu.
Mas de repente
se encontrava comigo conversando.
Os olhos nos meus olhos, frente a frente,
eram dois pintassilgos namorando.
De alto porte, bonita, inteligente,
a estirpe de fidalgos demonstrando,
não podia ocultar o ser ardente
na volúpia do amor se acrisolando.
Silhueta pagã, onde passou
a natureza em si paralisou
e o povo abriu honrosa passarela.
Silenciaram todos os ruídos.
E sinto que ficou nos meus ouvidos
a sonora canção dos lábios dela.
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