O Gato e o
Rato
Valério
Chaves
Certo dia ao
cair da noite, um rato dentro da selva, retornava para dormir na sua toca
depois de bem-sucedida caçada, quando avistou um gato que passava por perto em
busca de alimento.
Eis que o
rato, ao pressentir o iminente perigo de morte, sem pensar duas vezes, se
escondeu dentro da toca, morrendo de medo.
Cauteloso,
de vez em quando botava a cabeça para fora para ver se o gato ainda estava por
perto lhe esperando.
Ocorre que o
gato, faminto, não estava disposto a desistir de comer o rato e, por isso,
resolveu esperar o tempo que fosse necessário.
Depois de
algumas horas, eis que o rato, certo de que o gato já tinha ido embora, colocou
a cabeça para fora a fim de certificar seu pressentimento.
No entanto,
levou um temendo susto quando avistou o gato com os olhos bem abertos, miando,
morto de fome. E, como um raio, vupt…voltou para o seu esconderijo.
Cada vez que
tentava sair da toca, ouvia o miado do gato e, com mais medo, voltava a se
esconder.
E assim
nesse vai e volta, o tempo foi passando.
Mais tarde,
cansado de tanto miar e esperar, o gato teve uma ideia para fazer o rato sair
sem ter medo de nada. O que ele queria, na verdade, era comer o rato.
Lembrou-se,
na hora, que rato não tem medo de cachorro, e pensou: em vez de miar, vou latir
imitando um cachorro, e assim, pego fácil esse rato esperto.
Sucedeu que
quando o rato mais uma vez botava a cabeça para fora para ver se o gato ainda
lhe esperava, e ao ouviu latido de cachorro, disse consigo, soberbo:
- Ah! Agora
posso sair sem sobressalto. Enfim, o amigo gato, talvez cansado de tanto miar
sem resultado, resolveu ir embora, deixando livre o caminho.
- O que ouço
agora é somente latido de cachorro, e de cachorro eu não tenho medo.
Em seguida, restabelecido do susto que levara,
saltou para fora da toca. – - Pronto, estou salvo!
Porém, eis
que de repente, o gato que observava há bastante tempo, com um só golpe,
abocanhou o rato, sem piedade.
- Meu jantar
desta noite está garantido – exclamou prazerosamente.
O rato,
debatendo-se, sabendo que lhe restavam poucos minutos de vida, fez uma
perguntar ao gato, a título de curiosidade:
- Amigo
gato, sei que certamente vou ser devorado agora, mas por favor, me diga de onde
tirou essa ideia de imitar cachorro latindo? - pois até onde sei, gato só sabe
miar.
Então o
gato, prontamente, respondeu em tom comovido:
- Amigo
rato, nos dias atuais, gato que não souber falar mais de uma língua morre de
fome.
Moral da
história:
Na hora do
aperto quem não souber usar a inteligência não obtém vantagem.
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Valério
Chaves
Des.
inativo do TJPI.
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