domingo, 29 de maio de 2016

SACRIFÍCIO


SACRIFÍCIO

Elmar Carvalho

Abrir meu ventre
como uma rosa de carne
e de suas vísceras multicores
pétalas dispostas em arabesco
projetar uma poesia
feita de flores e de fezes.
Cortar meu corpo
e retalhar minha alma
e fazer uma poesia
de matéria e de espírito
e morrer na última palavra
do último verso por nascer.
Drenar
minhas veias e
com seu sangue
regar um poema canibal
que não fale de morte.
E escrever a obra-prima
com o sangue da alma.

           Parnaíba, 17.05.78  

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