Charge: Fernando di Castro |
Flamarion e Elmar |
Louro com vários amigos e frequentadores de sua banca. Foto extraída do blog do B. Silva, amigo e cliente |
Augusto e Dourado, frente ao Recanto da Saudade, todos três moradores do país da Saudade |
A BANCA DO LOURO
Elmar Carvalho
Não pense o leitor que o título acima
se refira a um homem louro, que se faça de difícil ou inacessível e “bote banca”,
muito menos a um papagaio “banqueiro”. Refiro-me mesmo ao Louro da banca de
revista da Praça da Graça, mais conhecida simplesmente como Banca do Louro.
O nosso Louro de fato é louro, donde
o seu nome, mas é, sobretudo, um cidadão do bem e de bem com a vida, sem
arestas e sem folha corrida na polícia, já que sua vida pregressa é limpa,
desprovida de fatos desabonadores. Mais conhecido que farinha na região da
puba, não se lhe conhece nenhum inimigo ou mesmo desafeto.
Sua banca como é do conhecimento de
todo parnaibano, por ficar na Praça da Graça, em pleno Centro Histórico, é rodeada por importantes empresas e repartições públicas, entre as quais cito:
agências da Caixa Econômica Federal, do Banco do Nordeste e do Banco do Brasil,
várias lojas e farmácias, Câmara Municipal, catedral de Nossa Senhora da Graça,
igreja do Rosário, agência postal e telegráfica da ECT ou apenas Correios, em
cujo apartamento moramos, eu e minha família, durante muitos anos... Outrora
nela funcionava o Cine Éden, paraíso de pulutricas e estripulias estrambóticas
e eróticas, como eu disse sobre a filha do Meio-Quilo (referida por Assis
Brasil), num de meus PoeMitos da Parnaíba. Nele ainda assisti a vários filmes,
entre os quais alguns de faroeste e vampiros.
Após longa, deliciosa e instrutiva
conversa com o grande artista plástico Flamarion Mesquita da Cunha, na parte da
manhã, professor durante muitos anos em Parnaíba, sua terra natal, onde se
encontra a passeio, e, à tarde, com o Dr. Lauro Correia e Canindé Correia, resolvi
dar rápida passada na Banca do Louro, na qual comprei o livro Genu Moraes: a Mulher
e o Tempo, com depoimentos feitos ao jornalista e escritor Kenard Kruel, e os
jornais lítero-culturais O Piagüi (editado por Daniel Ciarlini) e O Bembém,
cujo editor é o grande escritor e teatrólogo Benjamim Santos.
Através do editorial de O Piagüi
soube que o Daniel deixará a sua editoria, em virtude de doutorado na área de
Literatura, que fará na capital gaúcha. Sua direção ficará com seu primo
Claucio Ciarlini, que decerto manterá a sua qualidade e linha editorial, já que
é um de seus principais colaboradores.
Quando me despedia do Louro, fui
abordado por uma pessoa, que me disse ser o pé de Munguba, perto do qual nos
encontrávamos, descendente da mungubeira
ou mamorana, que embelezava o Bar do Augusto ou Recanto da Saudade, situado no
bairro da Munguba, outrora fervilhante de porcos-d’água, raparigas, boêmios e
embarcações. Fez referência sobre meus textos que referem Dom Augusto e a velha
Munguba City, e me estimulou a escrever outros. Este, talvez, já seja uma
consequência de seu pedido.
Ao falar da velha Munguba boêmia, do
saudoso Recanto da Saudade, hoje em ruínas, do comandante Augusto, não posso
deixar de lembrar o boêmio, compositor e carnavalesco Dourado, nem o grande
chargista Gervásio Castro, que os retratou com muito engenho e arte, e
magistralmente ilustrou meus PoeMitos da Parnaíba.
No meu poema Bar do Augusto celebrei
os dois célebres e saudosos amigos. Esse poema foi ilustrado por Gervásio, que
os imortalizou em outra dimensão do tempo-espaço, na relatividade estrita ou
geral do espaço e do tempo einsteiniano.
Banner com ilustração de Gervasio Castro |
Admirável como consegues escrever ( e descrever) com tanta paixão sobre múltiplos locais, como se nativo fosse. Admirável também como não consegues se desvencilhar do mister da escrita, mesmo tendo decretado férias. Caso tivesse essa relação estreita com Parnaíba, também seria um assíduo frequentador da banca do Louro, posto que sou um "piolho" de bancas de revista. Até já fiz uma crônica com esse assunto.
ResponderExcluirBoas férias, meu nobre!
Mestre Araújo,
ResponderExcluirTanto a banca quanto o Louro, tanto faz ou muito mais, deveriam ser tombados como patrimônio cultural de Parnaíba.
Abraço,
Elmar
Magistral, meu caro poeta!
ResponderExcluirpoucos nativos que se afastaram por motivos diversos, têm as lembranças viva de amigos, lugares e momentos vividos nesta maravilhosa cidade.
Chego a lamentar minha saída precoce, por não ter tido a oportunidade de conviver e compartilhar esses momentos inesquecíveis e poeticamente relembrado por você.
Um grande abraço
CHA
Prezado amigo Fernando,
ResponderExcluirPedi para você fazer uma charge do Louro, mas não um Louro tão platinado e atlético, e ainda fazendo uma operação plástica nele, ao ponto de fazê-lo transportar um container de Buriti dos Lopes a Parnaíba, como se fora um Maciste dos velhos filmes de outrora.
Era melhor tê-lo colocado como um herói das Olimpíadas!
Obrigado, grande Mestre, por mim, e principalmente pelo Louro, por você tê-lo "ajeitado".
Abraço,
Elmar
O Fernando e o Gervásio são geniais, Elmar. Não é porque são meus amigos e fizeram as capas de todos os meus livros. Quando mostro meus livros ou compartilho seus cartoom e calicaturas, muitas pessoas se admiram e os elogiam.
ResponderExcluirAbs
Endosso as suas palavras e ainda dou a garantia de uma hipoteca, caro CHA.
ResponderExcluirMeu caro amigo e poeta,
ResponderExcluirAchei por bem, mesmo sem pedir sua autorização, publicar no meu blog o comentário que o dr. Orlando Pinheiro fez sobre a crônica A Banca do Louro. Os personagens citados conheci quase todos, inclusive a Alzira e a administradora da Cinelândia, que mais tarde virou Rio Chic e por fim Jibóia. Também o Farias ( o Touro Sentado) administrador do Parnaíba Pálace Hotel. Na realidade o comentário do Dr. Orlando é uma crônica que nos transporta à Parnaíba do final dos anos 60 para o início dos anos 70.
Vou enviar uma crônica de minha autoria para vossa apreciação e se lhe aprouver a publicação em vosso conceituado blog.
Meu blog está apresentando alguns problemas, mas é possível acessa-lo pelo seguinte endereço: www.blogdoprofessorgallas.blogspot.com.br
Um abraço e recomendações à família.
Em tempo: não foi possível ainda dar meu abraço ao amigo Flamarion Mesquita. Apenas vi a foto em seu blog.
Gallas