RUÍNAS
H. Dobal (1927 - 2008)
Estas velhas paredes não
confessam
à brisa sem memória os seus
segredos.
A pedra construída sobre a pedra,
numa estranha argamassa reforçada
por suor de escravo e óleo de
baleia,
como se alguém quisesse levantar,
contra o sereno da noite,
contra a ferrugem do mar,
uma alvenaria libertada
de tudo o que a morte corrompe.
Mas pouco permanece. Estas
paredes
vão-se abatendo semi-destruídas
pelo puro movimento dos dias.
Bate na tarde um vento claro,
bate no peito uma lembrança
que estas paredes não confessam:
A vida. A mágoa sem remédio. O
jogo do amor,
talvez mais difícil naquele
tempo.
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