Elias Ximenes do Prado |
Alcenor Candeira Filho
III. A N O S 70 E 80
• PRESIDENTES
DA REPÚBLICA NO PERÍODO
- 15-03-1974: posse
de Ernesto Geisel
- 15-03-1979: posse
de João Figueiredo
- 15-03-1985: posse de José Sarney
A) PREFEITO CARLOS
FURTADO DE CARVALHO
Carlos Carvalho foi empresário por
vocação e político por acaso e por pouco tempo.
Sem nunca ter disputado cargo
eletivo, venceu a primeira e única eleição de que participou como candidato,
elegendo-se prefeito com o apoio de Alberto e João Silva para um mandato de
dois anos: 1971 a 1972. Concorrente: Elias Ximenes do Prado.
Sua administração voltou-se sobretudo
para o embelezamento da cidade e para o aprimoramento dos serviços de limpeza
pública.
Uma das obras mais lembradas:
recuperação e asfaltamento da estrada para a Pedra do Sal.
B) PREFEITO ELIAS
XIMENES DO PRADO
Elias Ximenes é um cearense que
veio para Parnaíba em 1934, com nove anos de idade.
Trajetória política vitoriosa: várias
vezes vereador e deputado estadual e um mandato de prefeito.
Participei da campanha eleitoral de
1972 quando iniciava a vida profissional como advogado e professor e apoiei
publicamente a candidatura de Elias a prefeito pelo MDB. A ARENA era o outro
partido. Época do bipartidarismo
ditatorial. Elias derrotou o deputado estadual Francisco das Chagas Ribeiro Magalhães,
que teve o apoio dos governos federal (Garrastazu Médici), estadual (Alberto
Silva) e municipal (Carlos Carvalho).
Dentre os políticos tradicionais Elias
foi apoiado, embora discretamente, pelos irmãos Caldas Rodrigues, cassados e
perseguidos pelo regime militar.
No plano federal Elias Ximenes contava
com a simpatia e a velha amizade do Ministro João Paulo dos Reis Velloso, que
vem dos tempos de militância integralista, ao lado dos professores José
Rodrigues, José Nelson de Carvalho Pires e outros.
Contudo, a participação ativa e
vibrante de profissionais liberais em início de carreira em Parnaíba é que foi
determinante na vitória do candidato da oposição. Lembro alguns, quase todos
médicos: Mão Santa, Mário Lages
Gonçalves, Paulo Lages Gonçalves, Valdir Aragão, Joaquim Narciso de Oliveira
Castro, Roberto Broder.
O apoio do grande advogado Celso
Barros Coelho, deputado estadual cassado em 1964 pela Assembleia Legislativa do
Estado do Piauí, foi também importantíssimo na campanha, especialmente pelos
serviços profissionais que prestou ao candidato do MDB.
Alguns seguidores de Elias sofreram
ameaças de prisão feitas pelo Delegado Geral de Polícia em Parnaíba, o promotor
de carreira Genez de Moura Lima.
O juiz de direito Walter de Carvalho
Miranda, que não admitia arbitrariedades, concedeu vários habeas corpus
preventivos em favor dos ameaçados.
Em depoimento transcrito no livro
POLÍTICA: TEMPO E MEMÓRIA, de Celso Barros Coelho (Teresina, Academia Piauiense
de Letras/Bienal Editora, 2015), desabafa Elias Ximenes do Prado:
“Durante a apuração, com a contagem
nominal das cédulas pelo juiz, o governo usou de todos os meios para alterar o
resultado da eleição não conseguindo em razão da corajosa posição do juiz e da
defesa assumida prontamente pelo advogado Celso Barros Coelho.
A luta não termina.
Desesperados o Governador e o candidato iniciaram um processo na Justiça
Eleitoral para barrar a diplomação do candidato eleito . Na defesa mais uma vez
se alteia aquele advogado, ocupando a tribuna daquele Tribunal para denunciar o
embuste, com argumentos assentados na lei e na jurisprudência do Tribunal” (p.
115/116).
Elias Ximenes administrou a cidade no
período de 1973 a 1976, com muitas realizações, destacando-se:
- implantação do Sistema Popular de
Administração, com Gabinete para receber a população
- Construção da sede do Tiro de
Guerra
-Construção de escolas
- Implantação do Pronto Socorro
Municipal
- Pavimentação de ruas e avenidas
- Abertura e pavimentação da avenida
São Sebastião a partir da rua Tabajaras até o aeroporto
- Construção da sede da Prefeitura,
na Praça da Graça.
C) PREFEITO JOÃO
BATISTA FERREIRA DA SILVA
Para um mandato de seis
anos disputaram a eleição para prefeito
em 1976 o jornalista e servidor público federal João Batista Ferreira da Silva
e o médico Francisco de Assis de Moraes Souza, o Mão Santa, que teve o meu
apoio.
Batista Silva
obteve um leque de apoios inimaginável: José Alexandre e Chagas Rodrigues,
Alberto e João Silva, Elias Ximenes, Cândido Athayde, Ribeiro Magalhães,
Roberto Broder. O importante era derrotar Mão Santa, nem que fosse necessário
unir os que sempre foram desunidos politicamente.
Dentre as lideranças políticas
consolidadas Mão Santa só contou com Lauro Andrade Correia e Antônio José de
Moraes Souza. Resultado: vitória expressiva de Batista Silva.
Na longa administração de Batista
Silva houve pontos positivos e negativos.
Principais pontos positivos:
- municipalização da Escola Roland
Jacob
- construção e restauração de
estradas
- construção do Terminal Rodoviário
- construção de mercados
- incentivo ao turismo
- construção de escolas.
O principal ponto negativo foi a
destruição e reconstrução da Praça da Graça.
O ato impensado do prefeito provocou
grande revolta na população que na madrugada de 31 de agosto de 1979 ateou fogo
nos tapumes que cercavam e escondiam a praça destroçada.
O professor Benedito Jonas Correia
externou sua revolta em artigo publicado em Caderno Especial do INOVAÇÃO,
edição de setembro de 1979. Eis parte do artigo:
“É
inadmissível a realização de reformas em praças, parques e jardins, pela simples vaidade de
reformar, sem no entanto, atender ao valor
histórico desses logradouros públicos.
O passado grandioso traz reminiscências grandiosas. O patrimônio
histórico, quando preservado, nos seus estilos primitivos, são verdadeiras paisagens
de amor e de vida para a cultura de um povo.
A sua destruição será, pois, a desolação, a morte do sentimento cívico, a
tristeza de recordações imperecíveis.
Muitas vezes, o
homem do momento, totalmente ignorante, dotado de imbecilidade integral, não
pode compreender o vínculo sentimental que une as gerações, no amor à terra natal.
É o caso do infeliz demolidor da Praça da Graça, o sr. Batista Silva.
O recente
episódio da Praça da Graça tem muito que ver com a nossa história. Primeiro, uma
simples pergunta: os bancos, a pérgula,
os valiosos postes de iluminação, onde estão?
Tudo isso é história.
(...)
Devemos sentir na
manifestação popular de 31 de agosto passado, reflexos sócio-culturais da gente parnaibana. Não houve vandalismo,
houve, sim, um grito de alerta , sentido, vivido, necessário, e que ficará
assinalando um acontecimento de real valor na vida de um povo que ama sua
história, que honra seus antepassados, que preza seu patrimônio.
A destruição da
Praça da Graça, isso, sim, foi puro vandalismo, e o responsável é o sr. Batista
Silva, prefeito de Parnaíba, - verdadeiro inimigo da nossa Praça mais
representativa.”
Continua na próxima semana
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