sábado, 28 de abril de 2018

UM FÓRUM PARA DEBATES NO CAMPO DA LITERATURA



UM FÓRUM PARA DEBATES NO CAMPO DA LITERATURA

Cunha e Silva Filho

     A Internet veio para ficar, assim como  outras invenções  e descobertas  ao longo da história da humanidade e, se levarmos  o seu alcance a outros setores culturais,  verificaremos o quanto de útil tem feito, por exemplo, no universo da literatura  e das artes em geral.   Usuário e observador  atento  do que se posta nessa rede social, também vejo  com imensa alegria  algo que  não  seria possível em outras mídias: alguém poder expressar o seu  pensamento,   divulgar  suas ideias sobre fatos  diversos e contribuir  para o  aumento  de informações e do conhecimento.

     Fiquemos  apenas no campo da literatura.  Pensemos em qual foi a maior  vantagem que nos trouxe  o Facebook. Foi a possibilidade de uma pessoa que gosta de escrever poder  postar seus poemas,  suas crônicas,  seus contos,  seus comentários, sua crítica,  suas teorias,  enfim,  fazer isso tudo sem o beneplácito de um    conselho  consultivo que vai avaliar se o seu texto  é bom ou  ruim. Ora, isso é uma conquista  da individualidade e um forma de alguém  realizar-se à sua maneira   num dado  empreendimento  cultural e criativo.

   Foi essa oportunidade que  o Facebook  ocasionou aos seus usuários. Para mim,   esse dado  positivo só trará  progresso  e aperfeiçoamento  ao indivíduo dedicado  ao cultivo da literatura em todas as suas formas.Com essa oportunidade única  o Facebook  realiza  sonhos, torna mais  visível os menos conhecidos (o que não quer dizer  os menos dotados  intelectualmente).

    A minha própria experiência como  usuário do Face me trouxe mais  contentamento do que   aborrecimentos e eu os tive algumas vezes assim como  posso  novamente  ser “agraciado”  com alguns prepotentes  que se arvoram em  donos do  conhecimento  humano   e em todas  as áreas.  Pobre coitado  que não sabe o quanto a suas limitações  estão muito abaixo do que imagina  a sua vã sofomania. Para eles,  o silêncio sepulcral   e a indiferença  dos que lhes foram vítimas  da vaidade e da soberba.

    É óbvio que se pode discutir  com elegância e  educação, mas longe do complexo de superioridade  e da arrogância  de alguns  que se julgam maiores e melhores  do que  outros  sem conhecer  o passado  dos que são levianamente  criticados sem  conhecer uma história de vida intelectual,  de lutas e canseiras, de injustiças e  incompreensões flagrantes. É preciso respeitar o pensamento alheio e até os erros por acaso  cometidos por alguém.

   Constato, da mesma maneira, os usuários provenientes do mundo literário brasileiro  ainda se dividem  em  grupos  seletivos, não  abrindo   ainda sequer uma janela  a quem  a eles julgam  não pertencerem. Com isso,  vejo sinais de  um certo elitismo ou estrelismo, que não leva a nada e é improdutivo à história da  literatura brasileira.

  Descontando esse lado melancólico da rede social,  o que permanecerá  como uma  característica  construtiva  são as contribuições   de alguns usuários que, no  locus   de dimensão além-fronteiras, põem  suas produções literárias de forma  democrática  e autônoma, sem arestas   de impedimentos  de pareceres absolutistas e inconfessáveis  de quem quer que seja. É essa independência no trato da coisa literária que mais  me  impressiona e me surpreende, pois é uma das grandes conquistas   atuais  da produção literária brasileira ou  internacional que se originou  na era digital.

   Dar  oportunidade a quem  não pode  publicar um livro, ainda que seja  por conta  própria mas recusado  por  razões de linhas editoriais  do pais, é uma avanço  na produção de novos  valores  em todos os campos da literatura. Essa lacuna  deplorável que há anos   tem  impedido  tantos talentos de   serem lidos  pelo grande público, agora,  começa a ser preenchida. Os jornais,  as editoras, as revistas não sabem o que  poderão  perder em termos de  competição, no futuro,  com as redes sociais,  notadamente o Facebook.

  É graças à Internet que, através de redes sociais como o Facebook,  amizades intelectuais se estão  dilatando, tanto   no país quanto  no exterior.  E esse dado é relevantíssimo, já que o Facebook  pode congregar  escritores praticamente  em grande   parte do mundo. Realizar  debates,  simpósios,  trocas de informações instantâneas, ler poemas, ficção, artigos, ensaios de autores brasileiros não devidamente  conhecidos  no pais, ler produção de autores estrangeiros, isso tudo  redunda num   ativo  cultural  de inegável   valor.

     Outros  elementos que vêm se acrescer a  essa mudança de hábitos   de leituras  e de escrita (a rede social  hoje força o usuário a se comunicar  por escrito e instantaneamente). Assim,  vai desenvolvendo  a sua habilidade de articular o pensamento  no espaço da sua  página,  bem com  é impelido a ler  mais, qualitativa e  quantitativamente: a) na página do Face podem ser anunciados  lançamentos  de livros,  de exposições, de palestras, de postagens de poemas,  crônicas,  contos, partes de novelas,  romances, artigos,  pequenos ensaios  etc.; b)  comentários sobre a produção literária de escritores feitos  por  críticos, professores,  linguistas,  filólogos, gramáticos, leitores  etc.; c) troca de opiniões e pontos de vista entre escritores; d) recurso disponível de usar tradução eletrônica que, se não é perfeita, pode ser  melhorada e  muito auxilia a quem não conhece  a língua na qual um texto  está escrito; e) chamadas a visitas a sites,  blogs, vídeos etc.; f) maior  incremento  de interações entre usuários, colegas, amigos,  amigos de amigos e espaços  privados  para  conversas e informações  que não devam ser  publicadas.

      Como se pode ver,   o espaço virtual  do Facebook tem, sim,  seu  lado saudável  e de utilidade pública. É claro que há muita   frivolidade ainda, um certo narcisismo  de cunho  romântico  que não deixa de interessar   algumas pessoas. Entretanto,  guardadas  as precauções contra  pessoas  perigosas  e  navegantes  indesejáveis,  o Facebook,  no âmbito da difusão da literatura, tem seu lugar  garantido  no universo  digital.   

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