DOM PEDRO E SÃO
FÉLIX DO ARAGUAIA
Elmar Carvalho
Retornando a Teresina, levo na
bagagem vários livros, que o meu cunhado Beré trouxe de São Félix do Araguaia,
enviados por Lozinha e Nilva, irmã e sobrinha de minha mulher respectivamente.
A segunda é a atual vice-prefeita do município. Os livros são Cartas Marcadas,
de D. Pedro Casaldáliga, Sertão de Fogo, de Adauta Luz Batista, e Meu Araguaia
Querido, de Erotildes da Silva Milhomem.
Dom Pedro era admirado pelos
componentes do grupo do jornal Inovação, de que fiz parte, pelas suas posições,
por seus questionamentos políticos, por sua luta por uma sociedade mais justa e
mais fraterna, e pela opção preferencial pelos pobres. Nasceu na Espanha e é
bispo da diocese de São Félix desde 1971. É ainda poeta e escritor. De Cartas
Marcadas disse Dom Demétrio Valentini, na apresentação: “Apresentam-se como
'cartas marcadas', pois decorrem de um claro compromisso de pastor, que
extravasa em sua linguagem de poeta sua lúcida visão da realidade e sua
decidida opção pela causa do povo”.
Esses jovens do Inovação sonhavam
com a vinda para a diocese de Parnaíba de um bispo engajado nas lutas sociais e
que promovesse o avanço das comunidades eclesiais de base, o que terminou não
acontecendo durante o tempo em que o jornal circulou. Por isso mesmo, o jornal
fez uma entrevista com um padre que aparentava ter ideias avançadas, e o
religioso se mostrou firme e contundente na entrevista. Contudo, quando esta
foi publicada, parece que o clérigo recebeu uma reprimenda do bispo parnaibano,
porque tentou desdizer algumas frases da entrevista, quando na verdade tudo
estava documentado na fita magnética, sem que tenha havido erro na transcrição.
Dom Hélder Câmara era outro bispo que admirávamos, tanto por sua posição
política, como por sua coerência e modo de vida.
É considerado um dos primeiros
habitantes e um dos fundadores de São Félix do Araguaia Severiano Neves, irmão
do pai de Fátima, minha mulher. Quando a cidade não existia, ele montou sua
residência na localidade, e depois empreendeu uma viagem ao Piauí à procura de
novos habitantes, dando início ao povoamento do lugar.
Colho na internet, na Wikipédia, a
seguinte informação: “Em 23 de maio de 1941, desembarcava no rio Araguaia, em
território mato-grossense, a família de Severiano Neves, acompanhada de outras
famílias provenientes do estado do Pará, em busca de um futuro melhor.
Iniciando-se assim um novo povoado, próximo a santa Izabel do Morro, antiga
morada dos índios Carajás, habitantes milenares do rio Araguaia e da Ilha do
Bananal. A denominação de São Félix foi dada pelo Bispo D. Sebastião Thomaz
Câmara no dia 20 de novembro de 1942.”
Quando a localidade passou a
município, foi Severiano Neves o seu primeiro prefeito. Segundo informação de
minha mulher, ele nasceu em Buriti dos Lopes – PI, no povoado Várzea do Simão,
filho de Simão Pedro e Firmina.
17 de fevereiro de 2010
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