FOI-SE A COPA? (*)
Antonio Gallas
Perdemos a copa outra vez! Daqui
a quatro anos, novas emoções! Pelo menos durante esse período em que se realizavam os jogos desta copa o povo
brasileiro esqueceu as mazelas políticas, os roubos, os assaltos, os crimes no
Rio de Janeiro deixaram de ser as notícias principais da mídia.
Agora vem outro engodo, outra
enganação: a eleição de outubro próximo.
Mas, por que perdemos esta
copa? Se os nossos craques, maioria sem
estudo ou formação universitária recebem salários astronômicos e figuram entre
os jogadores mais bem pagos do mundo? Vejam: os goleiros Ederson e Alysson
ganham respectivamente 300 e 400 mil por mês, enquanto que o meio-campo
Phillippe Coutinho que atua pelo Barcelona da Espanha recebe uma quantia de 4,5
(quatro e meio) milhões de reais por mês. Uma disparidade com relação aos
goleiros. Já o grande craque das caidinhas, Neymar, ganha o maior salário de todos os jogadores: 12
milhões de Reais por mês, sem se falar nos patrocínios de roupa, calçados e outras
coisas mais...
Em copas anteriores os atletas
brasileiros não tinham esses salários altos, a mídia era restrita ao rádio e
não existiam locutores bajuladores de certo craque como vemos hoje nos canais
de televisão que transmitem os jogos da copa.
Jogadores como Pelé, Garrincha, Ademir da Guia, Milton Santos, Gerson,
Tostão, Jairzinho e muitos outros vestiam a camisa verde-amarela com orgulho,
por amor à pátria e não pelo dinheiro.
Hilderaldo Luís Bellini, o capitão da Seleção Brasileira de Futebol
passeando com Édson Arantes do Nascimento ( o nosso famoso Pelé) em uma rua da
Suécia após a conquista do primeiro título mundial, em 1958. Sem alardes, sem
Galvão Bueno para ficar falando o nome a cada minuto e sem salários
milionários.
Eu tinha apenas oito anos e
acompanhava os jogos pelo rádio na narração do locutor Valdir Amaral da Rádio
Globo do Rio de Janeiro.
Vieram outras copas, mas quem já
tinha conhecimento na época, a que marcou em todos foi a Copa de 1970. O capitão foi Carlos Alberto Torres e a
estrela de Pelé brilhou mais uma vez. Saímos tri campeões mundiais e ganhamos definitivamente
a taça Jules Rimet. Naquela época, eu morava em São Luis e o único canal de
Televisão do Maranhão (TV DIFUSORA) não transmitia os jogos ao vivo. Um vídeo-tape
vindo de São Paulo através da VASP (empresa aérea existente na época) era
exibido no dia seguinte ou às vezes no mesmo dia porque a programação da TV só
se estendia até meia noite. Parnaíba e Teresina já desfrutavam deste privilégio
graças à inteligência e ousadia de um engenheiro parnaibano chamado Alberto
Silva que trouxe o sinal da TV Clube do Ceará, através de uma repetidora
montada no morro do Chapéu, nas proximidades de Luzilândia.
Então, formamos um grupo e
rumamos para Teresina com a finalidade de ver a final da copa quando o Brasil ganhou
da Itália por 4 a 1. Sem Neymar, Sem Galvão prá bajular e sem salários altos,
repito.
E como disse o poeta parnaibano
Diego Mendes Sousa: "Se cultuarmos o livro, ao invés, de falsos mitos
(Neymar, Safadão etc), este Brasil será maior".
(*) Poema de Carlos Drumond de Andrade em
24/06/1978 após o Brasil ter sido desclassificado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário