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PROPAGANDA DA EMPULHAÇÃO
IDEOLÓGICA
José Maria Vasoncelos
cronista,
josemaria@hotmail.com
Comentário geral, nas rodas amigas,
repete o mesmo bordão: “Mentira! Mentira!” Basta aparecerem as imagens de um
Piauí idílico, edênico, pastoril, industrial, enfim um paraíso de leite e mel:
todas as estradas asfaltadas, escolas de tempo integral, produção agrícola
milagrosa, merenda escolar farta, energia produzida por placas solares e
moinhos de vento, desenvolvimento nunca visto no país... E por aí vai o circo
das peraltices e risonhas acrobacias, governador no alto do picadeiro,
assombrando o Brasil e coitados cidadãos de fé em aparições de padim Ciço.
Gente simples, sem o mínimo senso crítico para perceber que a propaganda que
explora o empreendedorismo de empresários que vieram para o Piauí, para
investir maciçamente sem levantar cuia para governante. No agronegócio,
enfrentando estradas esburacadas, sem o mínimo de asfalto, atormentados por
impostos abusivos, combustíveis mais caros do Nordeste. A propaganda cala as
mazelas palacianas, enaltecendo o sucesso dos desbravadores.
A propaganda da empulhação segue o
mesmo paradigma das ditaduras comunistas: exibir um Estado paradisíaco e
faz-de-conta para engabelar cidadãos “tabulas rasas”, que, segundo o filósofo
inglês, John Locke, todo ser humano nasce sem nenhum conhecimento, comparado a
tábula rasa (mesa lisa medieval), que só evolui com a educação. Quando não
recebe educação construtiva, segue o instinto animal de submissão a quem lhe dá
uma raçãozinha, como se fosse uma bolsa de estudo. Lembra ou não povinho
desassistido do sertão, reféns de engravatados políticos e chefes de currais
eleitorais? Os tabulas rasas veem nesses ratos a esperança de dias melhores com
tigela de comida, passagem para visitar a família, a consulta médica, o remédio
para a doença. Pronto, a sedução está montada: o político pode ser mafioso,
corrupto, ladrão das verbas públicas, “isso é invenção dos adversários”.
A propaganda da engabelação não
resiste às consciências das sociedades civilizadas. O que é isso, qual a
tradução? Civilidade vem do termo latino CIVES, CIVILIS, cidade, conjunto de
habitantes com a capacidade de saber como viver em sociedade, respeitando-se e
levando-se em consideração o resto dos indivíduos que a compõem, seguindo
regras que variam de acordo com a cultura do grupo. Civismo requer
responsabilidades, deveres e obrigações, a começar pela família. Pessoas
civilizadas agem dentro das leis, combatem as que afrontam princípios da
dignidade, votam em cidadãos comprometidos com o social e construção da pátria.
Ladrões, corruptos, engabeladores não merecem voto de eleitores que se dizem
civilizados. Gestores e lideranças políticas devem ser escorraçados da vida
pública. Rapinas das verbas públicas não se comovem com a falta de merenda
escolar, atendimento hospitalar, segurança. Esses malandros negam repasses e
correções salariais a médicos, professores, policiais, encontram sempre a
desculpa da “lei de responsabilidade fiscal”, mas são generosos em distribuir
cargos e comissões a puxa-sacos. Dinheiro não falta nem para propaganda enganosa.
Falta vergonha na cara, propaganda honesta e transparente.
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