sexta-feira, 6 de julho de 2018

PROPAGANDA DA EMPULHAÇÃO IDEOLÓGICA

Fonte: Google


PROPAGANDA DA EMPULHAÇÃO IDEOLÓGICA

José Maria Vasoncelos
cronista, josemaria@hotmail.com
  
         Comentário geral, nas rodas amigas, repete o mesmo bordão: “Mentira! Mentira!” Basta aparecerem as imagens de um Piauí idílico, edênico, pastoril, industrial, enfim um paraíso de leite e mel: todas as estradas asfaltadas, escolas de tempo integral, produção agrícola milagrosa, merenda escolar farta, energia produzida por placas solares e moinhos de vento, desenvolvimento nunca visto no país... E por aí vai o circo das peraltices e risonhas acrobacias, governador no alto do picadeiro, assombrando o Brasil e coitados cidadãos de fé em aparições de padim Ciço. Gente simples, sem o mínimo senso crítico para perceber que a propaganda que explora o empreendedorismo de empresários que vieram para o Piauí, para investir maciçamente sem levantar cuia para governante. No agronegócio, enfrentando estradas esburacadas, sem o mínimo de asfalto, atormentados por impostos abusivos, combustíveis mais caros do Nordeste. A propaganda cala as mazelas palacianas, enaltecendo o sucesso dos desbravadores.

         A propaganda da empulhação segue o mesmo paradigma das ditaduras comunistas: exibir um Estado paradisíaco e faz-de-conta para engabelar cidadãos “tabulas rasas”, que, segundo o filósofo inglês, John Locke, todo ser humano nasce sem nenhum conhecimento, comparado a tábula rasa (mesa lisa medieval), que só evolui com a educação. Quando não recebe educação construtiva, segue o instinto animal de submissão a quem lhe dá uma raçãozinha, como se fosse uma bolsa de estudo. Lembra ou não povinho desassistido do sertão, reféns de engravatados políticos e chefes de currais eleitorais? Os tabulas rasas veem nesses ratos a esperança de dias melhores com tigela de comida, passagem para visitar a família, a consulta médica, o remédio para a doença. Pronto, a sedução está montada: o político pode ser mafioso, corrupto, ladrão das verbas públicas, “isso é invenção dos adversários”.

         A propaganda da engabelação não resiste às consciências das sociedades civilizadas. O que é isso, qual a tradução? Civilidade vem do termo latino CIVES, CIVILIS, cidade, conjunto de habitantes com a capacidade de saber como viver em sociedade, respeitando-se e levando-se em consideração o resto dos indivíduos que a compõem, seguindo regras que variam de acordo com a cultura do grupo. Civismo requer responsabilidades, deveres e obrigações, a começar pela família. Pessoas civilizadas agem dentro das leis, combatem as que afrontam princípios da dignidade, votam em cidadãos comprometidos com o social e construção da pátria. Ladrões, corruptos, engabeladores não merecem voto de eleitores que se dizem civilizados. Gestores e lideranças políticas devem ser escorraçados da vida pública. Rapinas das verbas públicas não se comovem com a falta de merenda escolar, atendimento hospitalar, segurança. Esses malandros negam repasses e correções salariais a médicos, professores, policiais, encontram sempre a desculpa da “lei de responsabilidade fiscal”, mas são generosos em distribuir cargos e comissões a puxa-sacos. Dinheiro não falta nem para propaganda enganosa. Falta vergonha na cara, propaganda honesta e transparente.   

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