quarta-feira, 4 de julho de 2018

JÁ FOI À BAHIA? NÃO? ENTÃO, VÁ!

Fonte: Google/UOL Esporte


JÁ FOI À BAHIA? NÃO? ENTÃO, VÁ!

Antônio Francisco Sousa 
Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com     

            Ex-goleiro, Peter Schmeichel, da seleção dinamarquesa de futebol, diante do episódio em que o jogador do México, Miguel Layún, fora das quatro linhas do gramado, com a bola não em jogo, propositadamente, pisa no tornozelo de Neymar, critica, não a atitude ou injustificado ato de violência promovido pelo truculento boleiro, mas a suposta encenação, dramatização do atleta brasileiro – eleito o melhor em campo, naquela partida -, ao se contorcer, dando a impressão de que sentia dor muito além da que o ex-goleiro imaginava ser possível. Disse, na oportunidade, talvez achando que estaria, não só dando vazão a seu direito de reclamar, mas, prestando um serviço de utilidade pública global e aproveitando, quem sabe, a oportunidade para obter um tantinho de fama às custas do craque brasileiro, que reclamaria à FIFA pedindo punição ao jogador, em razão do exagero na teatralização do pisão por ele sofrido, alegando que tal ato teatral, certamente, ao ser visto e replicado por milhões de pessoas ao redor do mundo, entre elas, crianças, poderia influenciá-las, negativamente.

            No curso de seu arrazoado de ser humano sensitivo incontestável, o ex-quíper, em nenhum momento, fez questão de discutir a agressão do mexicano. Duvidamos muito de que, acontecendo em solo dinamarquês, atitude semelhante seja considerada coisa normal. Pisar, agredir, covardemente, qualquer que seja a força ou intensidade aplicada na ação, atleta durante prática desportiva, precisa ser coibido por um motivo muito simples: isso, verdadeiramente, não é exemplo de tal prática. Quanto à dor sofrida pela vítima em razão da violência contra ela cometida, não cabe, mesmo a um sensitivo avaliar, porque ninguém sabe mais da própria dor do que quem a sente. A propósito e, reiterando: ainda que ele, Neymar, não tivesse sentido dor nenhuma, ação antidesportiva de atleta, dentro ou fora do campo de jogo, com ou sem a bola em movimento, deverá e precisará, caro senhor Peter Schmeichel, ser punida e com rigor, sempre, em qualquer lugar que vier a acontecer.

            Outra loa de autoria do ex-goleiro dinamarquês e que soou controversa, dicotômica, senão demagógica: segundo ele, nem Cristiano Ronaldo nem Lionel Messi jamais encenaria, como faz Neymar, se sofresse violência igual: é que, conforme entendimento do ex-atleta, eles aprenderam bem cedo que isso não deve ser feito. Como desconfiamos de que o crítico, apesar de boquirroto e intrometido, não é de todo idiota, tanto quanto qualquer um que assiste e vê partidas de futebol em que atuam os três atletas – Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi – sabe que nenhum deles é tão cassado, chutado, empurrado, agredido – por muito pouco não lhe quebraram a coluna em dois e mil e quatorze, alijando-o, definitivamente, do futebol -  durante o tempo em que estão atuando, quanto o brasileiro. Se o nosso é porque prefere, quer, pode, tem técnica, categoria, enfim, recursos suficientes para jogar e driblar à vontade, resta aos árbitros, senhor Peter Schmeichel, a menos que Neymar cometa falta de jogo, violência ou algum tipo de agressão física, punir, sim, aqueles que usarem de artifícios truculentos ou antijogo, na tentativa de evitar que ele exerça sua arte, que é o legítimo futebol brasileiro, razão pela qual foi contratado pelas equipes em que atuou e atua. Quem não sabe jogar, que vá para a arquibancada torcer por quem sabe.

            Concluindo: é bem provável, senhor Peter Schmeichel, que as crianças, inclusive as dinamarquesas, ao virem cenas de sofrimento, vividas por Neymar, o maior jogador brasileiro em atividade, ou qualquer outro atleta com técnica, talento e carisma semelhantes, entendam ou queiram saber o que os teria feito lamentarem-se ou se contorcerem; percebendo que a dor – a que eles estariam sentindo – resultara de uma atitude violenta ou ato não desportivo cometido por colega de profissão, desqualificado tecnicamente, certamente, se solidarizarão com a vítima.  Adultos não idiotizados e os que gostam do esporte praticado com lisura e respeito, também.

            Finalizando. Como diria mestre Chico Anísio: Peter Schmeichel, o senhor não parece má pessoa, até tem um filho goleiro tão bom quanto foi vossa senhoria no passado, mas pare de dar pitaco na vida dos outros. Quer mesmo ir à Federação Internacional de Futebol (FIFA) reclamar, conjeturar? Fique à vontade. Outrossim, se ainda não foi à Bahia, vá, antes!             

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