Fonte: Google/UOL Esporte |
JÁ FOI À BAHIA? NÃO? ENTÃO, VÁ!
Antônio Francisco Sousa
Ex-goleiro, Peter Schmeichel, da
seleção dinamarquesa de futebol, diante do episódio em que o jogador do México,
Miguel Layún, fora das quatro linhas do gramado, com a bola não em jogo,
propositadamente, pisa no tornozelo de Neymar, critica, não a atitude ou injustificado
ato de violência promovido pelo truculento boleiro, mas a suposta encenação,
dramatização do atleta brasileiro – eleito o melhor em campo, naquela partida -,
ao se contorcer, dando a impressão de que sentia dor muito além da que o
ex-goleiro imaginava ser possível. Disse, na oportunidade, talvez achando que estaria,
não só dando vazão a seu direito de reclamar, mas, prestando um serviço de
utilidade pública global e aproveitando, quem sabe, a oportunidade para obter
um tantinho de fama às custas do craque brasileiro, que reclamaria à FIFA
pedindo punição ao jogador, em razão do exagero na teatralização do pisão por
ele sofrido, alegando que tal ato teatral, certamente, ao ser visto e replicado
por milhões de pessoas ao redor do mundo, entre elas, crianças, poderia
influenciá-las, negativamente.
No curso de seu arrazoado de ser
humano sensitivo incontestável, o ex-quíper, em nenhum momento, fez questão de discutir
a agressão do mexicano. Duvidamos muito de que, acontecendo em solo
dinamarquês, atitude semelhante seja considerada coisa normal. Pisar, agredir, covardemente,
qualquer que seja a força ou intensidade aplicada na ação, atleta durante
prática desportiva, precisa ser coibido por um motivo muito simples: isso,
verdadeiramente, não é exemplo de tal prática. Quanto à dor sofrida pela vítima
em razão da violência contra ela cometida, não cabe, mesmo a um sensitivo avaliar,
porque ninguém sabe mais da própria dor do que quem a sente. A propósito e,
reiterando: ainda que ele, Neymar, não tivesse sentido dor nenhuma, ação
antidesportiva de atleta, dentro ou fora do campo de jogo, com ou sem a bola em
movimento, deverá e precisará, caro senhor Peter Schmeichel, ser punida e com
rigor, sempre, em qualquer lugar que vier a acontecer.
Outra loa de autoria do ex-goleiro
dinamarquês e que soou controversa, dicotômica, senão demagógica: segundo ele,
nem Cristiano Ronaldo nem Lionel Messi jamais encenaria, como faz Neymar, se
sofresse violência igual: é que, conforme entendimento do ex-atleta, eles
aprenderam bem cedo que isso não deve ser feito. Como desconfiamos de que o
crítico, apesar de boquirroto e intrometido, não é de todo idiota, tanto quanto
qualquer um que assiste e vê partidas de futebol em que atuam os três atletas –
Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi – sabe que nenhum deles é tão cassado,
chutado, empurrado, agredido – por muito pouco não lhe quebraram a coluna em
dois e mil e quatorze, alijando-o, definitivamente, do futebol - durante o tempo em que estão atuando, quanto o
brasileiro. Se o nosso é porque prefere, quer, pode, tem técnica, categoria,
enfim, recursos suficientes para jogar e driblar à vontade, resta aos árbitros,
senhor Peter Schmeichel, a menos que Neymar cometa falta de jogo, violência ou
algum tipo de agressão física, punir, sim, aqueles que usarem de artifícios
truculentos ou antijogo, na tentativa de evitar que ele exerça sua arte, que é o
legítimo futebol brasileiro, razão pela qual foi contratado pelas equipes em
que atuou e atua. Quem não sabe jogar, que vá para a arquibancada torcer por
quem sabe.
Concluindo: é bem provável, senhor
Peter Schmeichel, que as crianças, inclusive as dinamarquesas, ao virem cenas
de sofrimento, vividas por Neymar, o maior jogador brasileiro em atividade, ou
qualquer outro atleta com técnica, talento e carisma semelhantes, entendam ou
queiram saber o que os teria feito lamentarem-se ou se contorcerem; percebendo
que a dor – a que eles estariam sentindo – resultara de uma atitude violenta ou
ato não desportivo cometido por colega de profissão, desqualificado
tecnicamente, certamente, se solidarizarão com a vítima. Adultos não idiotizados e os que gostam do
esporte praticado com lisura e respeito, também.
Finalizando. Como diria mestre Chico
Anísio: Peter Schmeichel, o senhor não parece má pessoa, até tem um filho
goleiro tão bom quanto foi vossa senhoria no passado, mas pare de dar pitaco na
vida dos outros. Quer mesmo ir à Federação Internacional de Futebol (FIFA)
reclamar, conjeturar? Fique à vontade. Outrossim, se ainda não foi à Bahia, vá,
antes!
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