Poeta Jamerson Lemos. Fonte: Google |
Jamerson Lemos Jr., médico e filho do poeta |
Meu amigo e
poeta Jamerson Lemos (*)
Elmar Carvalho
De manhã fui olhar parte de
minha biblioteca, que fica em outra dependência da casa. Logo dei de cara com o
livro Sábado Árido, de meu saudoso amigo Jamerson Lemos, poeta visceral, de
muita sensibilidade e criatividade.
Jamerson era poeta todo dia, o
dia todo. O opúsculo já está maltratado pelas intempéries do tempo, e levemente
roído nas bordas das páginas pela irreverência e iconoclastia das traças, que
não respeitam nem as boas nem as más obras. As traças não se importam com o
teor do livro, mas apenas com o sabor do papel. É um pequeno grande livro.
Claro, pequeno no tamanho, grande na qualidade literária.
Foi publicado em 1985. Em
dedicatória datada do ano seguinte, o bardo escreveu: “Ao meu irmão Elmar
Carvalho o sol do meu dia-a-dia, com o meu abraço”. Entre outras pessoas de sua
amizade e admiração, dedicou-o a sua esposa, Maria das Dores, e a seus filhos
Jamerson Júnior, hoje médico, e Ceres Josiane, formada em Direito.
Transcrevo o que dele disse A.
Tito Filho: “Li, com entusiasmo, SÁBADO ÁRIDO, poemas em que Jamerson Lemos
procura captar o essencial da vida. Os versos curtos são notavelmente rítmicos.
O pensamento é íntimo e nostálgico, ideológico, mas sempre verdadeiro, pleno de
angústias vitais”.
Nada tenho a acrescentar à
consideração crítica do mestre, exceto que concordo com ele em gênero, número e
grau, para usar uma expressão surrada e gasta. A maior homenagem que se pode
prestar a um poeta é ler ou recitar os seus versos. Jamerson é um poeta para
ser lido e recitado, por causa da qualidade do conteúdo e da melodia de seus
versos.
Merece, com urgência, ser
reeditado, para ser lido, meditado e “degustado”.
27 de fevereiro de 2010
(*) Faz dez anos que Jamerson Moreira de Lemos morreu, aos 62 anos de idade, posto que nasceu em 22-12-1945, em Recife (PE), e faleceu em 5-8-2008,
em Teresina. Tendo deixado sua terra natal, viveu alguns anos em São Luís (MA).
Jamerson Lemos foi da geração dos anos 60 – CLIP (Circulo Literário Piauiense).
Além de sua participação na vida cultural piauiense, recebeu dois prêmios
importantes, em nosso estado: um da Academia Piauiense de Letras e outro da
Fundação Cultural do Piauí, ambos de poesia. Desta forma, é impossível que o
Piauí não o reconheça como um de seus grandes poetas, aliás um dos mais
singulares, como consta de “A Poesia Piauiense no Século XX”, antologia
organizada por Assis Brasil, Editora Imago, Rio, 1995.
Fico feliz em ver o quanto era grande a amizade do grande poeta Elmar Carvalho e o meu irmão Jammerson Lemos.
ResponderExcluirCaro Jorge Câmara,
ResponderExcluirQuando o poeta Jamerson, creio, em meado da década de 1980. A partir de 1986 nos víamos com frequência, nas reuniões semanais da União Brasileira de Escritores do Piauí – UBE-PI, da qual fomos um dos ativadores, sob a presidência do poeta Francisco Miguel de Moura. Também, a partir dessa época, nos encontrávamos nos eventos literários e culturais de Teresina, alguns promovidos pela UBE-PI, outros pela Academia Piauiense de Letras. Conversamos algumas vezes no Bar do Mauri, também chamado de bar do poeta ou bar do repórter, por causa da quantidade de intelectuais e jornalistas que o frequentavam. Fui várias a seu sítio em Timon, onde tomávamos gostosos banhos no riacho Gameleira. Falávamos, sobretudo, de poesia e literatura em geral. Algumas vezes o poeta, com seu sotaque de recifense, com grande talento, recitava seus belos poemas. Raras vezes eu revidava, dizendo alguma de minha autoria. Sinto saudade desse grande poeta, que não podia deixar de ser poeta porque nascera para ser poeta, e tinha a poesia entranhada em sua alma como algo poderoso e de que ele, mesmo se o quisesse, não poderia se desvencilhar.
No comentário acima, em lugar de quando, leia-se conheci.
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