Caxias (MA) Fonte: Google |
Capitão Severino José Teixeira
Reginaldo Miranda
Segundo anotou o senhor José
Orsano Brandão, no ensaio sobre Colinas, que publicou no XV volume da
Enciclopédia Brasileira dos Municípios (Rio: IBGE, 1959), a influente família
Teixeira que ali fincou raízes ainda nos primórdios de fundação daquela cidade,
é oriunda de Caxias, descendente do comendador Antônio José Teixeira.
Porém, nada encontramos sobre
esse genearca daquela geração, embora tenhamos encontrado dados sobre outros
mais antigos, inclusive o comendador Caetano José Teixeira, que vindo da cidade
do Porto, em Portugal, na década de 1780, se estabeleceu comercialmente na
litorânea vila de Alcântara, de onde seus descendentes adquiriram sesmarias no
vale do rio Mearim. Comerciantes de grosso trato que eram esses de Alcântara,
possivelmente mais tarde alguns estabeleceram suas casas comerciais na próspera
vila de Aldeias Altas, depois cidade de Caxias, no centro-leste maranhense,
inclusive o comendador Antônio José Teixeira, genitor dos cofundadores de
Colinas.
O certo é que em meados do século
XIX eram atuantes no Alto-Itapecuru, os irmãos Rodrigo José Teixeira,
comerciante, capitão da guarda nacional e membro de uma sociedade
abolicionista; Joaquim José Teixeira e Severino José Teixeira, aquele bacharel
pela Faculdade do Recife (turma de 1862), magistrado e deputado provincial,
este um rábula muito inteligente e perspicaz, tudo indicando que também ali
estudara e por algum motivo não concluíra o curso (Publicador Maranhense,
9.1.1875).
Era o capitão Severino José
Teixeira, sócio-instalador da Sociedade Beneficente Caxiense, instalada em 20
de setembro de 1863 e dissolvida em 24 de março de 1878 (O Paiz, 6.6.1878).
Foi um advogado provisionado de
largo conceito e muito atuante nos fóruns maranhenses. Lemos no jornal
Cruzeiro, de São Luiz do Maranhão, a seguinte nota sobre a defesa que fez aos
acusados de rumoroso caso de assassinato que abalou a cidade de Mirador, no
centro-leste maranhense:
“No encerramento da formação da
culpa, o advogado dos pretendidos cúmplices, capitão Severino José Teixeira,
alegou com suas razões bem fundamentadas a necessidade de prazo para produzir e
instruir a defesa de seus constituintes, porém o juiz apenas concedeu dous
dias” (Cruzeiro, 5.7.1884).
Muitos outros registros de sua
atuação nos fóruns maranhenses, sobretudo no Alto-Itapecuru, consta em diversos
órgãos da imprensa (Pacotilha, 29.1.1886; 6.7.1887; O Paiz, 6.9.1884;
31.7.1885; 3.12.1885; 6.5.1886).
Com a criação do município e vila
de Picos, hoje Colinas, pela lei provincial n.º 879, de 4 de janeiro de 1870, foi
ele nomeado para o cargo de subdelegado de polícia (4º distrito).
Ingressando na política filou-se
ao Partido Liberal e foi eleito vereador da câmara municipal de Picos, para o
quatriênio 1873-1877. Desavindo-se naquela agremiação partidária, candidatou-se
a deputado provincial no pleito travado em 1879, pela legenda do Partido
Conservador, não logrando, porém, êxito. Com a Proclamação da República,
filiou-se ao Partido Federalista e depois ao Partido Republicano, este último
liderado por Benedito Leite(Publicador Maranhense, 18.11.1879; O Paiz,
23.7.1880; Diário do Maranhão, 24.9.1879; 18.11.1879; 22.2.1896).
Na Guarda Nacional alcançou o
posto de capitão
Em julho de 1875, foi nomeado
para o cargo de promotor público da comarca de Pastos Bons (Diário do Maranhão,
7.7.1875; 26.1.1876).
Mais tarde, em outubro de 1885,
foi nomeado para o cargo de promotor público da comarca de Loreto, onde
permaneceu até princípio do ano de 1889, quando foi removido para a de
Carolina, de onde foi exonerado em julho de 1889. Em 2 de maio de 1890, foi
novamente nomeado para a promotoria pública da comarca de Loreto, tomando posse
em 25 de agosto. Em 5 de fevereiro de 1892, Severino José Teixeira foi nomeado
promotor público da comarca do Alto-Itapecuru, assumindo as funções em 26 de
fevereiro do mesmo ano. Por algum motivo exonerado, foi novamente nomeado para
o mesmo cargo em 17 de abril de 1893 (Pacotilha, 19.7.1889; O Paiz, 19.10.1885;
Diário do Maranhão, 28.12.1888; 3.12.1890; 31.5.1893).
Homem de formação acima da média,
com elogiada atuação jurídica, foi ativo intelectualmente em sua região, onde
fundou dois órgãos de imprensa, sendo o jornal O Republicano em 1896 e Epocha,
em 1898:
“Cidade de Picos – Apareceu um
novo órgão de publicidade – O Republicano – redigido pelo capitão Severino José
Teixeira, o qual será órgão do partido de que tirou o nome” (Diário do
Maranhão, 29.10.1896).
“Chegou-nos às mãos o n. 2 da
‘Epocha’, órgão do Partido Republicano no Alto Itapecuru, e de que são
redactores os capitães Severino José Teixeira e João Cândido F. Lima. É do dia
19 passado o número citado. Publica-se três vezes por mez” (Diário do Maranhão,
15.7.1898).
O capitão Severino José Teixeira,
foi casado com d. Francisca do Vale Porto Teixeira, falecida em 17 de abril de
1882, na cidade de Picos, hoje Colinas, filha de Zacharias do Vale Porto, de
cujo consórcio deixou alguns filhos, entre esses: Antônio José Teixeira,
afilhado de João da Matta de Moraes Rego (Diário do Maranhão, 21.4.1882;
Pacotilha, 24.5.1991); e d. Florinda Teixeira Nunes, que fora casado com o
agricultor Deolindo José Nunes, e mudou seu domicílio para a localidade
Salinas, no termo de Oeiras e, depois de 1900, fixou-se na vila hoje cidade de
Regeneração, ambas no Piauí, onde deixou ilustrada descendência.
Não encontramos a data de óbito
do capitão Severino José Teixeira, mas deixamos essas notas para a
reconstituição de sua biografia.
__________________
*REGINALDO MIRANDA, autor de
diversos livros e artigos, é membro efetivo da Academia Piauiense de Letras, do
Instituto Histórico e Geográfico do Piauí e do Tribunal de Ética e Disciplina
da OAB-PI. Atual presidente da Associação de Advogados Previdenciaristas do Piauí
Contato: reginaldomiranda2005@ig.com.br
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