segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A Zona Planetária - Urano

Fonte: You Tube/Google


URANO

Elmar Carvalho

Poema épico moderno, inspirado no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a mitologia greco-romana, a astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona Planetária cada um dos lupanares ostentava na fachada o nome e a imagem de seu planeta correspondente, entre os quais Saturno e seus anéis. Irei, no blog, publicando cada uma das dez unidades desse relativamente longo poema. 

Filho do Caos, Urano, o firmamento,
com seu longo manto de
estrelas, jóias falsas e ilusão
uniu-se a Gaia, a Terra, também
concebida pela gênese do Caos,
de cuja união nasceram os filhos
que Urano prendia novamente
no quente ventre da Terra.
Mutilado por Saturno
a brandir a harpe
ceifadora da lascívia
pendurou as chuteiras
nas tetas caídas das Harpias.
A velhice também é harpe
nos velhinhos de libido carcomida.
Urano, pai dos Titãs,
dos desejos tão temidos, tão terríveis,
dos Ciclopes cegos das paixões,
dos ciclones dos desvarios.
Pela atmosfera azulada de Urano,
das neblinas opacas, opalas pálidas,
das inclinações perigosas
do eixo das paixões,
as cortesãs desencaminham
os castos hierofantes do passado.
Desvendar as Esfinges
de luzes frígidas e de
sombras cálidas somente
nos labirintos das circunvoluções
dos cérebros dos amantes
ou compartimentos secretos
dos corações desenganados
                               desengrenados            
pelas paixões desgovernadas.
Suas pequenas luas pastoras
     – entrelaçando –
com as suas as órbitas
dos anéis, fazem amor em
suas rondas – rotas de
diligente trottoir
de cortesãs se(x)quiosas
de cortesãs do sexo ciosas.
Por um buraco negro a
esquisita Miranda espia Umbriel,
escuro satélite – mundo morto
espremido em menage troir entre
as frenéticas Titânia e Ariel.
Nas alcovas de luzes negras
o amor é um mistério de sexos
que se amam e se querem devorar.   

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